O Encontro

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Na volta para casa Sofia estava ouvindo In My Place do Coldplay uma de suas bandas favoritas. Ela sabia todas músicas deles. A voz incomum de Chris Martin a envolvia e ela começava a pedalar mais rápido. Quando chegasse em casa ele tinha planejado tocar a guitarra que seu avô lhe dará, mas ela não tinha mais para quem tocar. A guitarra estava empoeirada e o adesivo escrito Sugar  com letras rosas estava descascando.

Seu avô costumava pegar seu violão para ensinar Sofia a tocar.

Ela fechou os olhos e um medo tomou conta de seu corpo. Sofia sentiu um frio na espinha, uma tristeza que fez lembrar de sua mãe e a deixou com a impressão que estava sendo afogada e ficando sem ar. Então ela parou, desceu da bicicleta e descansou no meio fio da rua.

Ela queria muito fazer algo pela morte de sua mãe.

De manhã quando Sofia foi para aula de educação física ela estava se irritando facilmente.

Seus amigos estavam ansiosos para vê-la. Sofia era a melhor jogadora vôlei e eles estavam precisando dela. Os pontos tinham decaído muito desde que ela sofreu o acidente. Mesmo após duas semanas do acidente o emocional dela estava afetado ainda, mas queria muito derrotar as garotas do Tinger's  que era com quem a meses ela queria disputar uma partida.

O treino estava distraindo, mas para ela seus amigos nunca iriam compreender a tristeza de uma jovem que acabará de perder a mãe. Eles estavam tentando anima-la pelo menos não disseram nenhuma frase de apoio ainda que deixasse Sofia se sentindo angustiada.

As amigas dela nunca tinham perdido a esperança nela, desde que ela sofreu o acidente todas usavam uma pulseira vermelha com o nome de Sofia e um pequeno crucifixo. Em nenhum momento elas tiravam aquela pulseira, então deram uma para Sofia que usaria até na hora do banho. Aquela pulseira simbolizava sua superação. A coragem de seguir em frente.

Mas o que ninguém sabia é que Sofia ainda chorava por sua mãe, melhor dizendo era Annabelle quem consolava Sofia quando ela chorava dizendo "Minha mãe não merecia morrer, era para eu ter morrido." 

Ela quebrou os troféus dos campeonatos que ganhará e desabará em choro caindo no braços de sua amiga que não aguentava mais ver ela sofrendo.

Ela chorava todo dia escondido junto com Annabelle que ficava a consolando.

"Você vai conseguir superar tudo isso minha filha." -Ouvia ela sua mãe lhe dizendo.

Quando estavam voltando para sala de aula Sofia passou antes no banheiro para limpar as lágrimas.

Ela usou de smartphone para verificar sua aparência e viu no seu wallpaper uma de suas foto favoritas que era a estrada entre New Ibéria e Lafayatte onde tinha uma das mais bonitas paróquias: carvalhos majestosos envolvidos com barba-de-velho que tocavam o céu azul e grandes campos de rosas e flores que cresciam na primavera.

Sofia não ia lá dês da morte de sua mãe. Ela não iria conseguir nem respirar de tanta dor se fosse lá. Todo dia parecia que sua dor aumentava. Cada vez que ela se levantava algo há apunhalava pelas costas e ela voltava a chorar.

Ela tinha agora uma prova de matemática, mas não estava muito disposta, além de estar nervosa. Seu pulso quebrado ainda doía, mesmo tendo usado o gesso. Ela lembra que quando tirou o gesso foi um alívio, por que coçava demais.

Da sua janela ela podia ver uma placa de PARE no cruzamento da estrada, então ela viu uma borboleta preta com corações branco e vermelho na asa e uma mancha azul que parecia ter sido pincelada.

Então ela deu um leve sorriso tímido e...pera aí, alguém tinha batido na bicicleta de Sofia que estava encostada no meio fio. Ela se acordou e levou um susto. Ela apoiou seu corpo nos braços que tocavam a grama úmida e quando viu quem era ficou surpresa. Se levantou rapidamente e foi ajudar Andrew, o novo aluno que agora estava estirado no chão com o nariz sangrando. Ele estava de olhos fechados e segurava o nariz, então quando Sofia se aproximou ele recusou ajuda sem saber que era ela.

Então ele viu uma silhueta que parecia lhe familiar. Ele se levantou e percebeu que era Sofia.

-Você está precisando de ajuda!-comentou ela o segurando ele pelo quadril e o sentando na grama.

Nunca tinha visto um garoto como ele antes, era branco como a neve e seus olhos eram azuis como a água límpida do mar. Ele carregava uma tristeza profunda nos olhos. Seu cabelo era castanho escuro e bagunçado. Tinha muitos músculos escondidos de baixa daquela camisa. O seu sangue caía pelos lábios carnudos e escorria pelo queixo. Ele parecia um ator de filme.

Ele era o garoto mais lindo que ela já tinha conhecido na vida. Não exatamente o mais lindo que já tinha visto, mas ele tinha uma elegância em especial.

Ela pegou um kit de primeiros socorros que sempre carregava na mochila e tirou um pedaço de gazes e água oxigenada, então despejou um pouco de água oxigenada na gazes e deu para Andrew colocar no nariz e limpar o rosto. Sua expressão era de que estava ardendo, mas não soltou nenhum barulho. Ele nunca tinha se machucado antes, mas achava que não doía tanto.

Ele deu uma última limpada no sangue que tinha no seu rosto e disse olhando encantado por Sofia.

-Desculpa, Sofia! Não queria quebrar sua bicicleta.

-Tudo bem. -Disse ela suavemente.

Ele levantou as bicicleta. Andrew subiu na sua bicicleta, agradeceu Sofia pelo curativo e foi embora.

Então ela percebeu que a roda de sua bicicleta estava amassada e ficou furiosa. Como um garota lindo daquele era desajeitado?

Ela tinha que saber onde ele mora para cobrar pela roda amassada.

Sofia pegou a bicicleta e no andando ao lado dela. Faltava pouco para chegar em casa. Ela já podia ver as luzes de casa.

Sentado na escada ela viu Petter que sorria para ela.

Eles eram velhos amigos, mas as vezes parecia que ele era apaixonado por Sofia o que a deixava constrangida. Quando ele viu a roda da bicicleta amassada foi correndo ajudar ela.

Os dois eram completamente diferentes pensou Sofia, enquanto mordia os lábios, mas eram lindos demais.

-O que aconteceu? -Perguntou ela sorrindo desconfiada.

-Nada. -Comentou ele sem tirar os olhos de Sofia. -Somente estou pensando em como consertar a roda da sua bicicleta.

Ela ficou surpresa ao ver seu pai em casa. Era para ele estar trabalhando no restaurante agora.

-Vishhh. -Disse seu pai ao olhar o estado da bicicleta.

-Está tudo bem, pai. -Afirmou Sofia indo em direção ao seu pai para abraça-lo.

Sofia sentiu um cheiro doce e tranquilizador que entrou por suas narinas. Seu pai estava fazendo cuca califórniana.

Margarett amava essa cuca.

Enquanto eles comiam Sofia pensava no jogo contra as Tinger's  e no seu banho para descansar, até que ouviu a voz de sua mãe:

"Siga em frente e achará seu lugar."


LágrimasOnde histórias criam vida. Descubra agora