✨ Capítulo 02 - Napoli Sotterranea

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A cidade estava barulhenta, mesmo escondida por trás de uma cortina pesada e escura, era possível sentir a pulsação de vida que se desenrolava nas ruas apertadas e lotadas de Napoli

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A cidade estava barulhenta, mesmo escondida por trás de uma cortina pesada e escura, era possível sentir a pulsação de vida que se desenrolava nas ruas apertadas e lotadas de Napoli. O quarto até que era confortável, embora não estivesse ali para se preocupar com conforto a essa altura da vida, Rose preferia estar em seu próprio quarto. Por uma brecha entre a cortina pesada, observou uma fresta do entardecer se alongando como uma serpente pelo piso colorido de azulejos pintados artesanalmente. Um calafrio o fez hesitar por um instante. 

Ouviu quando alguém no quarto ao lado arrastou algo pesado, o som estridente o fez lembrar dos compromissos. A realidade o chamava, como um som irritante de móveis arrastando em uma mansão velha. O hotel estava com capacidade máxima de lotação, não era preciso pensar muito para averiguar isso. Aquela época do ano coincidia com um grande fluxo de turistas ansiosos para conhecer Vesúvio, o gigante adormecido que se mostrava imponente na paisagem costeira da cidade. Um aroma de comida tomou conta do cômodo sem pedir-lhe licença e seu estômago vazio o fez rolar na cama entre os lençóis brancos e roupas amontoadas em uma bagunça particular. Ao se erguer da cama, se sentando na beirada, deixou que a fresta de luz tocasse sua pele, percorrendo a barriga que gentilmente ele costumava chamar de pancinha, até a altura do peitoral salpicado com alguns pelos recém aparados, tocou por alguns segundos as cicatrizes que eram duas linhas finas, rosadas e lisas abaixo de cada peito, já estava habituado a reservar momentos de observação e carinho consigo mesmo. 

Saindo da portaria do hotel, esbarrou em duas senhoras alarmadas com o preço da estadia, ao redor delas, mais pessoas se espremiam ou se esbarravam em conversas confusas, uma mistura densa de idiomas de toda parte. Rose soltou um riso curto ao lembrar-se que já vivenciara o melhor das aventuras em terras italianas. Observou a si mesmo no reflexo espelhado de uma loja de vestidos e joias que ficava do outro lado da rua. Entre vultos velozes de carros minúsculos e coloridos e motocicletas barulhentas, reparou o melhor de si: a camisa de tecido fino, um tom de lilás que combinava com as cores do crepúsculo agitado da cidade, optou por uma bermuda bege que abraçava suas pernas na altura dos joelhos. Precisava se misturar com centenas de turistas e diante do clima quente, sua primeira opção de vestimentas não era muito adequada. Tinha que ficar invisível, mesmo sem possuir esse tipo de poder.

Algumas ruas adiante, descendo uma leve inclinação da cidade, observou o topo de Vesúvio encoberto por uma fina cascata de nuvens brancas que se dissolviam e revelavam por poucos segundos a beleza sombria de um dos vulcões mais temidos pela humanidade. Chegou ao restaurante, um aglomerado de mesas e cadeiras sobre a calçada indicava que estava cheio. O estabelecimento parecia disputar espaço entre casarões antigos igualmente movimentados, das janelas, roupas, flores em vasos decorados e coloridos e varais disputavam para chamar a atenção de quem passava.

Rose era bonito, aos 37 anos exalava uma beleza hipnotizante, que se não fosse por suas roupas esvoaçantes e coloridas, na maioria das vezes estampadas, seria por seu olhar firme e seguro por onde passava. Homens e mulheres o fitavam discreta ou indiscretamente. E ele gostava disso. Aprendera a usar a seu favor algo que não o definia como um todo.

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