Perfeita

CAPÍTULO 4

Raphael

Raphael: Já quer a sua filha de volta? Eu prometo que vou ser bom.

Samuel: Ela ainda nem chegou aí.

Raphael: Pense em todo o tempo que você vai economizar ligando de volta agora.

Samuel: Não.

Raphael: Por favor?

Samuel: Não tente ser educado. Não combina com você.

Raphael: Chupe um pau.

Samuel: Como você acha que estou mantendo todos os seus patrocinadores?

****

Eduarda Poliseli parou em seu luxuoso SUV e roupa ridícula como se estivesse saindo na cidade em vez de aparecendo em uma fazenda de gado.

Então, eu me tornei invisível. Posso estar preso a ela, mas não preciso gostar disso.

E não gosto. Eu odeio ser tratado como uma criança, ou como se fosse estúpido. Ou pior, como se eu fosse algum tipo de criminoso. Eu esperava que dormir em minha própria cama e ter algum tempo de processamento para chegar a um acordo com meu novo arranjo pudesse torná-lo um pouco menos sufocante – menos ofensivo.

Mas ainda parece um lixo.

É por isso que estou aqui discutindo com meu irmão mais velho. Estabelecendo novas cercas para alguns de seus cavalos ficarem mais perto de sua casa, que fica logo acima do topo de uma grande colina de onde meu pai e eu moramos. Cade puxa um poste da traseira de sua picape e o ergue por cima do ombro com um grunhido. Ele se parece mais com nosso pai, ombros largos e cabelo bem cortado. A única coisa que falta é um bigode. Algo que eu amo provocá-lo, especialmente porque ele é um filho da puta rabugento. É muito fácil.

— Quando você vai deixar o bigode crescer e ficar cheio, velho Leal ?

Ele olha para mim antes de deixar cair o poste e alinhar a base com o ponto que ele quer.

— Não sei. Quando você vai cortar o cabelo, Rapunzel?

Isso é bom. Isso parece familiar. Irritar Cade é um dos meus passatempos favoritos. E ele é tão mal-humorado que nunca deixa de ser satisfatório. Ele só late e não morde, um dos caras mais legais que conheço.

Se você pode ignorar o idiota que ele é.

Eu tiro meu boné e jogo meu cabelo sobre meu ombro, tentando não estremecer com a pontada de dor em meu ombro. Ou o inchaço no meu joelho. Ou a dor nas minhas costas.

Esqueça Rapunzel, eu estou mais como Humpty Dumpty.

— Nunca. Como vou puxar uma princesa pela minha janela?

Ele bufa e agarra o batedor de postes enquanto eu assumo o controle de segurar o poste na posição vertical.

— Apenas uma princesa, irmão? Dificilmente parece você.

Reviro os olhos. Cade é o monge desta família. Acho que não o vi com uma mulher solteira desde o divórcio.

— Só estou tentando fazer sexo suficiente por nós dois — minto.

Essa parte de mim mudou. Não tem o mesmo apelo nessas últimas temporadas. Não como costumava. Isso traz drama, e cansei de ter que passar tempo com pessoas que só querem algo de mim ou que me veem como uma espécie de troféu.

Cade estende a mão e tira o boné da minha cabeça.