Morga - A Maga do Vento

10. A Voz do Fogo - Sétima Parte.

As duas se conheciam de vista, tinham se encontrado algumas vezes na estufa botânica e na sala de dança do Mosteiro de Hamalios. Porém, jamais haviam trocado nenhuma confidência.

A mãe de Morga viu com surpresa os dois garotinhos.

— Por que você trouxe Dakis consigo?

— Foi ordem do Pramago Lefório. Espero que Smartika tenha sido avisada de que eu tive que deixar a cidade de Karash, onde gerencio a lojinha. Meu turno estava quase acabando, mas eu devia regressar ao Mosteiro — explicou Pliope.

Animea acariciava a cabeça plumosa de uma Cegóbia quando uma pontada no coração congelou sua respiração. Perturbara-se com a presença dos dois garotinhos. Pensou em sua filha e na Casa 299! O pensamento penetrou o seu olhar; somente naquele momento compreendeu que poderia haver uma relação entre o anel partido e Morga. Atordoada, ouviu as palavras dos garotinhos e a duras penas conseguiu reter um grito.

— Sim, é verdade, Reful e eu também fomos convocados por causa de uma porcaria de anel e por conta das encrencas aprontadas por quatro Dakis desgraçados — acrescentou Lumira, encolhendo-se em seu macacão térmico.

— Anel... encrencas... quatro Dakis fujões — repetia Animea, presa de infinita angústia, e levou as mãos ao rosto para não mostrar seu desespero.

As Sentinelas de Okrad interromperam bruscamente esse momento delicado abrindo o portão e fazendo sinal para que as seguissem.

Assombradas, a Gestal e a Ancilante olhavam para as altas torres dos Fhar e não falaram mais nada. Animea procurava localizar a residência de Serunte pelos símbolos ostentados pelas bandeiras congeladas pelo frio. E percebeu que a torre de seu amado ficava do lado esquerdo da aldeia que estavam percorrendo. Nesses anos todos, jamais estivera nessa cidade maldita, embora frequentemente tivesse tentado imaginar o lugar onde o pai de Morga vivia. Os seus encontros fugazes sempre haviam acontecido no Centro Cripto ou nos jardins do Mosteiro.

Fim da Sétima Parte.