𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 𝐅𝐈𝐋𝐇𝐀 𝐃𝐄 𝐅𝐀𝐌𝐎𝐒𝐎𝐒!¡

𝐲𝐚𝐬𝐦𝐢𝐧 𝐛𝐫𝐮𝐧𝐞𝐭 𝐞 𝐦𝐞𝐝𝐢𝐧𝐚.

sua mãe te abandona e volta
depois de 16 anos.
[seu nome], 15 anos.

[seu nome], ponto de vista.

Olho ao redor daquele hotel imenso. Ele è enorme e muito bonito. Enquanto meu pai pega a chave do quarto, eu estou sentada em uma poltrona, quase dormindo. Viemos para o Rio. Rio de Janeiro è uma das cidades mais lindas que eu já conheci e essa è a minha terceira vez aqui.

Já deve ser umas onze horas da noite ou mais. A gente veio direto do campeonato de surfe da tia Gabi. Ela deve estar chegando aqui também.

— Filha, peguei o... — Olho para o meu pai, mas ele foi interrompido por uma mulher.

— Gabriel? — A mulher disse. Ela era loira, alta e bonita. Quem vê, ja diz que è uma modelo.

Mas eu a conhecia. A mulher que está na minha frente e ao lado do meu pai, è a Yasmin. Ou melhor dizendo, a minha "mãe" que me abandonou quando eu tinha 1 ano. È claro que eu não lembro do rosto dela antes, mas por fotos eu a reconheço.

Antes que eles pudessem continuar discutindo, meu pai me olha e me lança um olhar.

— Fica aqui. Não sai daqui. — Ele falou sério e eu só assenti e vi eles indo para um canto, mais afastado.

Mãe. Sabe como è para uma criança crescer sem uma figura materna ao lado? Sabe como foi passar os dias das mães nas escolas tendo apenas o meu pai e minha avó? Era uma dor enorme, e eu passei a entender quando fui crescendo. Só então eu percebi que minha mãe quis me abandonar. Ela quis me deixar.

E simplesmente foi.
Sem mais e nem menos.

Um dos meus maiores sonhos até os meus 13 anos era reencontrar a minha mãe. Eu sonhava em ver ela e perguntar o por que de ter ido embora. Aos meus 14, eu me acostumei com a sua ausência. Me acostumei em ver ela feliz sem eu. Me acostumei em saber que minha mãe nunca me quis.

Sinto os meus olhos marejarem ao me lembrar de tudo que eu passei sozinha e quando vejo eles vindo até mim, limpo o meu rosto. Tentando não mostrar que eu estava chorando.

— Filha... — Yasmin disse com o rosto vermelho. Parece ter chorado a pouco tempo. — Você está tão linda! — Sorriu.

— Você me abandonou. E eu não sou a sua filha. — Falo seria, a olhando nos olhos. Eu vejo a semelhança dela comigo. È notável até de longe.

— Eu sei. Mas eu mudei. Eu vim para recuperar o tempo perdido, [seu nome]. — Ela limpou as suas lágrimas. — Você não tem noção do quanto eu senti a sua falta. Eu era muito nova, eu quis... — Eu a interrompi.

— Você sentiu a minha falta? Você foi embora por que quis. E eu? E em todos os dias das mães na escola que eu estive sozinha? E quando eu precisava de você e você estava por aí curtindo a sua vida feliz? Em mim você não pensa? — Disparei em cima dela. Os meus olhos marejaram novamente.

— Me desculpa. — Ela falou em meio as lágrimas.

Eu respirei fundo e olhei para o meu pai. Seus olhos estavam vermelhos e ele me olhava com carinho. Olhei para a minha mãe e suspirei.

— Você pode até tentar recuperar o nosso tempo perdido, mas eu acho que vai ser difícil eu te perdoar. — Falo e meu pai me puxa para o seu peito. Me abraçando.

— Eu... — Ouvir sua voz me fazia querer gritar e sair correndo.

Como ela pode achar que sumir por dezesseis anos é voltar do nada vai resolver algo?

— Agora não, Yasmin. — Meu pai disse e me puxou para começar a andar.

Meu pai não falou nada até estarmos no nosso quarto. Apenas deitamos juntos e eu fiquei abraçada em seu corpo. Ele não precisava falar algo. Eu precisava do silêncio e ter ele por perto me deixava mais segura.