₀₁ 𝐂𝐇𝐀𝐎𝐒. ! ༉ 𝘁𝗵𝗲 𝘄𝗮𝗹𝗸𝗶𝗻𝗴 𝗱𝗲𝗮𝗱

039.

❛ ( 039. um minuto ) ❜

' CHARLES GRAHAM'S POV '

FLASHBACK ON

— 368 DIAS ANTES —

COLOCO O COPO DE ÁGUA EM CIMA DA MESA.

Erick Graham encara o líquido transparente, sem tocar em um grão da comida que estava distribuída em seu prato. De frente para ele, Christopher encarava nosso tio, batucando os dedos de maneira frenética na mesa de madeira.

- A comida vai ficar fria desse jeito - digo.

O Graham continua em silêncio.

Solto um suspiro alto, já cansado de todo aquele clima de merda. Meu irmão aumentava consecutivamente o som dos dedos em contato com a madeira escura e eu olho para o relógio na parede atrás de meu tio, vendo os ponteiros girando a cada minuto que passava, apenas esperando a hora em que Chris deixaria de ser "paciente".

- Qual é o seu problema?

Um minuto.

Mais silêncio.

Dou um pulo quando Christopher bate com força o punho na mesa, se colocando de pé com um único movimento rápido. O copo de água respinga, caindo gotas no prato - que agora também estava finalmente mexido. Empurro o objeto de vidro mais para o meio, sentando e esperando que o show começasse.

- A gente continua aqui! - Chris grita.

- E de que merda isso adianta? - Erick rebate, levantando como meu irmão. - De que merda adianta vocês continuarem aqui, se ela não está?

Dou um gole na água, já que eu sabia que ninguém iria bebê-la.

- Como pode você ser tão egoísta? - Christopher rebate, o tom de voz baixo, mas cheio de ódio. - Se acha mesmo que a Nina estaria orgulhosa dessa sua atitude, você é muito mais vazio do que eu pensava.

- Não... fala - pausadamente, Erick Graham sibilava. - Não fala dela. Não toque sequer na porra do nome dela! - apontando o dedo na cara de Chris, Erick arremessa o prato longe com sua mão livre.

Me levanto, empurrando o homem para longe.

- Se acha mesmo que odiar a gente vai resolver alguma merda, então acaba logo com isso! - retruco no mesmo tom. - Vamos, Erick, faça o que tanto quer! Não queria que tivéssemos morrido no lugar dela? Então anda - empurro mais um vez o Graham, puxando a arma em meu coldre e prensando-a contra o peito dele. - Pega essa porra dessa arma e atira na minha cabeça - desafio, baixando a voz.

Christopher me puxa pelos ombros e a pistola cai no chão.

Erick me fuzila, ofegante.

- Se apontar a porcaria do dedo na cara do meu irmão de novo, eu faço você engolir a porra da própria mão - ameaço. Chris se coloca em minha frente, mas continuo observando o homem sobre os ombros do outro. - E se quer culpar alguém pela a morte de Nina, se olhe no espelho.

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FLASHBACK OFF

- Ei, Charlie - me viro, encarando Melissa caminhar sorridente até mim. - Será que você poderia, por gentileza, ficar no meu lugar hoje depois do almoço? - pede, caminhando lado à lado comigo até a multidão que se juntava para o café da manhã.

- Você já fez sua boa ação do dia? - arqueio uma das sobrancelhas, olhando-a de lado. - Ler para criancinhas e tal? - brinco, vendo de longe Carol Peletier servindo os pratos cheios.

- Sim, a Olivia nos liberou mais cedo - explicou. - Matteo queria ela para fazer sei lá o que - deu de ombros e me segurei para não revirar os olhos.

Era claro que Matteo queria.

- Então?

- Tudo bem - balanço a cabeça positivamente, vendo a Durand bater palmas e em seguida me dar um beijo na bochecha. - Vou cuidar dos porcos para você mais vezes, se for ganhar mais beijinhos - zombo, apertando a bochecha de Mel, que deixa um tapa em meu braço antes de sair apressada.

- Você é o melhor! - virando as costas, ela logo some de minhas vistas.

Desvio das pessoas que estavam distribuídas pela cozinha improvisada do lado de fora e sorrio ao chegar perto de Carol. A mulher me estende um prato, com um pedaço de carne e um copo com água fresca. Agradeço com um aceno e mando um beijo no ar para ela, que dá risada.

- Oi, Daryl!

- Bom dia, Daryl.

Um coro de cumprimentos ecoa e Daryl Dixon aparece ao meu lado. A risada de Carol agora é direcionada ao homem, que tinha uma carranca envergonhada no rosto pelo reconhecimento.

- Que fiquem sabendo que gostei de você primeiro - a Peletier brinca e foi a minha vez de rir com a expressão irritada do Dixon. - Charlie, você e Patrick podem assumir aqui pra mim? Preciso mostrar algo para Daryl.

Assinto.

- E aí, cara? - Patrick acena.

Dou uma mordida em meu pedaço de carne.

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' CHRISTOPHER GRAHAM'S POV '

- SE EU SOUBESSE QUE IAM ENROLAR TANTO ASSIM, eu tinha dormido até mais tarde - reclamo, vendo Jackson colocar as coisas para dentro do porta-malas do carro.

O Hill me ignora, batendo a porta com força.

- Você me parece um pouco impaciente - brinco, apontando o óbvio. Vejo então Avery se aproximar com uma mochila nas costas e balanço a cabeça de maneira positiva. - Okay, entendi.

Olivia vem logo atrás do namorado, com Beth Greene e Judith. As duas garotas conversavam sobre alguma coisa que as faziam dar risada e Matteo parecia inexpressivo, sem muita pressa também.

- Vão com a gente? - falo.

Olive sorri.

- Apenas viemos dar boa sorte para vocês.

- E que sorte - Jack se esforça para manter a postura, puxando Beth pela a cintura. A loira da um beijo em sua bochecha e Judi quase agarra nos cabelos claros do Hill. - Não é, lindinha? - ele pega nas mãozinhas da bebê, chacoalhando-as com cuidado. - Que frio todo é esse que anda sentindo, Olive? - ele pergunta e eu não me surpreendo.

A surpresa é ele ter aguentando quase a manhã toda para dizer alguma coisa.

- Gripe - ela rebate no automático. - Devo ficar doente logo.

Jackson da risada, irônico.

Matteo para ao lado da namorada, passando um dos braços ao redor de seu pescoço coberto pela o cachecol vermelho e felpudo. Ele fuzila Jack com seu melhor olhar raivoso e posso ouvir a fumaça sair dos ouvidos do Hill como em um trem em alta velocidade.

- Você mente cada vez pior, Olivia.

- Jack - repreende Beth.

Eu entendia muito bem a revolta de Jackson.

Quando conheci Olivia em Woodbury, ela era uma pessoa totalmente diferente do que eu via agora, quando olhava no fundo dos seus olhos preocupados. Ela exalava alegria, força e luz. Era o próprio sol zanzando na terra; iluminando esse mundo todo despedaçado.

E agora, a despedaçada era ela.

- E você fica cada vez mais intrometido - Matteo Avery sorri sem humor algum.

Ia ser uma busca por suprimentos muito longa.

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