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Permaneço sentada onde estou a observando.

__ Assim com certeza será mais fácil para nós e quanto às fotos.

Ela aponta para as mesmas.

__ No dia do seu aniversário, fui testemunha de uma cena na piscina entre você e seu namorado, quando você partiu soube que era o dia no qual eu deveria trazer você para minha vida, depois de ver que seu namorado nem se mexeu quando você saiu do hotel, eu sabia que ele não merecia você e que não ficaria desesperado muito tempo com a sua ausência.
Depois que você sumiu, seus amigos foram comer como se nada tivesse acontecido, então meu pessoal pegou as suas coisas no quarto e deixou uma carta, na qual você teria dito a Carlos que o estava deixando e que ia voltar para a Polônia, se mudar e sumir da vida dele, não há possibilidade dele não ter lido quando voltou para o apartamento depois do jantar, a noite ao passarem pela recepção, todos arrumados e muito alegres, um dos funcionários do hotel, convidou os para visitar um clube na ilha. Eles beberam, se divertiram, até que Carlos se interessou por uma das dançarinas, o resto você já viu, as fotos falam por si mesmas.

Sentei-me e olhei pra ela com desconfiança, em apenas algumas horas, minha vida virou de cabeça para baixo.

__ Eu quero voltar para a Polônia, por favor, me deixe voltar para casa.

Simone levantou do sofá e ficou de frente para o fogo que ardia, mas qual tinha se apagado ligeiramente criando uma penumbra quente na sala, ela apoiou suas mãos na parede e disse algo em italiano, respirou fundo e virou-se para mim.

__ Infelizmente isso não será possível durante os próximos 365 dias, quero que você dedique esse ano a mim, vou me esforçar e fazer de tudo para que você me ame e se daqui a um ano na data do seu aniversário nada mudar, vou deixá-la ir embora. Isso não é uma proposta, é só uma informação já que não estou lhe dando escolha apenas dizendo como vai ser. Não vou encostar um dedo em você, não vou fazer nada que você não queira, não vou força-la a nada se você tem medo disso. Por que se você for mesmo um anjo pra mim, quero lhe mostrar tanto respeito quanto me vale a própria vida, tudo na mansão está a sua disposição, se quiser sair também e se divertir nos clubes, não vejo problema.

Eu a interrompo.

__ Você não está falando sério, está ? Como posso ficar tranquilamente? Minha mãe vai ficar no choro quando disserem que eu fui sequestrada, se você me deixar sair agora, eu fujo e você nunca mais vai me ver, eu não tenho a intenção de ser uma propriedade.

Simone se aproxima de mim como se soubesse que algo não muito agradável estava prestes a acontecer de novo e estendeu-me o segundo envelope, ela olhava para o fogo como se esperasse minha reação a respeito do que escondia ali dentro.
Rasguei o envelope com as mãos trêmulas e puxei as fotos, mas que merda é essa ? As fotos mostravam toda a minha família pela janela de casa.

__ Mas o que isso quer dizer ?

Pergunto irritada.

__ É a minha apólice, isso me garante que você não vai fugir, você não vai arriscar a segurança e a vida da sua família, sei onde eles moram e como vivem. A única coisa que posso fazer é te dar um ultimato, você me dá um ano e sua família estará protegida.

Eu me sentei de frente para ela e pensei se conseguia mata-la, a pistola estava na mesa que havia entre nós, e eu queria fazer de tudo para proteger minha família, a peguei na mão e apontei para a mulher de negro, ela continuava sentada calmamente mas seus olhos faiscando de raiva.

__ Soraya, você está me deixando furiosa e louca ao mesmo tempo, largue isso por que daqui a pouco a situação vai deixar de ser divertida e eu vou te machucar.

Quando ela acabou fechei os olhos e puxei o gatilho, nada aconteceu, Simone se jogou em cima de mim e arrancou a arma da minha mão, virou-me de bruços e com a cordinha da almofada amarrou minhas mãos e me jogo sentada no assento macio.

__ Primeiro você tem que destravar a arma, é assim que você gosta de conversar então? Você quer me matar ? Pensa que ninguém nunca tentou isso antes ?

Quando ela acabou de gritar, passou as mãos pelos cabelos furiosa, suspirou e olhou pra mim com um olhar irado e frio.

__ Davi.

Ela gritou e rapidamente o homem italiano apareceu na porta.

__ Leve Soraya para o quarto dela e não feche a porta na chave.

Ela se virou pra mim novamente com o olhar mais gelado que o próprio Alasca.

__ Não vou te amarrar, mas será que você vai se arriscar em fugir ?

Ela me levantou pela corda e praticamente me jogou nos braços de Davi, fui levada por um extenso corredor até o mesmo quarto onde acordei, ele retirou as cordas dos meus braços e sumiu porta a fora batendo a mesma, esperei alguns minutos e verifiquei, não estava trancada, me encostei na porta e uma enchurrada de pensamentos me tomou fazendo as lágrimas descerem pelo meu rosto, um ano inteiro sem minha família, sem meus amigos, sem Varsóvia ? Ela não pode estar falando sério, pode ? Simone poderia realmente fazer algo tão cruel com meus familiares ? Eu não tinha certeza da veracidade de suas palavras, mas ao mesmo tempo não queria saber se ela estava blefando.

O cansaço tomou meu corpo junto do choro que não cessava, então caminhei até a cama e rapidamente adormeci, acordei enrolada no roupão felpudo, do lado de fora estava escuro e de novo eu não sabia se era noite ou o dia seguinte, ouvi algumas vozes abafadas vindas do jardim, me dirigi até a sacada mas não vi ninguém, os sons eram baixos demais.

Sai para fora do quarto olhando tudo ao meu redor, a casa estava escura, a única coisa que me guiava eram as conversas que mesmo baixas ainda conseguia ouvir, ao chegar próximo a porta enxerguei Simone e algumas pessoas na escuridão, um homem estava ajoelhado a sua frente gritando algo em italiano, seu rosto refletia terror e pânico ao olhar para mulher de negro, Simone estava calmamente com as mãos no bolso da calça escura, mas lançava um olhar gélido ao homem que soluçava explicações, quando o homem se calou, Simone lhe disse uma ou duas frases sacou a pistola e lhe deu um tiro na cabeça, fazendo o corpo do mesmo cair em meio as pedras.

Ao ver aquilo, deixei escapar um gemido de horror que abafei com as mãos na boca, mas foi alto o suficiente para a mulher de negro virar em minha direção, seu olhar era glacial e sem emoção alguma como se o que havia acabado de fazer não causasse nenhum sentimento, assim que me viu ela largou sua arma na mão de um dos homens e enquanto caminhava em minha direção eu desabei ao chão desmaiando logo em seguida.

Continua.....

365 Dias | Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora