Capitulo 28

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Betina está em casa, imersa em seus próprios pensamentos, lendo um livro somente com a luz fraca do abajur na sala, quando a campainha toca. Ela estranha o porteiro não ter interfonado e fica um pouco nervosa, mas vai até a porta e a abre, revelando Jordana do outro lado.

— Jordana? — Betina franze o cenho, surpresa. — O que faz aqui?

Jordana entra na casa de Betina com uma expressão preocupada, observando-a atentamente.

— Estava preocupada com você. — Sua voz é suave e cheia de cuidado. — Tudo bem?

Betina acaba sendo mais brusca do que pretendia, sua frustração transparecendo em sua voz quando responde:

— Já disse um milhão de vezes que estou bem, não é óbvio?

Jordana suspira, sentindo a grosseria de Betina, mas decide abordar a situação com calma. Ela se aproxima de Betina e pede desculpas por sua brusquidão.

— Desculpe se me intrometi. Não foi minha intenção. — Sua voz é suave, mas firme. — Podemos conversar?

— Desculpa... não... não quis ser rude 

As duas se sentam, e Jordana olha nos olhos de Betina com carinho, oferecendo-lhe um espaço seguro para compartilhar seus pensamentos.

— Você sabe que pode me contar qualquer coisa, certo? — Jordana tenta tranquilizá-la. — Estou aqui para você, não importa o que aconteça.

Betina abaixa o olhar, lutando contra a torrente de emoções que ameaçam transbordar. Ela finalmente admite seus medos mais profundos.

— Eu sei, mas... São tantos problemas de uma vez só, e eu... — Sua voz falha, e ela desvia o olhar, incapaz de encarar a possibilidade de decepcionar Jordana.

Jordana coloca uma mão gentil sobre a de Betina, transmitindo-lhe apoio silencioso e compreensão.

Betina vai até o bar da sala e serve um whiskey para Jordana, que aceita com um aceno de cabeça de agradecimento. Ela senta no sofá, observando silenciosamente enquanto Jordana dá um gole na bebida.

Suspirando profundamente, Betina resolve contar sobre seu tio. Ela começa falando sobre seu tio, explicando que ele é irmão de sua mãe apenas por parte de pai. Betina relata como ele ligou, culpando-a por todos os problemas que sua mãe, Paula, está enfrentando. A situação com sua mãe a deixou se sentindo desamparada e sozinha, e ela se sente grata pelo apoio de Jordana, mas ao mesmo tempo se preocupa em sobrecarregá-la.

— Meu tio... ele não era realmente meu tio, sabe? Ele era irmão da minha mãe, Paula, só por parte de pai. Minha mãe, na verdade, foi criada pela minha avó, que é a única figura materna que eu realmente conheci — começa Betina, sua voz vacilante.

Jordana bebe olhando ela que também bebia 

— Esse homem sempre foi perturbado, desde que me lembro. Quando eu era criança, ele aparecia de vez em quando. No início, eu não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas com o tempo, as coisas ficaram claras demais. Ele sempre estava atrás de mim na escola, como se estivesse me vigiando. Era assustador. — Betina faz uma pausa, fechando os olhos brevemente enquanto luta contra as lembranças. — Ele tentava se aproximar de mim de todas as formas possíveis, mas não era por amor ou cuidado. Ele queria ganhar dinheiro às custas da doença da minha mãe. Paula estava completamente perdida no vício, e ele via isso como uma oportunidade. — Betina respira fundo, sentindo a raiva e a tristeza se misturarem em seu peito.

Jordana observa Betina com atenção, sentindo a dor que ela está compartilhando.

— Eu lembro de uma vez, quando tinha uns quinze anos, ele apareceu na escola e tentou me levar embora. Disse que ia cuidar de mim, que ia me tirar daquele inferno. Mas eu sabia que era mentira, que ele só queria usar a situação para extorquir dinheiro da minha avó ou de qualquer outra pessoa que se importasse comigo. — Betina treme ao relembrar aquele dia, e Jordana a abraça, tentando acalmá-la.

ObsessãoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant