capítulo 11

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Abro a porta de nossa suíte o mais silenciosamente que posso. Emma ainda não estava acordada quando finalmente desisti de esperar por ela e fui pegar algo para comer, mas ela está agora, sentada no sofá, só de cueca e top. Há tanta pele bronzeada para captar que isso faz meu pulso disparar. Vamos ter de conversar sobre o que aconteceu ontem à noite — o beijo e o fato de termos dormido juntos toda a noite, encolhidos como um par de parênteses —, mas provavelmente seria muito mais fácil se pudéssemos simplesmente pular a conversa embaraçosa e ir direto para os amassos novamente.

— Oi — digo baixinho.

— Oi.

Seu cabelo está uma bagunça, seus olhos estão fechados e ela está recostada como se concentrada somente na própria respiração ou no planejamento de uma petição para proibir todas as vendas de mai tais por 1,99.

— Como está a cabeça? — pergunto.

Ela responde com um grunhido rouco.

— Eu lhe trouxe umas frutas e um sanduíche de ovo — digo e mostro uma caixa de papelão, com mangas e frutas vermelhas, e um pacote embrulhado com o sanduíche.

Ela olha para ambos como se estivessem recheados com frutos do mar de um bufê.

— Você desceu para comer? — pergunta. A continuação “sem mim?” está claramente implícita.

O tom dela é de babaca, mas eu a perdoo. Ninguém gosta de sentir a cabeça latejando.

Deixando a comida na mesa, vou para a cozinha para pegar um café para ela.

— É, eu esperei por você até por volta das nove e meia, mas meu estômago estava digerindo a si mesmo.

— Sophie viu você sozinha lá?

A sensação é a do tranco de uma freada brusca. Eu me viro para encará-la por sobre o ombro.

— Hum, o quê?

— Só não quero que ela ache que há problemas em nosso casamento.

Passamos toda a tarde de ontem falando a respeito de como ela está melhor sem Sophie; ela me beijou e, nesta manhã, está preocupada com o que ela pensa. Incrível.

— Você está se referindo ao nosso casamento falso? — pergunto.

Emma esfrega uma mão na testa.

— Sim, exatamente — ela responde, abaixa a mão e olha para mim. — Então?

Trinco os dentes e meu peito fica apertado. Isso é bom. Sentir raiva é bom. Eu consigo sentir raiva de Emma. É muito mais fácil sentir raiva do que sentir as borboletas apaixonadas.

— Não, Emma, sua ex-namorada não estava no café da manhã. Nem o noivo dela, nem algum dos novos amigos que você fez no saguão ontem à noite.

— Os o quê? — ela pergunta.

— Esquece.

Obviamente, Emma não se lembra. Ótimo. Podemos fazer de conta que o resto também não aconteceu.

— Você está de mau humor? — ela pergunta.

Solto uma risada seca e sarcástica.

— Se eu estou de mau humor? Está falando sério?

— Parece chateada…

— Pareço?

Respiro fundo e me aprumo. Pareço chateada? Emma me beijou ontem à noite, disse coisas gentis, insinuando que talvez tivesse querido fazer isso há muito tempo, e depois apagou. Agora, ela está me interrogando a respeito de quem pode ter me visto pegando comida sozinha no restaurante do hotel. Não acho que minha reação seja exagerada.

imperfeitos - JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora