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Gabriella,

Quando acordei, vi algumas ligações do Talibã. Provavelmente foi porque eu falei que ia voltar para o baile e não voltei.

Desci para a cozinha já ligando para o Talibã, para avisar que eu estava bem, só não queria ir para o baile.

- Bom dia - disse Lucas.

- Bom dia - respondi.

Sentei na cadeira e fiquei olhando para o chão.

- O que foi? - Lucas me olhou com uma cara estranha.

- Não sei se isso está certo, tipo, a gente sabe? - Ele concordou.

- Gaby, eu estou disposto a fazer de tudo por você e pela Maya, me dá essa chance - ele segurou na minha mão.

- Ai Lucas, isso é complicado. Depois de tudo e de todos esses anos, as coisas mudaram - Ele se levantou.

- Pensa bem - ele saiu da cozinha.

Fiquei chateada por perceber que mesmo tentando conversar numa boa, ainda sim deixei ele mal. Mas eu ia fazer o que? Não sei se estou preparada, e outra, tenho minhas coisas na Califórnia. Está tudo muito complicado.

Saí da casa e fui para a casa da mãe dele, para pegar a Maya.

- Oi mamãe - ela veio me abraçar.

- Oi meu amor - eu a abracei.

- Você está triste? - Maya me perguntou.

- Não meu amor, mas agora se despede da tia Mari - ela foi abraçar a Mariana.

- Tchau Mari - dei um beijo na bochecha dela.

Eu e a Maya saímos e subimos para a casa da Layla.

Deixei a Maya assistindo e fiquei procurando algo para fazer. Queria sair, ir em algum lugar e talvez meu pedido tivesse sido atendido.

"Vou passar aí para te pegar. Se arruma, precisamos conversar."

Liguei para Layla para perguntar se ela já estava chegando. Ela disse que sim e que ficaria com a Maya. Comecei a me arrumar e coloquei uma roupa simples, nada muito chamativa e nada muito relaxada.

Sai de casa esperando o Lucas chegar. Layla já havia chegado e estava lá dentro com a Maya. Logo o Lucas chegou.

- Oi - dei um sorriso.

- Oi Gaby - ele deu partida.

Ficamos quietos o caminho todo até chegarmos no destino, que era um restaurante muito bonito um pouco perto da praia. Lucas falou com um homem e logo entramos no restaurante. O homem nos seguiu até uma mesa que parecia reservada para a gente. Lucas puxou a cadeira para mim sentar. Fizemos nossos pedidos e aguardamos a comida chegar enquanto conversávamos sobre a Maya. Lucas falava muito sobre ela ficar no Brasil por um tempo e eu ir à Califórnia pegar as minhas coisas.

Mas queria que ela fosse para a Califórnia comigo para se despedir de seus amigos, porque provavelmente passaríamos a morar no Brasil novamente.

Ainda tínhamos que planejar como contar para Maya sobre o Lucas ser seu pai.

São muitos assuntos para conversar sobre ela, mas também havia um assunto sobre a gente, que havia ficado pendente desde a última noite ou hoje de manhã.

- A gente podia tentar fazer dar certo dessa vez, né? - o Lucas sugere.
- As coisas têm que acontecer mesmo, ter sempre verdade e sinceridade acima de tudo - ele concorda.

Eu acho que eu preferia assim mesmo, até porque seria muito mais fácil a criação da Maya assim mesmo.
Todos nós morando no Brasil, eu e Lucas juntos, até porque ele nunca deixaria eu levar a Maya para Califórnia de novo.
Fico pensando: e se eu não tivesse descoberto? Nem se eu tivesse voltado para Califórnia mesmo? Essas coisas martelam na minha mente. Fico pensando se eu fiz o certo mesmo sabendo que eu não fiz ao criar minha filha de 4 anos sozinha sem o apoio de ninguém, sozinha em um país para onde eu tinha acabado de me mudar. No final das contas, nesses quatro anos fui só eu mesma, apenas eu.

Meu único medo é me ferir novamente nessa relação, porque ela é tão conturbada. Já aconteceram tantas coisas com a gente e sinceramente, eu não entendo. Às vezes parece que é aprendizado, às vezes parece que é o karma e às vezes eu acho que não era para acontecer, mas sempre acontece um jeito da gente se encontrar de novo, como se fosse para acontecer.

Eu fico pensando: se eu tivesse conhecido alguém na Califórnia, é muito provável que eu trouxesse ele para cá e as coisas não se resolveriam. Eu ia voltar e todo dia continuar na mesma bagunça e ia continuar criando minha filha sem o seu pai verdadeiro.

Mas na verdade que eu não posso negar que eu sempre gostei do Lucas e isso é inegável mesmo. Eu sempre pensei nele durante esses quatro anos, mas para mim era só ódio. Ódio de tudo que aconteceu. Ódio do que ele me fez passar. Vem me fazer passar tanto ódio e me fazer me mudar para a Califórnia, que para mim era algo que não aconteceria. Porque para mim não estaria a muito tempo com o Lucas.

Apesar desses pensamentos a mim algo me diz que as coisas vão mudar e que tudo vai seguir bem.

- Te amo Gaby - o Lucas segura minha mão.
- Eu também te amo - eu dou um sorriso.

Nossa noite foi perfeita, nossas conversas e as coisas foram finalmente resolvidas.

Oi amores! Mais um capítulo pra vocês. Espero que tenham gostado.

Bjs 💋

No Complexo Do Vidigal Where stories live. Discover now