Primeiro dia

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Nunca fui muito fã de primeiros dias de aula, na verdade nunca gostei de nada que envolvesse escola até porque nunca me senti parte desse lugar.

Sempre preferi ser mais discreta, sem muitos amigos, focando apenas nos estudos.

Eu olhava a paisagem através da janela do carro enquanto ouvia uma musica aleatória nos fones de ouvido, pensando em maneiras diferentes de fugir da escola antes mesmo de chegar nela.

Minha mãe dirigia animada e ao seu lado, no banco do passageiro, estava meu irmão, também animado.

O rei da escola estava de volta.

Diferente de mim, Arthur fazia questão de chamar atenção. Líder do time de basquete da escola, bonito, musculoso, inteligente, um sonho de consumo para adolescentes com os hormônios a flor da pele.

Eu sempre achei o seu "reinado" - como ele gostava de chamar - uma grande babaquice, no final desse ano tudo isso não significaria absolutamente nada, mas meus pais adoravam exibir o filho perfeito que eles tinham, e meu irmão amava ser endeusado.

Desci do carro já mentalizando o momento em que eu entraria nele de novo para voltar pra casa. Respirei fundo e me virei olhando para minha mãe com a minha cara de cachorro molhado.

- Boa aula Anny. - revirei os olhos e mamãe deu partida no carro.
- O rei chegou! - Arthur gritou assim que avistou seu amigos que gritaram algo de volta.

Revirei os olhos novamente.

Ajeitei a mochila nas costas indo em direção a entrada da escola. Todos estavam sorridentes ao reencontrar seu amigos, e eu parecia ser a única que preferia estar morta do que estar ali.

Minha cara de desânimo ficou cada vez mais intensa ao ver quem estava vindo em minha direção.

Samanta.

Samanta Timberg, típica menina padrão, olhos azuis, cabelos castanho claro quase loiro, rica, bonita, porém desprovida de inteligência, mas ninguém liga pra isso quando o assunto é popularidade.

- Olhem. - diz aproximando-se. - A cabelo de água de salsicha chegou. - sorriu debochada e eu me vi socando sua cara de diversas maneiras na minha cabeça.

A empurro para passar mas ela segura meu abraço com força me impedindo.

- Calma Flor, nossa conversa ainda nem começou. - sorri novamente soltando meu braço e me fitando de cima a baixo. - As férias até que te fizeram bem, você está até um pouco menos patética. - ouço a risada das suas amigas e me pergunto mentalmente qual é a graça afinal.

- Infelizmente as férias só te deixaram mais insuportável, Sam. - Arthur passa seu braço sobre meu ombros e as meninas cessam a risada. - O show acabou. - Samanta sorri falsamente.

- Salva pelo gongo. - ela sussurra em meu ouvido antes de sumir junto de suas amigas tão artificiais quanto ela.

Arthur me encara lançando um sorriso falso.

- Não preciso de você pra me defender, Arthur. - Digo, tirando seu braço do meu ombro e me afastando.

Respiro fundo.

Eu não podia fazer nada, Samanta estava acima de mim na cadeia alimentar, e havia sido dessa forma desde o fundamental. Eu só sentia pena dela, tendo que jogar todas as suas inseguranças em cima de mim como se eu fosse uma espécie de saco de pancadas emocional. Já nem ligava mais, eu só tinha que aguenta-lá por mais um ano.

Entrei em minha sala e sentei no fundo, havia em torno de quatro pessoas no recinto. Coloquei meu fones de ouvido e abaixei a cabeça esperando até às aulas começarem.

As vantagens de ser invisívelWhere stories live. Discover now