Capítulo 119 - Leblon (Tudo Mudou Rápido Demais)

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Era meia noite quando o celular do Mateus tocou. Eu não tenho celular. Ele não deixava, não sei se por excesso de zelo, ciúmes ou pura provocação para me irritar. Agora ele deixa, não liga, mas eu não quero. Não tenho amigos, não posso falar com meus pais e não tenho rede social. O que eu iria postar? Meu namorado algemado na cama? Com o pau preso em um cinto de castidade? Não... Esquece! Além disso, tem os inimigos que estão sempre nos espreitando.

Ele me soltou e eu o prendi. Ele me dominava. Agora é a minha vez e é ele que usa cinto de castidade. Ele era poderoso, mandava em mim, mandava em tudo aqui, mas agora não é mais assim. Agora eu sou a Dona da porra toda! Mas ninguém sabe ainda...

Tudo começou depois que meus pais tentaram me resgatar, ele descobriu que estava apaixonado por mim e confessou que me amava e não conseguia mais viver sem mim, temia me perder. Logo, também não conseguia mais me manter presa em um cativeiro. Mas eu consigo. A gente se ama diferente. Eu o amo também. Mas não conta para ele. Engravidei, tomei a frente de tudo e agora o Cabeção é meu. Ainda não dá pra notar a barriga. Imagina quando der para notar? Vou fazer o Cabeção de gato e sapato e todo mundo vai ver.

Três anos se passaram. Hora de levantar...

- Tá na hora meu amor, feliz aniversário. Vamos ver teus pais.

- Humm... Vamos, mas me chupa pela última vez para eu gozar na tua boca.

- É o teu presente?

- Ahãm...

- Só você me soltar...

- Quem disse que eu preciso te soltar da cama?

Eu sentei no rosto dele, de frente, segurando os cabelos e enterrando seu rosto nas minhas entranhas até ele perder o fôlego. Até o meu gozo acabar.

- Vai me deixar gozar?

- Depois, já jantei, se esqueceu? Eu não tô com fome agora. Estamos em cima da hora...

Vesti a calcinha vermelha para combinar com as unhas, corpete, meias, ligas... Não é porque vamos viajar de moto usando roupas de couro que eu não vou usar a minha melhor lingerie (preta, rendada, transparente, cetim, veludo cotelê...). São as minhas armas!

Soltei o Mateus da cama, tirei as algemas dele e a coleira também. Hora de botar em mim para me exibir aos soldados. Por hora era conveniente manter as aparências. Colocamos a segunda pele de lã, os coletes a prova de balas, os coldres, as pistolas carregadas até o talo e os macacões de couro... Calçamos as luvas e as botas de corrida. Fazia frio, onze graus. Mas a gente estava preparado e ansioso para viajar.

Mateus beijou meus pés chorando no quarto, mas me levou com guia curta e algemada até a garagem. Ele me soltou da algema, botamos os capacetes e abaixamos as viseiras.

- Vai dar um rolé chefe?

- Vou, imbecil.

- Com esse frio?

- Cala a boca e vai abrir a p***a do portão. Avisa lá que estamos saindo.

- Quer escolta de dois, três ou quatro, chefe?

- Cinco, mas dessa vez me sigam. Se não conseguirem me seguir, vou matar todos de porrada na volta.

- Sim, Senhor, meu chefe.

Claro que eles não iam conseguir nos seguir, porque o Mateus dirige muito bem e ele ama correr de moto. Já foi soldado, piloto de fuga... Se eu não estivesse grávida, juro que ele ia quebrar o recorde de velocidade na Dutra. Mas seria fácil despista-los no trânsito de são Paulo.

*Vrum Vrum Vrum
vrummmmmmmm*

Partimos rumo ao Rio de Janeiro e exatamente às cinco da manhã entramos na Delfim Moreira. Ainda estava noite fechada e não havia viva alma na rua. Mas eu vi o mar e as estrelas. Paramos, tiramos o capacete e nos beijamos. Ele tirou a minha coleira e guardou. Não íamos precisar dela por enquanto...

- A gente podia fugir? Acelerar até algum lugar distante e desaparecer...

- Eu, você e a Bárbara?

- É menina?

- Acho que sim, a gente sente essas coisas.

- Vamos fugir?

- Não me tenta. Eles nos achariam e nos matariam em uma noite escura.

- Então vamos. Está na hora!

Atravessamos a rua de mãos dadas e usando os capacetes com as viseiras abaixadas para evitar as câmaras de segurança. Chegamos no prédio e tocamos o interfone.

- Oi pai, sou eu, a Beta. Abre a porta...

* BZzzz *

- Adeus, Cachorra. Cuida bem da Bárbara. Adeus.

- Espera. Onde você pensa que vai?

- Você não pode ficar comigo. Nem eu com vocês. Você sabe que não pode.

- Mas...

- Vou dizer que te matei e joguei teu corpo no rio. Cuida bem dela.

- Voce não pode ir. Está preso.

- Não importa.

- Toma, leva a chave do cinto de castidade.

- Não quero. Não precisa. Fica com você.

- Espera um instante...

Tentei dar um beijo nele. Já estava chorando. Mas Mateus correu para a moto, acelerou e sumiu sem olhar para trás. Nunca mais nos vimos.

+150 Nano Contos Eróticos e Fetichistas V. 2Where stories live. Discover now