Acolhedor e Tóxico

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— Desculpa, não é você, eu... Me lembrei do meu pai. - Alisson soltou entre lágrimas e suspiros.

— Não que isso seja bom, mas... Menos mal. - Ele soltou aliviado colocando mais pressão no abraço.

Tyler, pela naturalidade com que reagiu sem fazer questionamentos, deixou óbvio que já sabia sobre a perca dela.

— Desculpa estragar o clima falando sobre pais e morte. - Ela pediu desculpas rindo enquanto limpava as lágrimas pensando no quão confuso e estranho aquilo tinha ficado.

— Sei como é ruim ter problemas com o pai, e entendo como é péssimo não poder resolver mais esses problemas.- Ele sorriu e acariciou seu cabelo.

Aquilo parecia aberto a muitas interpretações, e apesar de estar emotiva, viu ali, a oportunidade perfeita de fazer perguntas discretas, assim, vendo o quão frágil e triste estava sua garota, Tyler não negaria informações.

— E você e seu pai? - Ela perguntou afastando sua cabeça do ombro do maior para poder encara-lo.

— Ah... Você chegou na cidade bem depois né... Mas acredito que você já tenha suspeitas sobre isso. - Ele pareceu desamparado.

— Na verdade não, zero suspeitas, só queria saber como se lembra do seu pai. - Ela disse confusa tentando parecer por dentro.

— Agonizando, ele chegou a implorar por ajuda enquanto sujava todo o chão com seu sangue. - Ele falou desviando o olhar.

— Como foi a morte dele?

— Trágica. Ninguém deveria morrer daquela forma. - Ele disse falando sério, mas de repente, começou a rir baixo, porém disfarçou em respeito aos sentimentos de Alisson, que ainda estavam voltados a sua própria perca.

A cada frase de Tyler, mais a curiosidade aumentava, aquele era um péssimo momento para ter bom senso e vergonha na cara, algo no fundo queria perguntar aquilo de forma mais explicita e escrachada para saber de uma vez oque havia acontecido com os pais de Tyler, mas ela preferiu se contentar com oque já tinha sobre si.

Poderia o pai de Tyler estar relacionado ao crime que ele cometeu naquela idade? Talvez, o homem houvesse o forçado a vender coisas ilícitas.

Bom, de qualquer forma, aquilo já havia acabado, depois de alguns minutos, suas lágrimas já haviam cessado, e tudo oque sobrou, foi a vergonha por ter chorado no colo de um suposto estranho. Ele não parecia esboçar nada negativo, apenas ternura.

Quando se deu conta e encerrou o abraço, ficou sem graça, e saiu do aconchegante colo sem muito falar.

— Que tal comer algo? Sua mãe não ofereceu nem um almoço pra gente. - Tyler disse em tom de brincadeira enquanto se levantava e observava a garota andar sem rumo.

— Hm... - Ela não tinha uma resposta pronta, estava sem fome mas não queria negar um convite tão fofo para almoçar, e enquanto pensava na resposta, ouviram um carro estacionar do lado de fora.

Tyler imediatamente colocou um dedo frente a própria boca ordenando silêncio, e correu até o quarto no andar superior, de onde voltou com uma pistola.

Alisson se sentiu empalidecer, seu corpo amoleceu completamente, aquilo era assustador, será que ao menos ele possuía o porte legal daquela arma?

— Tyler- Ela soltou praticamente implorando que ele guardasse aquilo com os olhos, mas foi ignorada.

— Cala boca. - Ele ordenou. — Se estiver com medo, vai pro quarto, eu resolvo isso.

E devagar, ele se aproximou da porta, tentando desviar do borrão que indicava alguém através da janela da cozinha.

E quando a arma estava apontada para a porta, os toques contra ela ecoaram pela casa.

  Alguém estava batendo na porta.

Doce Caos Where stories live. Discover now