41| Eu vou até o Brasil por você.

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| Los Angeles, Hollywood
Quarta-feira - Tarde.
Às 12h56.

ㅡ Ei, vizinha! ㅡ Noah sorriu para mim assim que cheguei perto dele, notando que ele já estava em frente ao seu carro e parecia me esperar. ㅡ Eu fiquei te esperando.

ㅡ Desculpa. ㅡ Pedi, prontamente. ㅡ Aquela ligação era importante e eu precisava atender. E acabou que ela terminou no mesmo momento que o sino tocou.

Noah assentiu, abrindo a porta do carro.

ㅡ Está tudo bem?

ㅡ Não muito. ㅡ Fui sincera, desejando conversar com alguém que fosse de confiança sobre aquele assunto. Noah é de confiança. ㅡ O que acha de fazer algo diferente?

ㅡ O que tem em mente?

ㅡ Não quero perder tempo cozinhando. ㅡ Sugeri, subindo e descendo minhas sobrancelhas sugestivamente.

ㅡ Eu tenho uma ideia.

O bom era que o Noah parecia entender meus sinais e gostava disso.

Entrei no carro em seguida, colocando minha bolsa no banco de trás quando Noah entrou no carro e deu logo a partida. Olhei para a janela por alguns segundos, me sentindo uma idiota por aquela ligação ter me afetado tanto.

Fazia anos que meu pai não me ligava, muito menos se importava a que distância eu estava dele.

ㅡ Quer me contar o que aconteceu?

ㅡ Era meu pai no telefone. ㅡ Soltei, voltando a olhá-lo. ㅡ Bom, o homem que se diz meu pai, na verdade. Faz 12 anos que eu não tinha contato nenhum com ele até o momento.

Noah arregalou os olhos, atônito.

ㅡ 12 anos?

ㅡ Meu pai se afastou da nossa família quando minha mãe foi embora das nossas vidas. ㅡ Confessei, sentindo um aperto atingir meu peito em cheio. ㅡ Quando minha mãe foi embora eu só tinha 5 anos, não tenho lembrança sólida alguma que me faz ter ela por perto. Não como a Liby.

ㅡ Sol, eu... ㅡ Interrompi ele.

ㅡ Eu fui criada pela minha madrinha e pela Liby, praticamente. Liby já entendia das coisas então começou a estudar bastante para que eu tivesse um exemplo, assim como minha madrinha agia como se fosse minha mãe. Houve um tempo que eu chamava ela de mãe, mas ela sempre deixava claro que ela era apenas minha madrinha que me criava. Com o tempo, passei a entender isso, mas também entendi que não era importante para meu pai. Por isso eu passei a esquecê-lo.

ㅡ O que ele queria quando te ligou? ㅡ Noah virou uma esquina, ao mesmo tempo que me olhava por breves segundos.

Soltei uma risada quando me lembrei, balançando minha cabeça negativamente.

ㅡ Ele quer que eu volte para o Brasil.

Noah parou o carro bruscamente quando eu terminei de contar, me assustando.

ㅡ Noah! ㅡ Gritei, pondo a mão no peito. ㅡ Puta merda, Noah! Que susto!

ㅡ Desculpa. ㅡ Pediu, passando as mãos pelos cabelos. ㅡ Desculpa, eu pensei ter ouvido errado. Ele quer que você volte?

Concordei, podendo vê-lo engolir em seco antes de voltar a dirigir.

ㅡ E... ㅡ Ele engoliu em seco de novo. ㅡ E... E você vai voltar, Sol?

ㅡ Não, Noah, em hipótese alguma. ㅡ Neguei rapidamente, notando seus ombros se encolheram em modo aliviado. ㅡ Não faz sentido eu largar minha vida aqui por causa de uma ligação idiota do meu pai. Ele, simplesmente, fingiu que eu não existia durante anos, por que eu largaria tudo por um pedido dele?

Olhei pela janela, percebendo que estávamos parados em uma pequena fila de carros.

ㅡ Onde estamos?

ㅡ No McDonald's, ora essa. ㅡ Noah soltou uma risada, apontando para frente. Só havia dois carros em nossa frente. ㅡ É tipo uma daquelas entregas rápidas.

