HELL AND BACK [ROMANOGERS]

5.

[N/A: Cheguei para essa minha querida história! Espero que gostem!!! Um beijo!]

Natasha não gostava de dar o braço a torcer, mas a estratégia de desviarem pelo estado de Nevada aparentemente tinha dado certo - estavam há dias sem sofrer nenhum ataque, nem emboscada.

Talvez fosse por estarem no meio do mais absoluto nada, sem sinal de rádio e sem ninguém por quilômetros e quilômetros. Porém, ao mesmo tempo em que isso significava menos perigo, também significava menos comida e menos recursos. Por serem cidades minúsculas, toda vez que conseguiam parar em algum lugar para comprar algo, as pessoas os olhavam desconfiadas.

Ela não tinha ideia de que horas eram, mas chutava que tinha passado e muito das dez da noite. Steve tinha conseguido acender uma pequena fogueira. Pelo frio que Natasha sentia, chutava que estavam nas imediações de um lago, mas no escuro era impossível ver. Havia uma cobertura grossa de árvores altas poucos metros para trás, o que a deixava em alerta. Na melhor das hipóteses, poderiam ser atacados por algum animal.

Sentiu um arrepio correr a coluna. As roupas estavam folgadas - tinha emagrecido uns quatro quilos desde que tudo tinha começado. A textura desagradável do cascalho sob as botas dela era incômoda - odiava não ter perspectiva de fim daquela merda, de não saber quando ia encontrar Clint, se conseguiria se manter saudável até lá.

Olhou para Steve. Ele tostava marshmallows na fogueira, concentrado. Natasha fitou os confeitos brancos na ponta de um espeto, sentindo raiva. Os últimos trocos dos bolsos dela tinham ido naquela porcaria. Sabia que acordaria morrendo de fome na manhã seguinte.

Rogers estendeu um marshmallow tostado na direção dela sem nada dizer. Natasha aceitou. Passavam a maior parte do dia daquele jeito - em silêncio. Trocavam uma ou outra palavra sobre o que fazer na cidade seguinte, mas não tinham tido de fato uma conversa. Ele era um homem extremamente sério, e apesar de saber que podia confiar nele, Natasha não se sentia confortável. Não sabia se, dada a circunstância, ele não a deixaria para trás tal qual tinham feito com Maria. Mas aí, bem, não poderia culpá-lo - provavelmente o deixaria, também.

~

Após extinguirem a fogueira, entraram no carro da vez - uma SUV preta surrupiada de um estacionamento de supermercado. O plano, como todos os outros dias, era revezarem. Naquela noite em específico, Romanoff ia dormir, e Rogers dirigir.

"Antes de irmos," ela disse enquanto se enrolava no único cobertor que tinham "não acha que deveríamos ir para Vegas?"

Rogers olhou para frente, e naquele momento ela sabia que ele a achava uma idiota.

"Antes de dizer que não, pense." Ela ergueu a mão esquerda. "É uma cidade maior. Vai ser mais difícil nos encontrar. Além do mais, é mais fácil conseguir recursos."

Ele não respondeu imediatamente, então ela insistiu.

"Preciso de roupas novas, um banho decente, uma boa noite de sono numa cama também não seria de se jogar fora. Também precisamos de dinheiro."

"E o que você sugere? Não podemos simplesmente nos hospedar num hotel."

Ela sorriu sem humor.

"Deixe comigo."

~

Ao chegarem em Las Vegas, Natasha imediatamente se pôs a trabalhar, e Steve logo percebeu por que a SHIELD a usava para as missões de Viúva Negra. Em roupas formais e salto alto, ela era uma visão. Era até um pouco idiota, porém muito real, a noção de que uma mulher bonita conseguia distrair muita gente e conseguir qualquer coisa com um belo sorriso.

No fim do primeiro dia, ela tinha conseguido convencer o hotel inteiro que ela e Steve eram os novos dealers do cassino, quase sem chamar atenção. Ninguém ousava perguntar duas vezes, ela era estranhamente persuasiva.

Antes da noite de trabalho, ela tinha conseguido bloquear das reservas um quarto duplo, onde puderam tomar banho e tirar uma boa soneca com privacidade, principalmente um do outro. Além do mais, tinha conseguido cobrar favores da cozinha e conseguido alguns itens não perecíveis. Como tinha conseguido aquilo em apenas algumas horas? Steve não tinha ideia.

Era uma pena que provavelmente teriam que ir embora dali em poucos dias.

Outra coisa que podia parecer boa a princípio era o fato que a SHIELD não parecia estar por ali. Porém, Steve enxergava mais longe - eles não iam simplesmente desistir, então algo mais grave tinha acontecido e tirado o foco do paradeiro dele e de Natasha.

Apesar disso, o mundo continuava girando como se nada estivesse acontecendo. Mal se falava da tal doença nas notícias.

~

Passava das duas da manhã. Os hóspedes bêbados nem sequer percebiam que tanto Steve quanto Natasha estavam sumindo com muito mais dinheiro deles do que deveriam, principalmente Romanoff. Alguns sequer lembravam de apostar fichas, jogando notas inteiras de cinquenta e cem dólares, que as mãos ágeis dos falsos dealers pegavam sem pestanejar.

Olhou para o lado. Natasha sorria largo para um dos jogadores bêbados que estava dando em cima dela. Reparou quando o homem estendeu uma nota de cem e colocou no bolso do blazer dela, exatamente na altura do seio esquerdo. Natasha nem hesitou. Era exatamente aquela reação que procurava do imbecil que achava que a levaria para cama.

~

Estava esperando os jogadores terminarem sua rodada quando algo chamou a atenção. Havia uma mulher vomitando violentamente no canto. Vários amigos dela riam, pensando se tratar de álcool, mas no tempo da prática médica, Steve tinha visto bêbados vomitando o suficiente. Não era o caso.

Se não se enganava, tinha escutado uma das garotas daquele grupo dizer que eram da Califórnia. Instantaneamente, os alarmes soaram na cabeça dele.

Enquanto distribuía as cartas novamente, olhava pelos cantos dos olhos para ver se havia outra coisa suspeita. Não demorou nada, os olhos pousaram em um rapaz apagado em cima de uma mesa. Poderia ser só um bêbado qualquer, se a pele não estivesse esverdeada, no ritmo anormal de decomposição que ele e Romanoff tinham visto dias antes. Além do mais, a moça que estava vomitando tinha estado aos beijos com o rapaz morto pouco menos de duas horas antes.

Se retirou de fininho enquanto os bêbados riam alto, andando poucos passos até Natasha. Pediu licença para o hóspede bêbado, que já tinha uma mão em volta da cintura da mulher. O homem não gostou, mas Steve não se importava. Falou no ouvido da colega,

"Tem ao menos dois infectados aqui. Temos que sair. Em menos de duas horas, esse salão inteiro vai começar a vomitar e apagar."

Ela o olhou decidida.

"Pegue um carro. Te encontro lá fora em três minutos."

Foi exatamente o que Steve fez. Se fingiu de manobrista e foi até o estacionamento, pegando o primeiro carro grande que viu. Natasha podia desarmar o rastreador no meio do caminho. Talvez o dono nunca chegasse a perceber que o carro tinha sumido, se fosse contaminado logo.

Em cinco minutos, tinham saído de Las Vegas com os bolsos cheios de dinheiro, sacolas de roupas roubadas e comida surrupiada da cozinha. Ainda assim, o coração de Steve batia descompassado. Não estavam mais fugindo da SHIELD. Estavam correndo contra a contaminação.

O inferno estava apenas começando.

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