Vigésimo terceiro dia

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Já é o vigésimo terceiro dia desde que começei a contar.
Ele me disse que fiquei desacordada por alguns dias, então desde a primeira vez em que vi o sol se pôr por aquela pequena janela tenho contado quantos longos dias fico presa nesse cativeiro.

Posso jurar que não se passou sequer um dia em que eu não gritasse por socorro, gritasse por ajuda, gritasse até que eu sentisse os meus pulmões prestes a explodir.

Gritei como se fosse a última coisa que pudesse fazer por mim mesma, a única coisa que poderia fazer para me ajudar, para que a esperança não morresse.

Receio que ninguém nunca me ouviu gritar, ninguém nunca ouviu os meus prantos e ninguém nunca veio me ajudar. Bom, talvez ele tenha me ouvido. E ele veio. Mas não para me ajudar.

Cada novo dia, em que eu acordo com os raios do sol que atravessam a pequena e única janela queimando o meu rosto, há apenas uma palavra em que eu penso, uma palavra que renova as minhas forças para aguentar o que virá ao longo do dia, uma palavra que me forço a repetir todas as vezes que o meu corpo desiste. Sobreviva.

Sobreviva.

A menina do cativeiroWhere stories live. Discover now