Apresentação---

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O Autista

(E não apenas O AUTISMO)

A diferença é que estamos aqui principalmente pra entender e falar sobre como socializar e interagir produzindo avanços e resultados significativos com o seu filho ou aluno já sabidamente autista.

Logo vamos discutir apenas superficialmente as características e sintomas do autismo já que o foco deste trabalho está nas atividades que podem produzir avanço. Além do mais, a intensidade e a variedade de sintomas não é a mesma em todos os casos, sabemos disso por isso não vamos nos ater demais nestas questões.

Mas relembrar os sintomas é inevitável e esclarecedor principalmente aos mestres das escolas regulares que podem ter tido pouco ou nenhum contato com crianças autistas.

Então vamos brevemente demarcar os grandes desafios do autista, citando pontos mais emblemáticos do espectro de forma geral, lembrando que em algumas crianças a intensidade dessas características pode variar sensivelmente, e uma ou mais desses aspectos podem não se manifestar, ou mesmo se mostrar muito diversas ou mais intensos do que o esperado:

Vamos á elas:

· Falta de socialização em diferentes níveis: O autista pode não falar, tocar, olhar, questionar, recusar.

· Nervosismo exagerado diante das negações.

· Brincadeiras repetitivas.

· Agitação gratuita acompanhada ou não de urros e choros aparentemente sem motivo.

· Distúrbios do sono.

· Agressividade ou excesso de apatia.

· Olhar perdido.

· Alimentação difícil.

· Dificuldades com a coordenação motora fina/grossa.

· Aparente alienação em diversos ambientes como se houvesse uma incapacidade de compreender o que se passa (na verdade o autista compreende os contextos, embora não consiga reproduzir o próprio entendimento e assim sua alienação é meramente aparente).

· Não suporta barulhos intensos ( o autista se sente ferido por sons altos demais, como se algo o machucasse nos ouvidos).

· Resiste terminantemente a todas as novidades e quebras de rotina.

Mas por que dizer o autista e não a criança com autismo?

A diferença parece nula, mas é bem grande.

Falando de maneira crua perceba que de certa forma pensar que o autismo é uma COISA que seu filho ou aluno tem, acaba por interferir na maneia com a qual você olha e produz com este aluno ou filho.

Então vamos compreender que:

O autismo NÂO É uma COISA que se tem, mas é o que SE É!

Isto é o mesmo que dizer "Meu filho tem ruivismo" (e essa expressão nem existe, eu sei), mas seria mais fácil você dizer que seu filho é simplesmente ruivo, e essa terminologia não é para o mundo, não é para as pessoas, mas para ajudar você, mãe, pai, tutor e professor a olhar para o autista da forma mais humana e próxima possível.

Partindo desse ponto de vista perceba que de agora em diante você olhará para o autista com o simples olhar de quem registra uma característica pessoal da criança a ser trabalhada, e não uma patologia que precisa ser combatida.

O autismo não é seu inimigo, ele é apenas um desafio que precisa ser compreendido para então poder ser trabalhado, isso se faz come planejamentos e parcerias, e não com estratégias de combate como numa guerra.

Esta simples diferença na forma de olhar para o seu autista faz grande diferença ao longo do tempo e pode revolucionar a sua forma de trabalhar para inserir seu filho ou aluno no mundo, e o mundo poderá ser igualmente inserido na vida do seu filho e aluno.



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EMPATIA É TUDO!

Não dá pra fazer nada pelo autista sem uma dose gigantesca de empatia, se você achar que não conseguirá colocar-se no lugar do seu filho, neto, sobrinho ou aluno, é melhor procurar um psicólogo ou algum outro tipo de apoio para que a empatia seja trabalhada em você, sem preconceitos nem pressa.

Este tipo de apoio pode ser encontrado em núcleos específicos em cada cidade, como rodas de conversa ou trabalhos voluntários, centros de saúde pública, ou se preferir em instituições religiosas das mais diferentes naturezas.

Trabalhe a sua empatia sem preconceitos, e aprenda a usa-la com frequência.

Para ilustrar o quanto a empatia pode fazer diferença, imagine-se chegando a um país de outro continente, com hábitos de vestuário e alimentação completamente diferentes do que você está acostumado.

Agora imagine também que nesse novo país, ninguém fala o seu idioma e você também não fala o deles, portanto não entende suas músicas, piadas, centros de compra, leis de trânsito, transportes públicos e nem mesmo a moeda local é familiar pra você!

É um pouco assustador, não é?

Como você se sentiria no primeiro dia? Talvez levasse na brincadeira ou achasse até que essas novidades fossem um bocado divertidas mas...

E se ao longo do tempo você começasse a perceber que não vai conseguir aprender o idioma sozinho, e os costumes absolutamente sem sentido começassem a fazer as pessoas olharem de forma hostil pra você, se afastando de você e estranhando seu comportamento por ser muito diferente do deles?

É normal pensar que com o tempo estas coisas fossem transformando você em uma pessoa cada vez mais retraída, ou nervosa, ou chorosa ou a menos que você seja extremamente contido: DESESPERADO.

Mas de repente, você consegue um interprete! Um cidadão local que é extremamente empático e decide te ajudar! Um interprete provisório na verdade, apenas por alguns meses ou anos, mas mesmo assim um verdadeiro facilitador que se coloca no seu lugar e decide te ajudar por uns tempos.

Que bom! Agora você tem um amigo! Mas como gostaria que ele te ajudasse? Você ia preferir que o seu intérprete fizesse tudo por você ou que te ensinasse como fazer as coisas para que você conseguisse se arranjar sozinho quando precisasse ficar sem ele?

Pois então este é um exercício empatia, o sentimento que abre todas as portas e permite que todas as pessoas se respeitem e se eduquem, que se ajudem e se enxerguem de fato. Pois agora, carregado dessa empatia, seja muito bem vindo ao mundo do autista!

O mundo do seu filho ou aluno. E este é um mundo cheio de sons e costumes que não fazem nenhum sentido para ele e que o irritam, e onde tudo vai ficando cada vez mais complexo por causa das inúmeras novidades que não param de aparecer pra ele!

Pense em como isso pode ser assustador para uma criança! Como isso pode fazê-la chorar e ficar sem sono!
É como um pesadelo real e diário, e não dá pra ficar tranquilo sozinho. E é aí que você entra, pois na verdade a criança autista não está sozinha.

Ele ou ela tem você, que é mãe, pai, avô, avó, tutor ou professor, e você está aí para funcionar como interprete e guia provisório nesse mundo novo, não apenas negociando com as pessoas pelo seu filho, ou aluno, mas ensinando-o a fazer todas as negociações e tarefas da vida de forma objetiva e o mais independente possível.

Professor-Mãe de autistaWhere stories live. Discover now