Um príncipe

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Sinceramente, qualquer um poderia estranhar ao ver dois adultos indo até o caixa com pelucia, roupas de patinhos e um deles dentro do carrinho.
Mas isso não era um problema para nenhum dos dois, que fizeram as compras com tranquilidade. Enquanto Liam brincava com seu ursinho e suas outras pelúcias, Benjamim passava as compras e as colocava em caixinhas de papelão.

Ambos estavam tão tranquilos e acostumados um com o outro, que aquele era seu mundinho especial e pessoal.

Terminaram de passar as compras após Benjamim convencer um pequeno resmungão ceder o ursinho para o maior poder passa-lo no caixa.

Descobriram que o urso não era da loja, logo, sairia de graça.

Benjamim sorriu para o menor ao ouvir isso. Mas, por algum motivo o pequeno ficou emburrado, fez biquinho e desviou o olhar.

E após tudo estar guardadinho nas caixas e o ursinho ter sido devolvido para o menor, esse um pouco emburrado decidiu que iria andando até o carro.

Ele ergueu seus braços com um rostinho sério e fazendo biquinho, o maior sorriu um pouco preocupado e o levantou, tirando-o do carrinho e o abraçando.

"Vai andando pequeno? Tem certeza?"

O menor, olhou para o chão, cruzou os bracinhos e enseguida pegou suas três pelúcias:

"Tô Gandi' pá' anda..."

"Uhm, é? Meu pequeno consegue andar sozinho então? Mas não pode sair da minha vista, tá bom?"

~♡~

Enquanto andavam pela garagem, Ben Ben viu o biquinho do menor abrir um pouquinho e abafado pela música do estacionamento, em um tom baixinho o pequeno perguntou:

"Papai tá babo' com neném? Porque Liam pegou o ursinho de outro neném..."

O maior se surpreendeu, o pequeno não estava bravinho nem triste pelo ursinho ter sido tirado de seus braços no caixa, mas sim porque agora carregava o ursinho que era de outra criança.

"Porque você acha que estou bravo leãozinho? Você não sabia que o ursinho tinha dono, e... o ursinho esta sujinho, então provavelmente foi esquecido a um bom tempo aqui e o dono não veio buscá-lo mais."

O pequeno o olhou, ainda estava triste e com os olhinhos cheios de lágrimas.

"Mas... eu consegui ver ele no meio do quadinhos', porque o dono não velia' ele?"

O maior se aproximou e segurou o rosto do menor, acariciando suas bochechas e com uma voz suave, disse:

"Talvez, o fato de você tê-lo encontrado, signifique que ele estava procurando um novo lar e quando viu um leãozinho ele se encantou tanto que apareceu em meio aqueles quadros, só para que você pudesse tê-lo."

Os olhinhos a sua frente brilharam em um misto de encantamento, tristeza e alegria.

"Então... o ursinho quelia' um novo amigo? E neném foi escolhido?"

O maior sorriu, com o coração quentinho.

"Isso! Ele percebeu o quão doce e legal você é, e quis que você fosse seu novo melhor amigo... junto do Senhor Cogumelo e da Dona Baleia, é claro!"

O pequeno havia até esquecido de seus outros amigos por um instante, ele saiu das mãos do maior e olhou para os três em seu braço e com um sorriso meigo, disse:

"Então... a partir de agola' Dona Baleia e Senhoi' Cogumelo tem um novo amiguinho!  O Senhoi' Chei' de Peludinho!"

O maior riu fechando os olhos ao ouvir a fala e a pureza do menor.

"Que nome grande. Mas é um prazer Senhor Cheio de Peludinho"

Disse, fazendo um sutil reverência e pegando a mão do ursinho. O pequeno ficou encantado ao ver o maior sendo tão cortez com seu novo amiguinho e animadamente falou:

"Papai é como um pincipe!!!"

"Sou? Então os três em seus braços poderiam nos dar licença para uma dança? Quero aproveitar a música desse lugar"

E dessa forma, os olhinhos que já brilhavam se arregalaram e em alegria todos os dentinhos do menor ficaram visíveis:

"Papai quer dançar com eu?"

O maior concordou estendendo a mão em cortesia e o menor logo sentou suas pelúcias no carrinho e pegou a mão de seu principe.

E naquele estacionamento vazio e escurinho, dançaram uma valsa improvisada com pezinhos desastrados e sorrisos brilhantes.
A música no ambiente era baixa e calma e a plateia de pelúcia admirava a bela vista dos maiores.

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