Capítulo 16

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Maite Brown

Não, não, não. Não era para isso acontecer desse jeito, não, assim.

— Draco. – Brando desesperada. — Espera por favor! Deixa eu te explicar. Draco.

Porra, por as coisas são dão errado comigo? Por que isso teve que acontecer? Por que o destino resolveu me dar uma rasteira justamente agora. Não foi assim que eu imaginava que as coisas iriam desenrolar.

Quando acordei hoje pela manhã, todo o planejamento na minha cabeça, finalizar a operação "Água&Óleo", o nome pode ser feio, mas o significado por incrível que pareça tem haver com aquelas duas doidas.

Ambas são duas pessoas com personalidade semelhantes, contudo possuem uma densidade diferente, Danna, é o óleo, apesar de ter a menor densidade, nunca fica por baixo, ao contrário, sempre gosta de sair por cima, a última a ter a palavra. Enquanto, Charlotte, é a água mais branda, contida e transparente porém não se engane, é só ela virar a chavinha, que um tsunami surge.

Elas são opostas mas ao mesmo tempo se parecem em alguns aspectos, às vezes são como sal e pimenta, outras vezes são, manga e jaca, ao digerir eles dois juntos, podem causar dores intestinais.

Naquela manhã, tudo estava correndo normalmente na medida do possível, Danna iria me acompanhar para assistirmos a partida juntas como sempre desde que a primeira partida de Draco pela seleção foi transmitida em rede nacional.

Me lembro perfeitamente bem desse dia, sentadas no sofá, com duas listras de cores azul e vermelha pinta em cada lado das nossas bochechas, torci igual uma doida por ele, vibrei com ele fez o seu primeiro ponto, e fui ao delírio quando fez o último ponto da partida, levando a nossa seleção para a vitória.

Foi naquele instante que soube instintivamente que ele teria uma trajetória brilhante, com várias medalhas e troféus pela seleção. O talento que ele tem é algo impressionante, e vê-lo na quadra, jogando, dando seu melhor, como um líder nato que é.

Sendo minha parceira para qualquer coisa maluca que proponho, sabia que Danna iria me acompanhar, o grande problema, e o furo do plano em questão de longe é como convencer Charlotte de ir. Quando criamos o plano esquecemos esse pequeno grande detalhe, está ciente para todos há aversão de Charlotte por qualquer garoto daquele time, então convencer ela ir até o ginásio seria uma missão quase impossível.

— Há quanto tempo você está apaixonada por Draco? Na verdade, desde quando você conhece ele? – Charlotte questiona assim que senta no banquinho da cozinha.

Droga. Não esperava esse interrogatório hoje.

— Ele foi meu melhor amigo de infância. – opto ser sincera com ela. Não havia necessidade de mentir para Charlotte, não sobre Draco e os sentimentos que tenho por ele. — Nos conhecemos ainda na infância, e não tinha menor noção do que era estar apaixonada por alguém, ou amar alguém. Naquela época eu era inocente, via ele como outro rapaz qualquer, claro que sentia ciúmes dele, mas para mim era ciúmes de amigos, ou medo de perder ele.

— Quando isso mudou? – era a primeira vez que via ela tão séria, em sua fase não contém qualquer tipo de julgamento ou raiva. — E porquê não disse a verdade para ele?

— No momento em que recebi a notícia da sua partida. Ele era meu porto seguro naquela época, a pessoa que eu depositava todas as minhas frustrações, tristeza e alegria. Saber que eu ia perder isso, abriu meus olhos e mostrou que sempre esteve lá, na minha frente. Eu estava apaixonada por ele. – suspiro exausta.

Eu não pedi para isso acontecer, eu não pedi para me apaixonar de forma tão intensa assim, eu não queria isso para mim. Deus sabe como eu relutei contra esse sentimento a partir do momento em que reencontrei ele, era totalmente o oposto do que eu procurava, mas ao pouco fui me apaixonando pelo seu jeito bem humorado, sua humildade, seu humor engraçado, seu lado protetor e carinhoso, ele me conquistou sem ao menos eu perceber.

— Eu estava com raiva por ele ter esquecido de mim, da promessa que me fez, e só queria me vingar, aproveitei a oportunidade que surgiu, só não contava que todo aquele sentimento volta-se com tudo.

