Novas Alianças

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Pensei que as duas cervejas que tomei antes de sair de casa fossem fazer algum efeito. Achei, muito malmente, que teria pelo menos sono, mas o que ganhei foi uma chata dor de cabeça, que aumentava a cada vez que via os km mudarem. Sentia que estava indo para a forca e nada, nem ninguém poderia aparecer de surpresa e me salvar.

Do meu lado tinha uma Juliana adormecida, cujo volume do celular era tão alto que mesmo com o som do rádio ligado, ouvia seu The Killers tocando como se nunca. Ela parecia estar tranquila, se sonhava, sonhava com algo bom.

E eu... ah... estava lutando com a tontura do álcool, enjoo de viajar, a dor de cabeça, irritação e vontade de chutar trezentas latas de lixo. Parece draminha de filme americano, mas se eu conseguisse fazer isso, não quase mandaria as pessoas se fuderem. Essa sou eu hoje e essa era eu desde o momento em que minha avó ligou avisando que iriamos sim para esse casamento. Tentei argumentar, usei de tudo que conhecia (tudo razoavelmente aceitável) e nada. Agora estou aqui no banco de trás do carro da tia Carmen, com minha avó no lado do carona.

- Tia Carmen – chamei. – será que podemos fazer uma parada no próximo posto de gasolina? – duvido que elas queiram parar, porém necessito respirar.

- Carol, nós já estamos chegando. – ela olhou pra minha avó, como quem pede ajuda.

- Por favor, tia Carmen. – tentei apelar e usar uma vozinha pidona. – Não estou aguentando segurar mais. – menti.

- Carmen, melhor pararmos. – minha avó se intrometeu e nem me perguntou se estava bem ou não. – Ali perto tem um posto. Não é bom, mas deve ter um banheiro.

Tia Carmen só balançou a cabeça concordando. Se estivéssemos sozinhas, como várias vezes nos anos de minha infância, duvido que ela pararia.

Juliana acordou no mesmo instante que o carro foi estacionado na frente de uma lanchonete antiga. Lembro de ver esse posto de gasolina, mas nunca parar nele, afinal estávamos de fato perto do nosso destino. Infelizmente!

Sai do carro e fui procurar o tal banheiro. Não estava necessitando visita-lo. Nem com vontade estava, no entanto precisava sair do carro e respirar sem as outras companhias. Também precisava arrumar um jeito de parar de tremer e só havia uma maneira de fazê-lo.

- Sabia que tinha descido do carro só pra isso. – falou Juliana quando saiu do banheiro. – Acho que deixei meu isqueiro no carro, me empresta o teu? – acendi seu cigarro e ficamos ali, olhando minha avó e tia Carmen conversarem dentro do carro.

- Você está tremendo pra caralho. Ainda não melhorou? – disse depois que joguei minha bituca na lixeira.

- Duvido que vá melhorar. – respondi. – Evitaria se eu não estivesse aqui ou indo para onde estamos.

- Carol, como evitar? Já conversamos sobre isso várias vezes, não tem como evitar ir no casamento do seu padrasto.

- Claro que tem, mas você pensa igual minha vó.

- Ei, - ela jogou o resto do cigarro dela no lixo e veio me abraçar. – vai passar. Só serão algumas horas. Só um oi e tchau.

- Como se fosse só isso. Um casamento dura uma eternidade. – tanto na cerimonia quanto na vida útil deles.

O som da buzina do velho Honda Civic ecoa. Alto demais. Óbvio que era tia Carmen. Olhei para o carro e só vi a mão de minha avó fazendo o sinal para nos aproximarmos.

Esse era meu último respiro antes de chegar no destino que quero evitar dizer o nome.

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Curiosamente, quando entramos no carro, após irmos ao "banheiro", consegui pegar no sono. Quando acordei, já estávamos na garagem da tia Carmem.

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⏰ Última atualização: Jun 16 ⏰

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