Mais uma vez...

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Provavelmente já são cinco horas e já não aguento mais de fome e sede. Minha garganta estava seca, meus lábios estão rachando. Meu estômogo está doendo muito.
Meus punhos e meus tornozelos estão sangrando por causas das cordas. Desde que Christian saiu, eu tento me soltar.
Meus pensamentos vão em Eduardo. Ele deve estar sofrendo muito. Queria poder acreditar que tudo vai ficar bem, mas não. Eu sei que não. Quanto mais o tempo passa, mas minha hora de partir se aproxima.
Uma corrente de vento entrou na casa abandonada me causando um grande arrepio.
O lugar estava acabado. Partes do teto estava no chão. Muito lixo, poeira e teias de aranha.
A marca do chicote ainda estava no meu peito e meu cú ainda estava muito dolorido.
Idealizei tanto uma noite perfeita com o Eduardo. Sempre pensei que estaríamos em um barco no meio do mar. Deitamos em uma cama, aproveitando o balanço do barco.
Sempre estaríamos nos beijando. Bebendo um pouco. Colocando frutas na boca um do outro.
Sentaríamos do lado de fora da cabine, sentindo a brisa e vendo as ondas.
À noite, teríamos um jantar íntimo e depois, carinhosamente, ele me possuiria.
Mas nada disso aconteceria mais. O desgraçado tirou minha virgindade e ainda estou sangrando um pouco.
Sinto um grande desconforto em todo o meu corpo. Até as lágrimas encontrarm dificuldade para sair.
Lembrei da minha mãe e por tudo que já passamos. Os momentos bons e ruins. Eu a amava tanto. E todo o tempo que passamos juntos, não foi o suficiente.
Pensei nos meus amigos. No dia do festival e em como estávamos felizes. Lembrei de todas as vezes que fomos a festas.
Queria muito ver o bebê do Kauã e da Isa, mas isso não seria possível.
Queria ver a carreira de modelo da Lí decolando.
Queria poder ter começado um namoro com o Eduardo. Queria pelo menos ter beijado a boca dele.
Lamentar agora, não vai adiantar nada.
O frio me fazia tremer, e eu não conseguia fazer nada para melhorar aquilo. Virei o rosto para o lado e o sol não estava mais do lado de fora. Tudo ali fora estava escuro e logo começou a chover.
E a chuva era muito forte... Muito forte mesmo. Logo os raios e trovões surgiram e o meu frio triplicou...

...

Deixei Priscilla na minha casa e saí no carro dela. Todas as informações que recebi ainda procuraram uma maneira de serem processadas. A única coisa que eu sabia, era que Christian era a pessoa do mal.
Fiquei escondido do lado de fora do estacionamento, esperando ele sair.
Peguei o que achei que seria necessário. Uma bolsa com comidas, água e roupas. Coloquei a arma na minha cintura. Nunca havia atirado antes, e não esperava que isso fosse acontecer aquela noite.
Cinco em ponto, o carro do Christian surgiu no meu campo de visão.
"Ele já saiu. Torça para que tudo dê certo."
Enviei para a Priscilla.
"Vou sim. Quando estiver se aproximando, me ligue para dizer onde você está."

"Tudo bem. Estou indo atrás dele. Tchau!"
Coloquei o celular no banco do carona e começei a seguir ele. Pensei que ele fosse para a casa primeiro, mas não. Ele começou a se afastar mais e mais do centro.
Chegamos em um lugar em que a estrada era de barro e em linha reta. Não havia curvas, o que dificultaria eu continuar a segui - lo.
Esperei ele se afastar bastante e enquanto isso, liguei para a Priscilla...
- Oi.- Ela atendeu antes mesmo do celular tocar direito.-

- Oi.

- Já chegaram?

- Não. Creio que ainda estamos longe.- Ainda conseguia ver o carro do Christian.- Olha, eu vou entrar agora em uma estrada de linha reta. Ela é de barro e fica ao norte da cidade, a única da cidade assim.

- Eu já sei para onde ele está indo.

- Onde?

- Para um cidade abandonada. Mel e eu já fomos aí umas duas vezes. São quatro horas de viagem, você vão chegar muito tarde.

Odeio ser assim (Conto gay)Where stories live. Discover now