Mas que droga! Amar alguém com essa intensidade machuca demais. Como isso é possível, como pude me apaixonar dessa forma? Me questiono todos os dias sobre isso.

E como batalhar contra uma luta perdida, realmente achei que tinha superado, que todo aquele sentimento tinha acabado, mas hoje vejo o quão errada estava. Neste tempo estava mentindo para mim mesma, não esqueci por completo, sua face vive surgindo em horas inconveniente em minha mente, e por tentar superar esse sentimento, vejo que é uma luta sem fim.

Ele é uma droga, um maldito brigadeiro. Eu sei que não posso comer muito pois engordar, e querendo ou não mais faz mal a saúde, contudo é tão delicioso, a experiência do chocolate derretendo dentro da boca, é um prazer proibido que quero experimentar de novo, várias vezes, a cada minuto. Merda, estou viciada nele.

E por mais que tente virar essa página, eu não consigo. Não consigo virar a chave dentro da minha cabeça, não consigo de uma hora para outra esquecer todo aquele sentimento, a forma como eu ficava quando estava ao lado, ou o jeito que nós travamos quando estávamos à sós, os carinhos que trocamos.

Droga, eu gostava da sensação de segurança que me causava, estar ao seu lado parecia tão certo. Será que isso é amor?

— Você o ama. – confirma convictamente. – Sabe como sei isso? Seus olhos brilham quando você fala dele, quando você viu ele naquele dia, na festa, tu nem percebeu mas seus olhos falavam por você, e tudo o que diziam era amor. Negue quando você quiser mais você o ama. Seu sorriso diz isso, o seu corpo também.

Suas palavras calam fundo meu coração. A quem eu quero enganar. Eu o amo desde os meus quatorze anos. Ele foi o primeiro cara que beijei na vida. O que foi capaz de fazer meu coração disparar desde sempre. É loucura pensar que depois de tanto tempo meu corpo ainda responde aos seus toques.

— Ele deve ter contado sobre Lia. Apesar de tudo, não odeio, na realidade projeto minha raiva nele. A impotência que sinto desde o acidente de Lia, sinto culpa por tudo o que aconteceu. Era minha responsabilidade cuidar dela, prezar por sua segurança e falhei nisso. – as lágrimas encheram os seus olhos. A cor da face dela havia sumido, ficando totalmente branco.

Essa é a primeira vez que a vejo deixar de lado a máscara de frieza e de arrogância que utiliza todos os dias de lado. Na minha frente se encontra uma mulher marcada por uma tragédia, que carrega consigo uma grande culpa.

— Eu não odeio você ou sua amiga, na verdade não tenho nada contra vocês. – franze as sobrancelhas confusa ou tentando encontrar palavras para prosseguir sua linha de raciocínio. — Uma parte minha mudou depois do acidente, antes eu confiava nas pessoas, não via maldade alguma nos outros, e agora depois de tudo, optei por assim, uma pessoa fria, que não confia logo de cara, seletiva com quem escolhi para ser meu amigo.

— Por que está me contando isso? – pergunto intrigada. Essa Charlotte parada no batente da porta é totalmente diferente da pessoa que nos recebeu dias atrás.

A pessoa diante de mim, está mais aberta para ter diálogos, é mais emotiva, mesmo com a expressão duro que carrega estampada em sua face, ela tem um brilho diferente no olhar.

— Para você conseguir me entender melhor, sou uma pessoa difícil de se lidar, tenho plena consciência disso, mas ainda assim, não sou um robô como as meninas gostam de dizer, tenho sentimentos apesar de não demonstrar. – um alguns instantes sinto seu olhar viajar para longe. — Sei do seu plano, e não vou julgá-la por querer que a gente de de bem, mesmo achando que isso não vai dar certo, irei ajudá-la, e só me informar o quê devo fazer. Contudo, lhe darei um conselho, diga a verdade para Draco, seja honesta com ele, antes que ele descubra a verdade da pior forma possível, você perder-lo ou até mesmo sair machucada no final.

No final, Charlotte tinha razão. Eu deveria ter contado a verdade para ele, contudo, tive minha oportunidade tirada de mim por aquele energúmeno de Mike.

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⏰ Última atualização: Jun 05 ⏰

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