Conexões

4 2 1
                                    

Já dentro do carro, Alisson segurava lágrimas de ódio e decepção enquanto pensava no que poderia ter feito para merecer uma mãe tão raza, a mulher parecia não sentir um pingo de interesse pela garota, não tinha movido um dedo para amenizar a situação ou defender a filha.

Se não estivesse tão imersa em seu próprio mundo de caos e ódio, poderia ter usado a oportunidade eminente de se aproximar de Tyler, que em seu silêncio, revelava mais do que quando brincava ou fazia comentários bobos.

Ele também parecia magoado e revoltado, se Alisson fosse um pouco mais observadora, poderia ter notado uma situação decisiva passar diante de seus olhos, um momento que o faria mudar completamente sua forma de agir e pensar.

Chegaram em casa sem trocar uma palavra, ambos sentindo as próprias mentes entrando em declínio com suas perturbações.

Oque tinham em comum? Além da falta da habilidade em se comunicar e expressar sentimentos, uma densa energia negativa que emanava de forma quase palpável de seus corpos suados e tensos. Se encarando em silêncio na mesa da cozinha, sentiam uma estranha e forte conexão.

Pareciam poder ler os pensamentos um do outro, suas linguagens corporais concordavam com os absurdos contados pelo olhar fixo um do outro, com leves sorrisos sarcásticos e balançares de cabeça.

Tyler pensava em formas físicas de "marcar" aquele que o fazia sentir tanto ódio. Detalhadamente, imaginava como arrancaria cada unha e dente de Phill, lentamente, a forma como introduziria animais peçonhentos e rastejantes em suas entranhas abertas apenas para costurar de novo e observar como o velho lidaria com as larvas e centopéias o consumindo e tentando fugir de seu corpo asqueroso .

Já Alisson, maquinava formas de destruir psicologicamente sua mãe, estaria disposta a tudo para tirar uma reação desesperada dela de novo, mas dessa vez, queria ela mesma ser o objeto desse desespero. Queria causar a mesma revolta e sentimento de impotência que sentiu naquela sala enquanto era massacrada por palavras e a mãe não fazia nada. Phill não ficava para trás, sabendo que ele tinha uma concessionária e era casado, pensou nas melhores formas de expor aquela situação e acabar com sua carreira e família.

Alisson engoliu em seco, sua respiração não poderia ficar mais pesada. Tyler abriu lentamente a boca, compartilhava dessa sensação, o ar parecia espesso demais para ser puxado pelo nariz.

Já cansada de tanto se controlar e pensar, Alisson proferiu um fraquíssimo tapa antebraço do rapaz sentado a sua frente. Ele inclinou levemente a cabeça sem desviar o olhar da mesma.

Ela quer descontar sua raiva em algo, obviamente.

Facilmente, ele decifrou em seus pensamentos oque significava aquele tapa, e de forma inverbal, foi selado um acordo. Descontariam suas frustrações e raiva um no outro, da força mais auto destrutiva o possível, pois sentiam que estavam em sincronia o suficiente para suportar a própria dor enquanto tentavam entender a dor alheia.

E dessa forma, se deu início a guerra. Tyler a encarou pedindo por uma confirmação, e ela o fez deferindo outro tapa, mas dessa vez, em seu rosto. Tyler sorriu usando sua mão para contornar o pescoço quente da garota,

Ela o encarou e engoliu a própria saliva fechando a cara.

— Que foi, não quer brincar? - Tyler sorriu sádico.

Doce Caos Donde viven las historias. Descúbrelo ahora