Capítulo 12

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Capítulo 12

Simone

Me sinto de volta à adolescência, sentindo pela primeira vez as nuances e emoções de beijar alguém. O famoso frio na barriga, as borboletas em festa no estômago e o calor da pele dela tão pertinho da minha.

Que surpreendente é a vida e os caminhos pelos quais ela nos leva, não é? Agora, aqui junto da mulher que fui ensinada a odiar por toda a minha vida, me questiono se fiz certo todos esses anos. Soraya não é nada do que tem sido a tempos. Em quem eu via espinhos, agora vejo apenas uma bela rosa vermelha.

— Quando pretendia me contar que sempre gostou de mim? — Pergunto tirando um fiapo de cabelo solto do rosto dela.

— Não pretendia!

Rimos.

— Ah, Simone, convenhamos que não era algo que eu ia chegar e dizer, "olá minha inimiga mortal, acho que estou apaixonada por você" — Ela ri enquanto fala — Seria no mínimo catastrófico.

— É, realmente!

Nos perdemos na imensidão da linguagem dos olhos. Apenas uma conexão gritante no silêncio.

— Fascinante...fascinante como é atraente — Diz Soraya para mim — Agora sou eu quem digo: como nunca percebi isso antes?

— Acho que essa fala é minha, afinal, você gosta de mim há muito mais tempo.

— E você não?

— Eu não sei, assim como você descobriu, eu também preciso descobrir. Preciso revirar meu velho baú das memórias internas. Mas sei que isso não começou aqui — Pego uma das mãos dela e dou um beijo.

Passo nosso silêncio capturando as perfeições que o rosto dela sempre teve, temos: os lábios rosados, os olhos que me lembram os de onça, e todo o desenho do formato do rosto. Os cabelos tem luzes e o corpo...

— E se isso aqui evoluir? Eu nunca fiz isso! Nunca fiz nada parecido...

— Eu também não, acho que vamos precisar estar bem juntinhas assim — Chego pertinho dela ainda me acostumando — Para descobrir, o que acha? Quer ficar juntinha comigo? — Pergunto bem pertinho de seus lábios.

— É o que eu mais quero, agora — responde bem baixinho, me deixando beijá-la.

Subo minha mão pela nuca dela, segurando ali, acariciando enquanto nos beijamos agora intensamente. Puxei sua cintura para mais perto ainda de mim, sentindo ela se entregar ao beijo da forma mais quente e prazerosa.

— Mãe — Soraya e eu nos separamos bruscamente ao ouvir a voz de Bernardo.

Rapidamente nos ajeitamos da maneira que deu, tentando apagar qualquer vestígio de qualquer coisa. Foi até um pouco engraçado,

O rapaz abre a porta e coloca metade do corpo para dentro.

— Ah, vocês estão ocupadas? Não quero atrapalhar, posso voltar depois.

— Não, meu amor. Eu e Simone só estávamos conversando...— Nos entreolhamos —...estamos tentando uma convivência pacífica como acordo por ela ter ficado aqui.

Nos olhamos cúmplices.

— Verdade! — Concordo tentando miseravelmente desenvolver meus dotes de atriz — Era isso! Bem, vou ver alguns pacientes, vou deixar vocês sozinhos. Com licença.

— Ah, sim! Entendi! — Ele sorri para mim quando passo por ele.

Depois que Simone saiu, Bernardo e Soraya se sentaram.

Anatomy - Simone e SorayaWhere stories live. Discover now