NICK
Ao chegarmos na cantina o local ainda estava meio vazio, algumas mesas ao canto estavam vazias e foi justamente para uma dessas que eu fui arrastado por Camila, ao chegarmos ali, ela se sentou e começou a me contar sobre como a escola funcionava e sobre horário, prestei atenção na mesma por um tempo, mas logo parei de ouvi-la. Algumas meninas entravam animadas, sentando em uma mesa no centro, todas conversavam felizes, mas uma em particular chamou minha atenção. Era uma menina muito bonita, com cabelos levemente ruivos e um rosto angelical, seu sorriso se destacava entre as outras meninas.
— Quem é aquela menina? — Apontei na direção da mesma com a cabeça, Camila seguiu meu olhar e sorriu.
— Aquela é Katherine Miller, capitã dos líderes de torcida, um doce de menina, amada por todos nessa escola. Adorável não é?!
— Linda! — Respondi, extasiado pela beleza e doçura de Katherine.
— As pessoas costumam chamar ela de Kate, acho que você vai ver ela bastante por aqui.
Era isso que eu queria, não consigo explicar, mas olhar para Kate me trazia uma sensação tão boa.
Em seguida, a garota de mais cedo entrou na cantina, todas as pessoas seguiram o olhar para ela e isso parecia a incomodar, pois nem levantara a cabeça direito, apenas seguiu até o lanche para pegar um.
— E aquela ali, quem é? — Apontei para a mesma.
Camila riu levemente, a olhando com uma certa repulsa.
— Aquela é Emma Rowens, uma vadia esquisita e melancólica, tome cuidado com ela, aquele rosto maldoso realmente é capaz de fazer maldades. — Camila comentou, a garota passou por nós, mas antes que completasse seu caminho, ela tropeçou ao lado de Camila. — Cuidado vadiazinha, não vai querer cair na frente de todos.
Emma parou de costas para nós, deu para perceber que sua respiração começou a ficar rápida e eu jurei que ela estava chorando diante do bullying que Camila fizera. Todos na cantina pararam de conversar para ver o que aconteceria, até Kate estava olhando, seu olhar demonstrava certo receio e isso me preocupou.
O que aconteceu em seguida foi... acredito que somente uma descrição detalhada pode explicar a cena e ainda descrever a minha reação.
Emma se virou, seus olhos estavam arregalados em puro ódio e seus punhos fechados, quando ela avançou na direção de Camila, foi necessário apenas um murro diretamente no queixo da mesma para fazê-la chocar seu corpo ao meu, assustado tentei segura-la, mas Emma, rápida e experiente, segurou-a pela nuca e olhou Camila diretamente nos olhos.
— Vadiazinha é você... — Sua voz saiu lenta enquanto seus dentes estavam semicerrado.
— Eu nunca dei para vários garotos... — O próximo movimento foi violento demais.
Emma bateu com o rosto de Camila na mesa, uma vez fora o suficiente para deixa-la atordoada, mas quando se preparou para bater novamente, vários garotos a seguraram e puxaram pra trás, a separando da briga. Emma tentava se soltar, no entanto pareceu satisfeita quando Camila levantou a cabeça, aparentemente zonza e seu nariz escorria sangue até sua boca e pescoço.
Horrorizado com a cena, me levantei segurando a cabeça de Camila, Katherine se aproximou de Emma que ainda se mostrava selvagem em meio a situação. Senti então um instinto protetor e avancei entre as duas, se Emma fizesse algo, qualquer coisa contra Kate, eu não iria me segurar.
— Se afasta dela, vadia esquisita. — Repeti as palavras de Camila, mas me arrependi quase imediatamente. Emma me olhou e ao invés de ódio, seus olhos demonstraram uma tristeza profunda.
— Um pouco começando a andar com ela e você já se tornou igual, seu... — Sua voz foi enfraquecendo e ela se soltou do rapaz que a segurava. Me preparei para apanhar, mas ela se afastou e saiu correndo dali.
Katherine me olhou e negou freneticamente com a cabeça.
— O que há de errado com você? — Perguntou com um tom de voz triste para então correr na direção de Emma.
Um ponto pra mim, consegui fazer a garota mais doce da escola me odiar.
Voltei a atenção para Camila, que estava sendo amparada por algumas outras meninas que limpavam seu rosto com cuidado.
.
— Então Emma é a melhor amiga de Katherine? — Perguntei ao lado de Camila na sala de aula. O professor ainda não havia chegado.
— Isso mesmo... Aí meu nariz está doendo bastante, será que quebrou? — Disse a mesma, se olhando em seu espelhinho de mão.
— Não está quebrado, só machucou mesmo. Mas me explica, como Emma pode ser amiga de Kate com aquele temperamento?
— Ai, não sei Nicholas, elas só são super amigas... eu não sei da vida delas.
— Achei que soubesse de tudo. —Desafiei ela.
— A vida de Emma não me deixa curiosa.
— Por que a odeia tanto? O que ela te fez?
O professor entrou na sala no segundo seguinte, colocando uma pilha de livros em cima da mesa e passou a se apresentar como professor de matemática, explicando como as coisas funcionavam em suas aulas. Ouvi-o atentamente até que a porta da sala abriu e Emma, com as mãos no bolso entrou na mesma, sua cabeça estava baixa.
— Primeiro dia de aula e já está atrasada, Srta Rowens. — O professor chamou sua atenção.
—Desculpe, Sr. Murray, eu estava na psicóloga. — Ela andou até a mesa dele, pousando um papel ali, antes de se sentar em uma cadeira vazia em minha frente.
— Ela não precisa de um psicólogo, precisa de um exorcista. — Camila sussurrou em meu ouvido. Neguei com a cabeça e prestei atenção na aula.
Durante os longos minutos de aula, Emma continuou quieta em sua cadeira, sempre olhando para suas mãos e vivendo em outro universo, eu não a entendia, não a conhecia, mas ainda sentia um peso em minhas costas pelo que a chamei e tudo piorava quando eu me lembrava de seus olhos com profunda tristeza me olhando.
Eu não deveria ter deixado as emoções do momento me fazerem magoar alguém, isso não era o meu tipo, ainda mais com a menina que mais cedo me salvou de algo que eu não sei exatamente o que seria. Seja lá o que ela e Camila tiveram, eu desconhecia e não podia tomar as dores delas pra mim.
Decidido em mudar meus atos, agarrei um post it colorido e escrevi um ''OI :)'' no mesmo, passando devagar para a cadeira de Emma, ela ao ver o papel despertou e endireitou seu corpo e leu por um tempo... em seguida ela o amassou e jogou no chão, se levantando em um baque, agarrando seus materiais e saindo da sala.
Pela reação do professor, o temperamento de Emma era comum e todos já estavam acostumados com aquilo.
Tentar mudar minha pessoa para ela seria bem mais difícil do que eu imaginava.
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No way
Teen Fiction"Todos carregam cicatrizes, mas podem ser amados até que elas desapareçam" Ninguém disse que a vida seria fácil, mas ninguém também nunca avisou que poderia ser tão dolorida... principalmente para Emma que aos 17 anos já desacreditava de toda bondad...