Capítulo 13

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Acordo com dor de cabeça e enjoo. Olho ao meu redor: a janela estava aberta, um sol forte iluminava o quarto. Quando olho ao redor, melhor vejo coisas - coisas que não eram minhas. Eu não estava em casa. Levanto com rapidez e sinto o vômito vindo.

Corro para o banheiro, segurando meus cabelos, que eram longos demais. Vou até a pia, lavo minha boca e vejo Jenna parada na porta com uma toalha e uma roupa.

— Aonde eu estou? — Pergunto.

— Na casa do Tobias. Toma. — Ela me entrega a roupa e a toalha.

— Pera, quem é Tobias? — Pergunto com a voz rouca.

— Ai, meu Deus, você não se lembra — ela diz.

— Não, eu não me lembro — falo.

— Foi o cara que você beijou ontem e aí ele quis te levar pra casa dele, mas aí eu não deixei e vim junto. O Kaléo também — ela diz.

— Ah, entendi — falo.

Tomo meu banho, me seco e coloco minha roupa. Descendo as escadas da casa, vejo Kaléo comendo um cereal e Jenna bebendo um suco.

— Cadê o dono da casa? — Pergunto.

— Eu sei lá — responde Kaléo.

Só sei que a gente vai dar o fora daqui — Kaléo diz.

— Por que? — Pergunto, cruzando os braços.

— O maluco tem duas armas que provavelmente são roubadas e tem drogas embaixo do sofá — Kaléo responde.

Meus olhos se arregalam e então é ali que eu sei que me meti em uma boa furada. Que nojo! Entro em meu carro, que foi trazido por Kaléo de acordo com ele.

Chego em minha casa, a porta estava trancada. Tento abrir a porta, mas não consigo. Logo lembro que minha chave estava dentro do carro. Abro a porta.

A casa estava vazia e com um cheiro estranho. Andando até meu quarto, percebo que ele havia sido revirado; minhas coisas estavam jogadas pelo chão. Corro para a sala gritando o nome da minha mãe.

Mas ela não estava em casa.

Vejo sangue perto de um quarto onde minha mãe costumava passar nossas roupas. Quando abro a porta, uma dor imensa toma meu corpo. Engulo seco, o desespero começa; fico com a respiração acelerada.

Era ela, ela estava com uma faca em sua garganta, fazendo com que o sangue vazasse por todo o quarto. Minha mãe estava morta.

Começo a gritar, a gritar por desespero. A culpa que eu estava carregando naquele momento não tinha como se apagar. Pego em seu rosto, que estava branco, grito por ajuda. Minhas mãos estavam cheias de sangue. Grito para os vizinhos, avisando de que minha mãe estava morta.

Horas depois, a polícia chegou e lá estava eu em prantos, sentada no chão com uma coberta quente. Não conseguia parar de chorar e o policial à minha frente tentava conversar comigo.

— Olha, a senhorita podia me responder se já viu essa faca antes, por favor — o policial diz. — Por favor senhorita, responde, eu preciso que me responda.

Quando olho para o rosto do policial, um vazio imenso se espalhou por mim. Ele estava com pena, podia ver minha dor. Olho para alguém atrás dele e vejo Victor. Quando o mesmo me vê, ele chora. Nunca vi Victor chorar depois de muito tempo.

— Você está bem? Está machucada? — Victor pergunta, aos prantos, colocando as mãos em meu rosto.

— Sim, eu estou bem, mas mataram ela, Victor, mataram. — Falo chorando.

O policial se retira de perto de nós. Abraço meu irmão com muita força. Ele era minha única família agora e sempre vou amá-lo, independentemente de nossas brigas.

Era o funeral de minha mãe e Victor e eu estávamos de mão dadas, ajoelhados no caixão de nossa mãe, sentindo aquele aperto gigante, uma dor incurável. Olhando ao redor, estava nossa tia Flora, a única irmã da mamãe. Ela também estava chorando. Não é sempre que perdemos nossa única irmã. Estavam amigos próximos da minha mãe, menos ele, menos o meu pai.

Ele não estava lá e nem queria que estivesse.

Na hora do enterro, o mundo ficou em silêncio. Em silêncio para mim. Quem seria a mulher que veria filmes de romance comigo? Quem iria mandar eu me dedicar nos estudos? Eu estava sem rumo. O mundo parou ali.

Olho para meu irmão vendo o apertar seus punhos com um olhar de raiva, um olhar de vingança. Mas quando me viro para trás, eu o vejo de novo, meu pai estava lá.

Meu irmão percebe ele e nos seus olhos podia sentir seu ódio. Ele não queria aquilo e eu também não.

Meu pai se aproxima do caixão que está sendo jogando terra, e minha mãe estava lá dentro. Joga uma flor branca, aquela flor, aquela maldita flor era a que minha mãe mais odiava e ele sabia, dava para notar, dava para sentir o ódio em meus olhos.

Se passaram duas semanas e a gente iria perder a casa. Então estávamos arrumando a casa, tirando nossas coisas e faltava aquele quarto, o quarto onde ela foi encontrada morta, onde eu a encontrei. Abro a porta lentamente ouvindo barulhos.

— Dylan, isso não tem graça — Falo alto e claro, não demonstrando medo.

Ouço passos atrás de mim e...

— Ai que susto seu idiota, eu sabia — Coloco a mão em meu peito.

Fuja, Victoria Onde histórias criam vida. Descubra agora