Capítulo 29

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Estávamos na penúltima competição, no terceiro dia. A próxima e última prova estava me deixando tensa só de pensar. Topper ainda estava conosco, um dos poucos que começou na primeira prova. Agora era a decisão, seria quem levaria o título juntamente do troféu. Qualquer motivo quando ele nos encontrava era motivo de piada, mesmo até a mim, não sozinho mas em coletivo os insultos. Nas horas vagas, surfávamos para treinar. Eu não era a única com medo e ansiedade, mas a única que não parava de pensar nisso.

— Você só pode pensar isso na prova de hoje a tarde. Falta muito para amanhã. -John B me tranquilizou, quando estávamos em uma padaria sentados em uma mesa que comportava todos nós.

— Você passou por muito para chegar até aqui. Não pense nisso. -Cleo pegou minha mão, me confortando.

Sorri, recuperando minha respiração.

— Vai dar certo, gente. Vamos ganhar! -Kiara disse, olhando para JJ, que estava ao meu lado.

— E vamos fazer uma grande festa. Mesmo que um de nós fique fora do pódio. -Pope disse, fazendo-nos ter uma risada.

— Portanto que um de nós ganhe do Topper, está ótimo. Não ligo de perder. -John B disse, também entrando no meio da risada com a gente.

— Temos que ter em mente que outros surfistas são muito bons. -Pope voltou a comentar, mais sério dessa vez. — Vamos pôr os pés no chão. Pode ser um de nós, como pode ser nenhum.

Ficou um silêncio mortal depois da sua fala. Uns concordaram totalmente murchos, outros ficaram em silêncio se encarando. Pope não estava mentindo, era muito a verdade isso, e tínhamos que ter pé no chão, mesmo que estejamos nos empenhando, não sabemos do empenho do outro. Era bom ter expectativa, mas precisávamos pensar em um outro resultado diferente do que esperamos para não ficarmos arrasados.

A verdade era que eu não queria ganhar. Claro que eu ficaria feliz em ganhar e ter esse título, penso até em continuar com isso e colecionar vários troféus se esse for o meu resultado, mas eu queria era me divertir com algo que eu gosto. Fazer várias coisas relacionados a isso sem tornar monótono e conhecer várias praias e futuramente países com suas ondas gigantes e monstruosas, coisas que ainda não estamos chegando. As ondas eram médias, um pouco maiores que da ilha onde moramos e menores em comparação as competições internacionais. É questão de temporada, e eu estou amando essa nova aventura e sensação. Surfar nessas ondas, dormir no carro ou na kombi em um lugar que eu nunca imaginei, conhecer praias e restaurantes dessa cidade, andar com o skate do JJ nas ciclovias lisas das praias e muitas outros conhecimentos que estamos vivenciando. A adrenalina é de outro mundo.

Depois do almoço, nos separamos. Eu não faço ideia do que os outros foram fazer. Eu e JJ fomos andar pelo centro da pequena cidade praiana na tarde ensolarada. JJ sorria sempre que me via, e estava diferente, não só o sorriso mas tudo nele. Me surpreendeu até quando ele pegou em minha mão. Não podemos fazer isso em Outer Banks. A sorte era não ter o Topper por aqui como um perseguidor pelo Rafe. Isso também me surpreende, assim como - novamente, Rafe não me ligou. Isso me assusta muito. Ele demonstra muitas coisas que me dá medo e no final parece não ligar para as atrocidades que eu fiz. E convenhamos, eu tenho direito de viver.

— Tá, você está muito estranho. -parei na frente do JJ. — Por que você está sorrindo muito? -coloquei as mãos em minhas cinturas.

— Eu estou entendendo isso como um ciúmes? -ele sorria, soltei uma gargalhada.

— Não! Eu só estou curiosa. Você está muito sorridente e ainda pegou na minha mão. -eu sorria sentindo meus olhos brilharem.

— Nada me tira a felicidade de saber que você vai se divorciar. -gargalhei com sua resposta.

Um casamento&meio [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora