Capítulo 105 - Serviço Militar Obrigatório

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Eu me despedi dos meus pais, amigos e do amor da minha vida com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos. Um hiato de, no mínimo, dezoito meses estava começando. Isso se eu tiver sorte e for super obediente. Sem falar do maldito capitão X que todos temiam...

- Adeus Caroline, te vejo em dezoito meses...

Todos os recrutas foram levados sob rígida disciplina para o processo de admissão. Tiramos as nossos uniformes de gala (paletó, gravata, colete, luvas e botas de cano alto, tudo inspirado no bom e velho estilo prussiano) e entregamos a fiscalização que nos conduziu à admissão. Ficamos nus, um atrás do outro em filas infinitamente longas (bem próximos uns dos outros - quase nos tocando)... Quem ficou excitado foi levado para os postos de liderança na frente. Os demais ficaram para trás em posição de sentido, imóveis e esperando a sua vez por horas.

Os recrutas, como eu, que usavam cinto de castidade foram separados e levados rapidamente para as filas dos subs. As forças armadas republicanas terrestres têm interesse especial nos subs que segundo eles são "muito bem mandados" e obedientes. Parece que temos potencial para sermos ótimos soldados e fazer grandes sacrifícios. A disciplina é muito apreciada em guerras e viagens espaciais.

Enfim, após três horas em pé e imóvel na fila, fui chamado...

Eles me levaram para uma outra fila que andava bem rápido, quem demorava levava uma chicotada com o laser e ganhava uma linda marca nas costas ou nas pernas. Eu escapei. Ele me puseram em uma cabine onde fui depilado e minha cabeça e barba foram rapadas. Parece que cabelo e viagens espaciais não combinam muito. Na verdade era só o primeiro procedimento de limpeza e higiene.

Meu corpo foi todo lanhado, escanhoado e recebi três tatuagens de identificação feita com laser ultra rápido e quente. A dor me fez gemer e chorar. Ardia demais. Ainda bem que estava amarrado na maca pelos tornozelos, punhos e tórax. Fui tatuado com o número 1.000.745.09B na testa, palmas das mãos e peito. Não sou mais o Josh. Sou um número.

Depois de depilado e tatuado, eles passaram um líquido oleoso fedido por todo meu corpo para me desinfetar e  fizeram pequenas incisões nos meus mamilos onde colocaram sondas de monitoramento. Eu quase chorei novamente. Não havia anestesia ou palavras de incentivo para os recrutas, apenas silêncio, afinal somos subs para eles.

Outras sondas e plugues foram instalados em mim, inclusive nasal, uretral e anal. Depois disso, colocaram os cateteres de alimentação pelas narinas, boca, lentes de contato e protetores auriculares. Nenhuna cavidade foi poupada. No ânus foi instalado um tubo de sucção e reciclagem de dejetos. Colocaram uma espécie de mordaça que me impedia de falar e respirar direito com tantas sondas. Todos os recrutas se comunicam exclusivamente pelo sistema de mensagens de texto e sintetizador de voz.

Depois da etapa de próteses e adaptações corporais, nos colocaram no famigerado traje de pressão. Nem preciso dizer o quanto é apertado. Uma espécie de segunda pele plástica, inflável e super desconfortável.

Quando eu pensei que já estava apertado o bastante, eles inflaram mais o traje, que ficou mais apertado ainda. Era difícil até de respirar.

Depois foi a vez da infra estrutura de aquecimento, isolamento térmico e por fim a malha de aço, que precedia as proteções magnéticas, enfim foi instalado meu exoesqueleto hidráulico e a armadura de aço. O traje pesava mais de duzentos e cinquenta quilos, mas para mim não sentia peso algum...

Dez dias depois eu estava começando o treinamento com a minha armadura me sentindo um caranguejo desajeitado. Três sistemas de inteligência artificial controlavam tudo que eu fazia e transmitiam as minhas ordens. O primeiro dia foi insuportável. Eu queria morrer. O treinamento era horrível. Como iria suportar dezoito meses dentro de uma lata de sardinha?

Três meses depois estava pronto e fui levado para a base lutar 477. Ficamos por alguns meses e partiriamos em naves maiores para os confins do universo através de buracos de minhoca artificiais. Eu e a minha armadura éramos um. A adaptação foi perfeita. O capitão X disse que a guerra estava difícil e iria exigir grandes sacrifícios da sua tropa. As baixas de seis meses foram todas canceladas. Parti para o frio mundo de Aldebarã!




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