I Have Questions (Trans version MTF)

Cap 3 - O Medo

⚠️🚨 Alerta gatilho 🚨⚠️

Violência física e emocional

Abuso sexual (menção e implicação)

Trauma psicológico

Ansiedade e ataques de pânico

Depressão e pensamentos suicidas

Uso de substâncias e dependência química

Bullying e discriminação

Relacionamentos abusivos

Transfobia e questões de identidade de gênero

Isolamento social

Este capítulo aborda temas que podem ser perturbadores. Lembre-se, você não precisa ler tudo de uma vez. Se esses temas te causam desconforto, pule para o próximo capítulo. Sua saúde mental é prioridade.

🚨⚠️

"A escuridão ampliava seus medos, trazendo à tona fantasmas do passado que se recusavam a descansar."

London POV.

Meu corpo treme incontrolavelmente enquanto me encolho na cadeira, lutando contra a raiva que ameaça me consumir. Uma semana neste pesadelo e o terror pulsa em minhas veias, cada batida do meu coração um lembrete da realidade assustadora em que me encontro.

O círculo de rostos desconhecidos se torna um borrão ameaçador. A voz fria do líder do grupo ecoa, cada palavra aumentando minha ansiedade.

— Deus não comete erros. Relacionamentos com o mesmo sexo ou pensamentos de que seu corpo é diferente são aberrações.

As palavras me atingem como facadas. Meus punhos se cerram, unhas cravando na pele. A explosão interna não pode mais ser contida.

— Que absurdo! — rujo, voz trêmula de raiva. — Sempre a mesma ladainha! Não pode ser trans, não pode ser gay. O verdadeiro inferno é ouvir essa baboseira!

— Senhor London, controle-se — o terapeuta tenta, em vão.

— Me controlar? — cuspo as palavras. — Tomei choque por ser quem sou! Isso é tortura, não reabilitação! Quero minha mãe, AGORA!

— Sua mãe o colocou aqui — responde friamente. A raiva explode. Levanto-me bruscamente, derrubando a cadeira.

— Chega! — grito, corpo tremendo. O enfermeiro se interpõe, uma muralha humana. Encaro-o, desafiador. — Saia da frente. Não fico mais um segundo neste hospício.

— Volte para o grupo — Irene ordena, voz elevada. Solto uma risada amarga.

— Me obrigue. — Mal termino a frase, mãos fortes me agarram. O pânico cresce. — Não! Me soltem!

Meus gritos ecoam pelos corredores. Raiva e medo se entrelaçam como serpentes em meu peito.

— Monstros! Não podem fazer isso! — Minha voz falha, o desespero tomando conta. Uma porta se abre, revelando um corredor sombrio. O choque me paralisa.

Irene se aproxima, sua voz gélida cortando o silêncio.

— Bem vindo ao abismo london. Alguns dias aqui serão bons para você, London. Reflita sobre suas escolhas.

As palavras me atingem como um soco. Quero gritar, implorar, mas minha voz some. Sou empurrada para a escuridão, impotente. A camisa de força aperta, a porta se fecha com estrondo. Estou só, engolida pela escuridão sufocante.