[06] Banida

233 28 43
                                    

A garota tremia, seus olhos arregalados de medo enquanto os encarregados participantes do Conclave a cercavam. A maioria dos clareanos estavam presentes, alguns seguravam uma espécie de lança de madeira e outros seguravam empurradores cinco vezes maior que cada um que jazia ali. O ar úmido do labirinto pairava sobre eles e o vento forte vindo daquele lugar cinzento e monocromático assoprou nos cabelos dela mesmo quando não estava cem por cento perto,– toda a sua curiosidade pelo labirinto cessaram naquele mesmo instante, marcada pela ansiedade e pelo medo do que poderia acontecer após cruzar aquela fenda de pedra.
      
Uma lembrança constante da ameaça que aguardava além das paredes de pedra tingiam sua mente, fazendo-a sentir ainda mais medo. Ela sabia que havia quebrado uma das regras da Clareira, mas não podia se arrepender. Não era como se fosse matá-lo, apesar de ter tido vontade de arrancar os olhos de Murphy por conta do jeito que ele a encarava.
 
Atrás de todos os outros encarregados, Minho estava sendo segurado por outros clareanos aleatórios e esses o impedia de se aproximar dos outros encarregados. Ele estava vermelho, não concordava com o que estava acontecendo e mesmo que estivesse xingando Alby e os outros de todas as formas possíveis, o líder não se importava, Minho era importante para eles, e ele não arriscaria respondê-lo, então o manteve longe.

Alby olhou para ela com olhos duros.
— Você desobedeceu, fedelha.— Disse ele, sua voz cortante como uma lâmina.— Você cruzou a linha. Não podemos permitir isso.

Os outros encarregados permaneceram em silêncio, seus rostos impassíveis. Eles não eram mais amigos dela; eram apenas executores das leis da Clareira e ela era apenas uma intrusa, uma estranha que havia ousado desafiar as regras e iria pagar por isso, assim como outros pagaram.

— Eu não fui a única que bateu, ele também burlou essa regra, eu queria entender porquê...— Ela sussurrou.— Por que ele não foi banido também?

O líder balançou a cabeça.
— Não há espaço para perguntas aqui.— disse ele.— A Clareira é um lugar de sobrevivência. Não podemos nos dar ao luxo de sermos curiosos, nem muito menos rebeldes. A sua teimosia causou isso, ele terá a punição dele também, e você terá a sua.

Ela olhou para o labirinto além deles, as paredes altas e impenetráveis que se aproximavam cada vez mais, e então ela parou. Não sabia o que a esperava lá dentro, mas imaginava, pelo tanto de coisas que lhe diziam; criaturas terríveis, armadilhas, dualidade de vida ou morte, e o fim.

Ela não voltaria mais.
Seria levada pelos verdugos.
Estava condenada a morte.

— Você será banida.— Disse o careca.

Os outros encarregados a agarraram pelos braços para que ela voltasse a andar, arrastando-a em direção à entrada do labirinto. Ela se negou a ir e tentou por todas as suas forças se manter firme naquele maldito chão sem se mover, mas era inútil. Eles eram mais fortes, mais determinados e não hesitaram quando a empurraram e ela caiu de frente para a porta leste.

— Eu não ia matar ele, eu só perdi a cabeça por um segundo. Qual é, gente, vocês nunca perderam a cabeça antes? São tão perfeitos assim?? — Ela implorou em meio a lágrimas, enquanto olhava o líder.— Não completei um mês de clareira ainda, eu não quero ter meu nome riscado naquela parede, por favor!

Alby se manteve calado e não a respondeu mais. Se ele desse corda poderia voltar atrás e isso não era certo, por um momento ele se arrependeu de ter votado para que ela fosse banida, pois sabia que ela não era uma garota má, porém a maioria teria ganhado, ainda assim.

Ele se aproximou da garota e a puxou pela blusa para que ela se levantasse, então a empurrou para sua frente e fez todos olharem. Ela estava tão triste por aquela situação, era realmente de partir o coração. Não só ela, mas alguns dos garotos também pareciam tristes e tensos por estarem fazendo algo assim.

HEARTS IN THE RUN: THE MAZE RUNNER | MINHOOnde histórias criam vida. Descubra agora