please, i've been on my knees

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EMPATIA PODE SER UMA BENÇÃO E UMA MALDIÇÃO

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EMPATIA PODE SER UMA BENÇÃO E UMA MALDIÇÃO. Eu sei que você pode estar pensando "como ela pode dizer algo tão horrível?". Mas pense comigo: quando eu sempre trato os outros com gentileza e me coloco no lugar deles, eu espero que façam o mesmo por mim.

E é aí que eu erro.

Nós não temos o direito de fazer com que todos pensem e sintam tão profundamente quanto nós mesmos. Essa é a minha maldição, porque eu os entendo, mas eles não me entendem.

Você está se contendo, Eleanor! -Augusto grita para mim, e eu reviro os olhos, rebatendo a bola.

— Tente você jogar com uma perna falsa.

— Pare de arrumar desculpas. Você pensa muito. Libere sua mente. Foque no jogo. -Ele diz, vindo até mim.- Flexione os joelhos na hora de rebater. Vai te ajudar.

— Eu não pensei que seria tão difícil. -Confesso, e ele me dá dois tapinhas no ombro.

— Pensando assim nunca vai ficar fácil. Tenha um pouco de fé em você mesma. Bate um pouco de paredão enquanto eu recolho as bolinhas. -Ele diz, e eu vou para a grande parede verde da quadra, começando a rebater as bolas sozinhas.

Eu faço mais duas horas de aula, e então vou tomar um banho. Quando saio do vestiário, Augusto me grita.

— Ellie! -Ele chama, e eu vou até ele.- Essa é a Beth. A Beth jogava na adolescência, mas parou depois de um acidente de carro. E ela voltou a jogar fazem alguns anos. -Ele explica, e eu sorrio para a garota ruiva na cadeira de rodas.

— É um prazer te conhecer. Você sempre foi minha jogadora favorita. -A garota diz, e eu sorrio.

— O prazer é meu.

— Eu acho que seria legal se você conversasse com a Beth. Ela sabe muitas coisas que podem te ajudar. -Augusto diz, com a mão em meu ombro, e eu concordo.

— Você tá livre agora? Pensei em ir tomar um café. -Eu digo, e Beth concorda animada.

— Claro! Me passa o endereço que eu pego um táxi.

— Imagina, eu tô de carro. Depois eu te deixo onde você achar melhor. -Eu sugiro, e a garota sorri.

— Tudo bem então. Tchau, Augusto, eu te vejo semana que vem!

— Tchau, Beth. Até amanhã, Ellie. -O mais velho se despede, e eu somente sorrio.

No caminho, Beth e eu conversamos sobre várias coisas. A ruiva tem trinta e dois anos, e perdeu uma das pernas em um acidente de carro quando tinha dezesseis anos. Ela voltou a jogar fazem dois anos.

Coincidentemente, Beth estava no French Open no ano em que tive minha fratura.

— Obrigada. -Eu agradeço a garçonete quando ela traz nossos pedidos.

— Você não parecia muito animada quando Augusto sugeriu que nos conhecêssemos melhor. -Beth diz, e eu fico envergonhada.

— Não é nada pessoal, eu juro. É só que ele está com essa obsessão em me fazer voltar a competir e me fazer perceber que eu sou capaz, sabe? Perdi as contas de quantas pessoas ele já quis que eu conhecesse. Semana passada ele me deu um quadro que dizia: Longe se vai quem acredita.

— Meu Deus. -Ela diz rindo, e eu me junto a ela.- Eu sei que é um saco, mas eu daria tudo para ter tido um treinador como ele depois do meu acidente. O meu simplesmente começou a me ignorar. E quando eu disse que queria voltar a fazer aulas, ele disse que não sabia treinar "pessoas como eu". -Beth fala, revirando os olhos.

— Que horror. Fico feliz que tenha voltado mesmo assim. Você não acha mais difícil jogar na cadeira?

— Na verdade, não. Acho que já acostumei. Eu não consegui me adaptar a jogar com a prótese. -Ela explica, e eu assinto.- Eu sei que parece mentira agora, Ellie, mas acredite em mim quando eu digo que sua vida não acabou depois daquele dia. Você não pode se limitar a sua condição física. Não resuma tudo a isso. Eu lembro que as vezes ficava culpando as coisas mais bobas no fato de eu não ter uma perna. É uma auto sabotagem muito grande, mas que já tava dentro de mim. Você vai encontrar pessoas idiotas durante o caminho, mas você precisa focar naquelas que fazem você se sentir bem. Tente não se vitimizar tanto. Pense que você teve uma oportunidade para ver o mundo de outra maneira.

— Obrigada, Beth. De verdade. -Eu agradeço, e ela sorri.

Eu e a garota passamos toda a tarde juntas. Ela respondeu minhas perguntas e acalmou minhas angústias em relação a voltar a jogar.

Eu deixei Beth em sua casa e conheci seu marido e suas filhas gêmeas, que fizeram três anos a algumas semanas.

Quando estava no caminho para minha casa, Billie me liga.

— Oi, querida. -Eu digo.

— Oi, Ellie. -A voz de Billie soa pelo bluetooth.- Eu tô com saudade. Quer vir aqui pra casa?

— Claro! Chego em dez minutos.

— Tá bom. Tô te esperando. Ellie?

— Diga.

— Dirige com cuidado.

— Sim senhora.

Eu chego na casa de Billie em pouco tempo, e assim que eu entro, a garota me abraça forte.

— Como foi o seu dia? -Eu questiono, sentada no sofá ao lado de Eilish.

— Um tédio. E amanhã eu tenho que viajar por alguns dias. Queria ter feito algo de interessante hoje.

— Podemos fazer isso, não acha? -Eu questiono, e Billie sorri, se inclinando para me beijar.

Billie se senta em meu colo e eu coloco minha mão entre seus cabelos. Quando a garota coloca suas mãos por debaixo de minha blusa, meus pelos se arrepiam devido a diferença de temperatura.

Antes que Billie possa retirar a camiseta que eu vestia, meu celular nos interrompe, e a garota solta um gemido frustrado.

— Alô? -Eu atendo, e apoio minha cabeça no sofá. Billie aproveita a posição e começa a deixar beijos em meu pescoço.- Espera, Lucas, fala devagar. -Eu peço, e Billie imediatamente para.- Tá bom, fica calmo. É, eu sei onde fica. Eu já estou indo.

— O que aconteceu? Seu irmão tá bem?

— É o meu pai. Ele está no hospital. -Eu digo, jogando minha cabeça para trás e suspirando.- Desculpa, Billie, eu preciso ir. O Lucas está sozinho com ele, e ele tá assustado.

— Claro. Eu vou com você.

— Não precisa, fique aqui. Hospital é uma merda e você tem que viajar amanhã. Descansa.

— Deixa eu ir, Ellie. -Ela pede, e eu assinto.

Billie e eu decidimos ir no meu carro para chamar menos atenção, e não demoramos muito para chegar no hospital.

the prophecy - billie eilish Where stories live. Discover now