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- No fim desse mês, fui convidado para a festa de 15 anos de uma moça que é filha de um grande amigo meu. - Rodolffo disse enquanto fazia cachos nos meus cabelos com os dedos. - Eu confirmei a nossa presença.

- Nossa?

- Minha, tua e da Elisa.

- Mas eu não fui convidada...

- Rodolffo e família... Assim veio o convite e a minha família é a Elisa e você.

Fiquei pensativa.

- O quê foi?

- Não sei se combino com esses lugares. É muita gente elegante.

- Não tem tudo isso, mas trajes esporte fino sim. Meu amigo é um grande médico, a esposa dele também, porém são humildes.

- Não sei se estou pronta para esse mundo.

- Não é "esse mundo", é uma parte do meu mundo. Eu tenho amigos Juliette, não são tantos, mas tenho e você terá que conviver com eles algum dia.

- Eu gosto de conviver com a Elisa e contigo...

- O mundo é muito maior que as paredes dessa casa, mas sei que seu problema não é esse. Vou te deixar a vontade.

- Qual é o meu problema?

- Não está inteira para esse relacionamento e eu sou consciente disso, mas estou te dando tempo.

- Tudo é novo para mim, acredite.

- Que tipo de casamento você tinha? Por que eu não quero esse casamento para nós.

Eu o olhei magoada.

- Parece que seu marido não era o "bom homem" que você descreve. Não mesmo... Ele te anulava muito e você continua com a mesma mentalidade.

- Não tem o direito de falar mal dele, além de morto, você não o conheceu.

- Nem precisei. É evidente que ele era um homem frio e que certamente só te procurava quando queria sentir prazer, por que te dá prazer é outra história.

- Rodolffo... Não continue.

- Eu quero te levar para o mundo e te proporcionar algo que você nunca viveu. Só deixa acontecer.

- E se um dia você perceber que a carência fez você ficar comigo? Mas se arrependeu no percurso.

- E se um dia você tiver a oportunidade de ir embora e nunca mais voltar por que percebeu ser um erro ficar com um homem com bagagens pesadas?

- Não vou fazer isso.

- Então eu te respondo, não foi por carência que aconteceu, pelo menos não da minha parte. Houve envolvimento e muito gostar. Não sou um cara tão emocionado assim e com você eu sinto tudo triplicado. Se fosse por carência eu teria dormido com tantas mulheres que nem sei.

Ficamos uns minutos em silêncio e eu resolvi mudar o assunto.

- Eu preciso te contar uma coisa...

- O quê Juliette?

- Comecei a tomar pílula.

Rodolffo olhou para o teto e respirou fundo.

- E nem ao menos quis me contar antecipadamente?

- Eu tomei pílula no intervalo do primeiro filho até parar e engravidar em seguida.

- Por que seu marido achava melhor que você se entupisse de hormônios, ao invés de usar um preservativo? Isso não me surpreende.

- Sempre alegou ser desconfortável. Nunca usou.

- Não acho desconfortável, afinal minha experiência sem camisinha é muito mínima, mas como médico acho a pílula uma bomba horrível e como seu parceiro acho desnecessário.

- Eu achei que você ia gostar.

- Ah Juliette... Não era essa a notícia que eu desejava hoje.

- Se você quer muito outro filho...

- Juliette, vamos dormir? Eu estou cansado, você está em um período delicado. Estamos prestes a nos magoar e eu não quero isso. Já entendi.

- Eu sinto amor por você, se não nunca estaria nessa cama, mas eu tenho medo também. Um medo absurdo de tudo ser passageiro.

Rodolffo segurou minha mão e olhou nos meus olhos.

- Se é amor, o medo se dissipa. Toda e qualquer insegurança tem fim. Eu também te amo. - ele selou nossos lábios e nos abraçamos.

...




Os Caminhos (In)certosWhere stories live. Discover now