A menina do cativeiro

Trigésimo nono dia

Hoje eu acordei com uma citação em minha mente: "Ás vezes, lugares humanos criam monstros desumanos" Stephen king

Eu não espero que sempre haja uma explicação para tudo que um ser humano seja capaz de fazer. Cada um sabe o que se passa em sua própria mente. Cada um conheçe os seus fantasmas.

A pior luta que pode ser travada é aquela contra si próprio. Viver em uma prisão psicológica onde o inimigo que o mantém refém é você mesmo. Mas a luta se torna desigual quando você a transfere para alguém.

Não o tipo de transferência de compartilhamento, a procura de alguém que lhe entenda e que possa lhe ajudar. O tipo de tranferência que culpa o outro, que desconta. Então você não pede que uma pessoa lhe ajude a apontar uma arma para um alvo, você aponta a arma para essa pessoa, como se ela fosse o alvo.

Não quero me fazer de vítima, apesar de ser, isso não me ajuda em nada, eu sempre lutei contra os meus fantasmas, eu os prendia e fugia, seguia em frente, mesmo sabendo que lá na frente teria que enfrentar novamente os que sempre escapavam.

Mas sempre tentei ser forte e nunca me deixei ser dominada por eles. E nunca transferi as minhas batalhas para alguém, eu sempre lutei sozinha.

Eu vejo. Sempre que ele se aproxima de mim eu vejo, os seus fantasmas e os seus demônios. Eu os vejo em seus olhos. Ele se deixou ser completamente dominado por eles. Eu não o vejo mais lutando contra esse controle, a batalha foi perdida.
Mas não a guerra.

Eu também não sei quais situações moldaram as prisões em sua mente. O que atacou a sua psique, ou o porque ele deixou que seus fantasmas se tornassem mais fortes que ele.

Eu tive medo de que esta situação enfraquecesse as minhas prisões, e que novos demônios surgisse para se juntar aos outros e me dominassem, me tranformassem no que eu não quero ser.

Eu fortaleci as minhas prisões ao invés dos meus fantasmas, porém ele fez justamente o contrário.
Ele os fortaleceu, mas não foi só isso.

Ele se tornou um mostro como todos eles.