14 - Coronel

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Miguel.



Logo depois que eu saí da escola, recebi uma ligação da minha mãe. Ela é cientista, sempre esteve envolvida com pesquisas importantes, mas dessa vez a situação é diferente. A voz dela, normalmente tão firme e confiante, estava carregada de medo. Ela disse que o governo a isolou para estudar o vírus e que ela mandou alguém me encontrar pra me proteger.

O nome dele era Gregory sla oque,ele deve ter uns 40 anos, acho que é russo, ele é alto pra caralho, e é todo cheio de músculo. Estávamos tentando sair da cidade quando quase atropelamos Maya e seu irmão.

- Vocês conseguiram! - Talita disse quando viu Lisa e Sarah entrando no apartamento

Logo em seguida elas são recebidas com abraços e comprimentos.

- Nem parece que nos vimos de manhã cedo. - digo. Felizmente já estavam todos aqui, seguros.

- Aquelas coisas estão por todo lugar. - Sarah comenta.

Nunca vi tanta destruição, até antes de hoje eu nunca tinha visto ninguém morrer, pelo menos não tão brutalmente, as ruas estavam uma loucura, carros incendiados, comércios sendo roubados, brigas. As pessoas estavam atacando umas às outras para garantir a sobrevivência. Talvez esse vírus seja o próprio instinto humano, descontrolado.

Gregory estava me olhando de braços cruzados, apoiado em uma das estantes da sala, parecia irritado. Logo em seguida foi em direção a cozinha. Meio que eu peguei o carro escondido dele para buscar Lisa e Sarah, esse guarda costas que minha mãe contratou quer ficar me seguindo pra cima e pra baixo, é só um apocalipse não o fim do mundo. O sigo até a cozinha.

- Foi mal ai, mas eu precisava que ficasse aqui. - me explico, enquanto procuro algo pra comer.

- Garoto, eu preciso te entregar bem. - queria ter o sotaque que ele tem. - o governo garantiu pra sua mãe que você estaria protegido.

- Como? Ainda não percebeu que não tem ninguém protegido. - retruco, olhando nos olhos dele.

- Minha missão é te levar até uma base militar ao norte, umas três horas daqui. - Ele estava falando em um tom mais baixo.

- Aqui eu estou protegido.

- Não posso falhar nessa missão garoto, e seus amigos não podem saber da base - ele diz, abrindo uma lata de cerveja. - Não deixariam tanta gente entrar.

- Se falhar...será que vão te rebaixar de cargo?! - Acho que às vezes sou meio insuportável, porém pau no cu dele.

- Moleque mimado. - ele vira e sai da cozinha,

Geralmente a empregada de casa faz oque eu quero comer, mas vai saber Deus onde essa mulher está agora, e não tem nada fácil. Minha mãe enche meu saco pra não comer bolachas, salgadinhos ou até mesmo beber refrigerantes. E meu estoque no quarto acabou, que porra.

Enquanto remexia os armários, ouvi o som da TV na sala. Noticiários mostrando mais caos, mais destruição. Pessoas correndo, gritos, explosões. Parecia um pesadelo sem fim. Encontrei uma lata de atum e comecei a abrir, quando Alice apareceu.

- Se eu falhar nessa missão, Miguel, Mimimi Miguel. - diz, sentando em uma das cadeiras na cozinha.

- vai encher o saco de outro, Alice. - respondi, meio irritado. - Oque tu quer??

- Nada não, só queria te perguntar...

- Perguntar o'que? - Não suporto essa garota, prefiro o velhote do Gregory.

- Porque não saiu da cidade quando teve a oportunidade?

- E ir pra onde? O país todo está infectado.

A Terra Depois de NósOnde histórias criam vida. Descubra agora