Doce mãe

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Quando tocou a campainha pela primeira vez, seu dedo escorregou antes de poder pressiona-la devido a umidade em suas mãos, estava suando de nervoso.

Ela engoliu em seco antes de tentar novamente, mas Tyler a interrompeu segurando seu pulso.

— Eu faço isso, sei como é difícil pra você. - Ele abaixou a cabeça, e sua mão grande desceu do pulso da garota indo de encontro as mãos molhadas da mesma, olhando para baixo, ele procurava as palavras certas, e quando finalmente as encontrou, tornou encara-la. —  Eu não sei o que fez você mudar de ideia e quebrar aquela promessa que fez a si mesma de nunca mais procurar sua mãe, mas tenho certeza que é uma parada importante, então... Saiba que é importante pra mim também. E eu estou com você nisso. - Ele sorriu fraco.

Aquilo era reconfortante, e ao mesmo tempo, não poderia existir uma escolha pior de palavras para aquela ocasião, a garota já se sentia dominada pela ansiedade, e agora mal podia disfarçar seu nervosismo.

Que tipo de absurdos poderiam fazer uma filha prometer nunca mais ir de encontro a sua genitora? Ela se sentia um monstro, pelo pouco que lembrava de si, deveria ser uma pessoa horrível, e queria aproveitar o fato de estar se reencontrando fazer as pazes com a mãe.

— Espera. - Ela impediu Tyler de tocar a campainha, e com sua mão ainda sobre a dele, tocaram juntos.

Ela com certeza não confiava nele, mas se sentia tão apoiada que no processo de tentar ser uma pessoa melhor, tentou ser grata a forma com que ele fazia ela não se sentir sozinha.

Após alguns segundos de silêncio, puderam escutar os passos se aproximando da porta vindo de dentro.

Alisson sentia que ia desmaiar, estava muito nervosa.

— Alisson. - Eliza rosnou seca, diferente do que Alisson esperava no pior dos cenários, sua mãe não parecia guardar qualquer ressentimento por ela estar a 6 meses fora e sem dar notícias, na realidade, a mulher não demonstrava nada, como se a presença da garota não significasse tanto ou fizesse qualquer diferença.

A menina também não sentiu tanta emoção quanto esperava, pensou em abraçar a mulher, mas aquilo parecia extremamente errado, até que a mais velha cobrou.

— Não vai me dar um abraço? - A mulher sorriu de forma passiva agressiva.

Alisson, mesmo desconfortável, o fez, sentindo seu coração disparado, com uma sensação negativa tomando conta de si.

— Entrem. - Ela ordenou observando Tyler com um semblante nada amigável.

A casa era familiar, grande, espaçosa, móveis caros, mas não era nada aconchegante, e foi nesse momento, que ela visualizou o velho casebre de madeira onde vivia com Tyler, era tão acabado que parecia estar abandonado, porém, trazia sentimentos de conforto.

Após oferecer um café ao casal, Eliza se sentou na poltrona à frente do sofá onde eles se encontravam.

— E então, veio se desculpar e pedir pra voltar pra casa? - A mulher perguntou com um sorriso de satisfação.

Tyler encarou Alisson com medo da resposta.

— Vim me desculpar sim, mas porque mães e filhos não devem... Se odiar. Mas não quero voltar a morar com você.

Eliza engoliu em seco, não estava esperando por aquilo, a menina parecia estranhamente muito mais madura do que quando saiu de casa, e aquilo era assustador.

Ela estava elaborando uma resposta, uma resposta onde Alisson de alguma forma seria culpada por toda a situação que as levou aquele ponto de se distanciarem, mas a conversa foi interrompida, um homem que aparentava ter meia idade, grisalho e de toalha havia acabado de aparecer na sala.

— Phill?! - Tyler questionou em voz baixa, apenas a presença daquele homem já parecia pertuba-lo, como se fosse impossível ele estar ali.

Doce Caos Where stories live. Discover now