ㅡ Achei que só existisse em filmes.

ㅡ Vantagens de morar na cidade onde, literalmente, a mágica dos filmes acontece. ㅡ Brincou, parecendo empenhado em me distrair. ㅡ Olha, Sol, não digo que não estou feliz em saber que você não vai voltar.

Encostei minha cabeça no banco do carro, me virando em sua direção.

ㅡ Pensei que pudesse me abandonar.

ㅡ Abandonar? ㅡ Repeti, balançando minha cabeça negativamente em modo rápido. ㅡ Não, Noah! Eu nunca faria isso.

Noah se tornou importante para mim em questão de poucos dias, então eu jamais pensaria em me afastar dele logo depois de descobrir o que eu sentia.

ㅡ Que vizinho me irritaria tanto assim no Brasil?

ㅡ Eu sei que sou único. ㅡ Ele passou a mão pelos cabelos de um jeito convencido, abrindo um sorriso presunçoso. ㅡ Você se tornou importante para mim, vizinha, então eu não desejo que se afaste de mim até que tenha certeza disso.

Levei minha mão até a dele, tocando em sua pele quente, ignorando o ritmo frenético do meu coração.

ㅡ Eu não vou embora, Noah. ㅡ Garanti, curvando meus lábios em um sorriso. ㅡ Minha vida é aqui em Los Angeles. Minha vida é aqui... Com você.

Noah abriu um sorriso tão grande para mim, da mesma forma que seus olhos fizeram o mesmo. Suas íris foram tomadas pelas suas pupilas, trazendo meu coração até a boca ao saber exatamente o que aquilo significava.

Naquele momento, parecia que o mundo ao nossos redor parou para prestigiar o que acontecia com a gente. Só tínhamos eu e o Noah naquele momento, nada além de nós dois.

Não ouvíamos mais nada ao nosso redor, embora o local esteja em completo silêncio. Nossos olhos pareciam falar mais que palavras, além dos nossos lábios que desejava um ao outro.

ㅡ O que você fez comigo, vizinha? ㅡ Sua voz grave ecoou pelo carro, ao mesmo tempo que eu me arrepiava por inteiro.

Tudo se passou como um filme em minha cabeça. Minha chegada em Los Angeles, novos objetivos, novos desafios, novas promessas de vida... Era tudo novo.

Até aquele sentimento que construí pelo Noah.

ㅡ Eu te faço a mesma pergunta, Noah. ㅡ Concrentizei, enclinando meu corpo na direção dele.

Ele repetiu meu ato, tocando sua mão na minha cintura me puxando em sua direção. Minha mão tocou seu peitoral pela pouca distância que nos seperavam, como se fosse um imã nos puxando para o outro, quase nos fundindo.

Eu já podia sentir sua respiração quente tocando minha pele, ao mesmo tempo que seus dedos ásperos dedilhavam a região da minha cintura.

ㅡ Não se afaste de mim, Sol, por favor. ㅡ Implorou, umidecendo os lábios com a língua. Desci meus olhos para aquela região, com o desejo crescendo no meu peito. ㅡ Eu estou completamente louco por você e não vou aguentar caso vá para longe.

ㅡ Eu amo o Brasil, mas minha vida a partir de agora é aqui. ㅡ Decretei, erguendo minha mão para tocar sua bochecha. ㅡ Você já sabe disso, Noah, eu não vou embora daqui de jeito nenhum. Não quando tem um vizinho irritante que me faz bem.

ㅡ Caso um dia você volte... ㅡ Sussurrou, deslizando seus dedos pela minha cintura. ㅡ Eu vou até o Brasil por você.

ㅡ Noah...

ㅡ Meu coração pertence a você a partir de hoje, vizinha. Só a você. ㅡ Confirmou, soltando aquelas palavras tudo de uma vez. ㅡ Só você tem o poder de cuidá-lo, guardá-lo e até mesmo machucá-lo. Eu sou completamente apaixonado por você, vizinha. Completamente.

•••

Meu Vizinho | Reescrito.Where stories live. Discover now