will you be my friend?

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Seul, dias atuais



Seonghwa pode ter subestimado a reação que se escondeu nos olhos de Wooyoung, tampouco imaginou que o Mercenário seria um peão fácil de manipular.

A sua casa, palco de tanta tensão entre eles, agora abrigava uma reunião silenciosa e carregada. Todos se aglomeraram em torno da grande mesa de carvalho da sua sala, o ar espesso e carregado de frustração após a tentativa fracassada de convencer Wooyoung a se unir aquela missão. Seonghwa, com a mente ainda turva, não conseguiu afastar a sensação de que tinha ultrapassado um limite invisível e perigoso ao envolver San naquela situação. O plano, uma vez simples, agora parecia ter abrido portas para lugares onde ele não gostaria de ir. Lugares onde nem mesmo a melhor de suas jogadas poderiam previr.

Ele desconhecia a teia de ressentimentos e histórias compartilhadas entre San e Wooyoung, mas uma coisa era certa, o dono da livraria realmente era a chave para os segredos de Wooyoung. Os poucos rastros deixados pelo Mercenário eram migalhas espalhadas em uma floresta sombria, depois de breves registros em Busan anos atrás, Wooyoung tinha apagado qualquer forma de localizá-lo pelos seus meios. Ele nem sabia como o amigo ainda atuava, já que era impossível contatá-lo, mas Seonghwa sabia que as pessoas certas conseguiam chegar a Wooyoung quando precisavam, no entanto, Seonghwa não tinha tempo para pensar a respeito, ele estava determinado a qualquer custo e seguir as pistas deixadas quase apagadas por Wooyoung até encontrar San pareceu o caminho mais fácil.

Mas,  no momento em que os olhares de San e Wooyoung se cruzaram, Seonghwa percebeu seu erro. A tensão no ar era palpável, como um fio prestes a se romper, e Wooyoung, normalmente impenetrável, parecia um vulcão à beira da erupção. Completamente instável e perigoso para aqueles ao redor.

Seonghwa subestimou o impacto desse encontro. Wooyoung, com os nervos à flor da pele, reagiu como um animal encurralado. Ele sabia profundamente que o mais novo nunca recusaria um pedido seu, especialmente quando a vida de Hongjoong estava em jogo, mas agora, diante do encontro com San, ele pareceu um completo estranho. Talvez, ao trazê-lo para esse jogo, Seonghwa tenha ativado um mecanismo de defesa profundo em Wooyoung, algo que ele não previra e que agora ameaçava desfazer todos os seus planos. Pois, naquele galpão abandonado, Seonghwa não encontrou o antigo amigo de anos que viu crescer o homem que ele era. Não, ele olhou nos olhos de um oponente, de alguém que, ao contrário de si, não hesitaria em puxar o gatilho para proteger quem ele deveria.

ㅡ É isso? ㅡ Mingi indagou, chamando a atenção cruzando seus braços a altura do peito e encarando Seonghwa, com uma expressão séria no rosto. ㅡ Por que deixamos ele ir assim?

ㅡ Você seria capaz de segurar ele, Mingi? ㅡ o mais velho devolveu, sem comoção. Os outros olharam entre os dois, ocupando lados opostos da mesma mesa. Mingi soprou uma risada sem humor.

ㅡ Sim, eu acho que sim. É só o Wooyoung!

Seonghwa balançou a cabeça lentamente, puxando o ar com dificuldade, como se cada respiração carregasse o peso de suas preocupações, o peso do seu luto silencioso e doentio. Não deveria ser daquela forma. Eles não deveriam estar discutindo em uma sala, Seonghwa sabia bem. A tensão nos ombros de Mingi era visível, mesmo que ele tentasse escondê-la,  como um fio de eletricidade prestes a se romper, alimentado por dias intermináveis de planejamento meticuloso, apenas para ver seus esforços desfeitos por um mero capricho.

E, o que aquilo significava para O Sombra. O que ter o controle da situação tirado do seu domínio despertava nele. Por mais que gostasse de encobrir seus sentimentos como seu codinome denunciava, Mingi era o mais transparente entre eles. O mais minucioso também. Ele não cometia erros e seguia estritamente o plano em qualquer situação, como uma sombra, Mingi era único e imutável. Alguém que via certezas como o clique de uma arma direcionada a um alvo ou o corte de uma lâmina afiada. Sem questionamentos, Mingi fazia o que precisava para o fim.

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