insensível

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Sou tudo, sou nada.
Sortudo, da família azarada.
Sou poeta, sou artista.
Sou do povo, sou das ruas.
Eu sou perfeito, eu sou um grande filho da puta.

As lágrimas mudam, transformam.
O corpo flutua, transborda.
Um poeta que ama todos.
Mas não ama a si próprio.
O que eu amo é o corpo.
Mesmo sendo tão mal propício.

Sou a música, a revolta, a guerra, a escolta.
Não sou censura, nem ditadura, não sou tortura.
Mas sou só outro "poeta filho da puta".

Sou ladrão, ladrão de bens.
Materiais? Não, ladrão de almas reféns.
Libertador, salvador, protetor?
Não.
Sou só outro mediador.

Podem me bater, xingar, até de morte me ameaçar.
Mas sou mais forte que seus declínios.
Mas fiel que muitos dos santos.
Não choro pelo impossível.
Como já dizia Baco: "nem todo poeta é sensível".

E por que buscar terra prometida, se toda promessa faço é contida?
Como se teu julgamento me mudasse, quando na verdade eu quero que foda-se.
Parece um grito, um pedido, de um ser perdido.
Quando sou só superficial, de alguém que a todos os outros é igual.

Buscando de coisas ilícitas, para me preencher um vazio do coração.
Porque pessoas vêm e vão, e te usam como decoração.

Só uma estátua cara, frágil, que se quebra, ainda a chamam de ingrata.

Só outro idiota enganado, mudado ao próprio julgamento.
Onde seus sentimentos se tornam nada mais que um fragmento.

Mais um poema de amor para quem me destruiuWhere stories live. Discover now