/ - XIII

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_ Você está bem?

De novo aquela mesma pergunta? Abro os olhos com certa dificuldade, o ambiente é muito claro, mas... já amanheceu? Eu dormi mesmo tanto assim? Tento me lembrar do que aconteceu, bebidas, carro, baixinho...

_ Khaotung!

Levanto de uma só vez e sinto minha cabeça girar muito rápido, sinto uma mão na minha testa e tento acostumar a vista, dois olhos pequenos preocupados me observavam, olho ao redor, estou em uma cama enorme, em um quarto enorme, a janela com as cortinas abertas indicam que ainda não amanheceu lá fora, como eu cheguei até aqui? Porque eu estou aqui?

_ Você está...

_ Chega de fazer essa maldita pergunta! - me viro pra ele que não muda a expressão de precoupação - eu não estou bem, não é meio nítido isso?

Ele dá um meio sorriso e me estende uma garrafa d'água, olho para a garrafa...

" - First, não faça nada que possa se arrepender depois... "

Essa frase ecoa na minha cabeça por algumas vezes

_ Você deveria descansar, vou ficar em outro quarto...

Ele se levanta da cama, mas o reflexo me faz segurar seu braço, algo aconteceu e eu não posso ficar com essa dúvida

_ Baixinho...

Ele continua de costas

_ O que...

Ouço ele respirar fundo, mas não se vira pra mim

_ Você não se lembra?

" O que eu deveria lembrar? "

_ Lembro que você me levou para o seu carro...

_ E?

_ E ... estávamos lá sentados no banco da frente...

" Sinto meu coração bater estranhamente rápido, ele acompanha os batimentos do coração do outro que está a poucos centímetros de distância de mim, vejo a saliva sendo engolida e acompanho o movimento da garganta, o que estou fazendo? Os lábios levemente rosados, a respiração descompassada, respiro fundo uma última vez antes de... "

_ Eu te beijei?

Meu grito saiu mais alto do que planejei, solto o braço dele que permanece de costas

_ Está arrependido?

A voz dele sai baixa, quase que como um sussuro

" Eu estou arrependido? "

Não consigo responder a essa pergunta, não agora

_ Posso dormir um pouco mais?

Ouço ele puxar o ar com força

_ Me desculpe First, eu não deveria ter feito isso, afinal você estava bebado...

_ Eu...

Ele sai do quarto, sem olhar pra trás, sem bater a porta, só sai, me deixando ali sozinho perdido em meus pensamentos, me deito e levo os dedos aos lábios

" Não sei se era o efeito do álcool, o clima no carro, ou simplesmente a vontade de beijá-lo, um simples movimento e os nossos lábios se tocaram, nossos corpos estremecem, minha mão que estava em seu rosto desliza para o seu pescoço e sinto o calor de seu corpo, ele está fervendo, sinto a mão dele na minha nuca, a língua pede passagem e eu a recebo de bom grado, o sabor doce invade minha boca, ele não estava tomando whisky? Porque tão doce? Aperto seu pescoço enquanto exploro cada canto da boca doce, meus dedos adentram seus cabelos macios e ouço o gemido baixo, sorrio e mordo seus lábios de leve, volto a beijá-lo, dessa vez com mais calma, sem pressa, quero apreciar aquele gosto tão bom, não consigo pensar em nada naquele momento, estou concentrado no que está acontecendo naquele momento, nossos lábios se separam quando nos falta o ar, sorrio e passo a mão naquele rosto antes de perder os sentidos e apagar no banco do carro "

Continuo olhando para o teto do quarto, o sabor dele ainda está na minha boca, balanço a cabeça em negativa e me viro olhando para janela

_ Que merda você fez dessa vez First!!!

Me repreendo várias vezes antes de dormir, os sonhos são confusos, beijos, carro, bebidas, futebol, e aquele baixinho, ele estava lá, a imagem um pouco embassada, mas o sabor era o mesmo, aquele mesmo gosto doce que mesmo sonhando eu conseguia sentir dominar minha boca, minha garganta, meu nariz, meu ser por completo, continuo me repreendendo em sonho, essa noite de sono não foi nada agradável.

_Bom dia...

Estou em pé no meio de uma sala enorme, acordei, fui a um banheiro que tinha ali mesmo dentro do quarto, lavei o rosto, esse baixinho era rico ou algo do tipo? Olhando pra ele não imaginava que a família dele era tão boa de vida, já que os meus pais era rivais dos dele no ramo de negócios e nós sempre estavamos no topo de tudo

_ Pode se sentar ali...

Ele me aponta uma mesa enorme, tudo era tão exageradamente grande nessa casa, sorrio com o pensamento, já que o dono era tão baixinho

_ Agradeço, mas já estou de saida!

Escuto um barulho alto de algo caindo, minhas pernas se movem na direção do baixinho que estava atrás de um balcão

_ Tudo bem por ai?

Ele está de costas recolhendo algo do chão, são ovos? Ele estava cozinhando pra mim? Me aproximo e agacho para ajudá-lo

_ Deixe comigo...

Ele afasta minha mão e continua olhando para o chão

_ Me desculpe baixinho... - ele para de recolher as coisas do chão, mas não levanta o rosto para me encarar - eu definitivamente não quis fazer aquilo, sinto muito mesmo...

Ele respira fundo e balança a cabeça concordando sem olhar diretamente pra mim

_ Não tem problema pé grande, estavamos bebados, isso não significou nada.

Respiro fundo aliviado e me levanto

_ Menos mal, agora vamos voltar a nossa vida normal, obrigado por ter me ajudado e me oferecido um teto para dormir, agora faça de conta que não me conhece como sempre foi!

_ E quem disse que eu te conheço pé grande?

Ele se levanta, despeja algo na pia e continua de costas, porque ele não olha pra mim?

_ A porta é logo a frente, faça de conta que nunca veio até aqui!

Eu sorrio e reviro os olhos

_ Eu sentiria vergonha de falar isso para qualquer pessoa que conheço!

Olho para tela do celular e confirmo meu carro que acabou de chegar, não me despeço, somente saio como se nunca estivesse realmente pisado naquele lugar, entro no carro sem olhar pela janela, coloco o cinto e olho pra frente rezando para que esse incidente tenha realmente tenha sido esquecido por aquele baixinho insuportável, esse era o tipo de erro que eu jamais iria cometer novamente.

Love in Four LinesWhere stories live. Discover now