Especial I: Phil

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Perguntei e ninguém respondeu, mas independente de quem quis ou não, decidi trazer esse POV do Phil pra mostrar umas coisinhas que rolam "por detrás das câmeras".

Aviso de conteúdo: contexto sobrenatural, entidade sobrenatural.

Aviso de gatilho: pessoa embriagada, discussões, ataque físico.

Fiz esse capítulo com um certo medo de levar uma surra espiritual de quem apareceu nesse capítulo...

Se Moonvale vai ou não abraçar o fator sobrenatural eu não faço ideia, mas não tenham dúvidas: essa fanfic tem muito conteúdo sobrenatural ;)

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Incrível como todas as vezes que eu tentava consertar uma situação eu acabava piorando tudo em mil por cento. A adrenalina me obrigou a ficar sóbrio, de algum jeito que eu não entendia. Eric estava ao volante enquanto eu tentava fazer ela reagir, mas mesmo estando com os olhos arregalados e parados, Hana não me olhava, não falava e não se movia, e de repente eu tive mesmo medo de que ela estivesse infartando.

Assim que chegamos à única clínica geral de Duskwood - um hospital de verdade e mais próximo ficava em Colville, mas não dava pra esperar - Eric saiu correndo do volante e eu me obriguei a fazer minha coordenação motora funcionar para sair do carro e ajudá-lo a tirá-la do banco de trás para colocá-la na cadeira de rodas que uma enfermeira trouxe.

Eric começou a explicar a situação enquanto eu empurrava a cadeira clínica adentro até a triagem e de lá eu fui afastado pelos enfermeiros, observando do lado de fora quando a colocaram em uma maca e começaram a aferir sua pressão e batimentos. De repente seu pescoço começou a se virar em uma posição estranha, suas mãos se dobrando contra seu peito como galhos secos de uma árvore.

— Ela tá tendo um derrame?! — Eric perguntou alto, observando as coisas do meu lado.

— Rapazes, preciso que esperem na recepção, por favor — o médico gesticulou para que a gente se afastasse e eu senti meu estômago embrulhar quando a porta daquela sala se fechou.

— Você provavelmente deveria avisar a família dela.

— Ela não tem família em Duskwood.

— Bem, alguém tem que ser avisado. Não tem ninguém que cuide dela além de você e do Roger?

Ah, claro, aquele traidor de merda.

— Você provavelmente deveria...

Foi mais rápido do que eu conseguia processar. Quando vi a mão dele se aproximar do meu braço, o empurrei e me virei de frente, pronto pra descer o soco naquele idiota.

— Ô, relaxa — ergueu as mãos em rendição. — Mas é melhor enfaixar isso aí. Não é um ferimento simples de cicatrizar...

— Cuida da sua vida, Biggs.

— Eu cuidaria, mas parece que você e a sua turma sempre me obrigam a fazer hora extra. Ou acha que eu tava por perto porque somos bons amigos? — rebateu resmungando e se afastando.

Certo, ótimo, eu não precisava daquele otário enchendo o meu saco se não ia ajudar em nada. Eu precisava menos ainda que o idiota do Richy aparecesse porque teria que trazer a Jessy. Eu causei aquilo, era minha responsabilidade, não sairia dali até que ela ficasse bem de novo.

Quando me virei para voltar para a recepção avistei de longe, sentada nos degraus da loja de bebida do outro lado da rua, uma mulher vestida de branco, com um chapéu panamá da mesma cor. Cabeça baixa, mas eu tive a impressão de que estava me olhando. Engoli a seco. Estranho estar ali sozinha no meio da noite, chovendo.

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