Parte 2

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O amor não é um sprint, é uma maratona.
Uma díficil procura que só termina quando ela cai nos seus braços,
ou te atinge com spray de pimenta.
Howard Wolowitz (The Big Bang Theory)

Narração: Henrique

Tenho certeza de que as coisas seriam diferentes se eu me chamasse Alexandre. Alexandre significa "o defensor da humanidade".

Henrique, por sua vez, tem origem no nome germânico Haimirich e é composto pela união dos elementos, heim que significa "lar" e rik, que quer dizer "senhor". Ou seja, o significado do meu nome é "senhor do lar". 

Não que eu esteja sendo machista. Sou super a favor da divisão igualitária das tarefas domésticas e costumo cozinhar melhor do que a minha mãe. 

Sério, eu faço um estrogonofe excelente.

No entanto, não pode-se dizer que "senhor do lar" é um significado particularmente atraente.

Sim, eu sei que poderia ser pior. Eu poderia me chamar Jonas, por exemplo. Jonas vem do hebraico Yonah, mesma raiz deu origem ao nome feminino Yoná​, e que significa "pomba".

Pomba.

Não acreditam em mim? Podem procurar no Google.

Aproveitando, enquanto estiverem por lá, podem procurar também por Alexandre e Henrique. Isso vai ajudar a entender melhor o ponto aqui apresentado.

Como devem ter percebido, buscar por Alexandre retorna inúmeros links referenciando textos históricos sobre Alexandre, o Grande. Enquanto isso, procurar por Henrique provavelmente lhes presenteou a descoberta de uma nova dupla sertaneja.

Desigual, não?

Quero dizer, a dupla não é nem mesmo famosa.

Enfim, estou aqui fazendo esse discurso infinito - e vocês perceberão que isso é bastante recorrente quando fico nervoso (o que também costuma acontecer com frequência) - para explicar que eu nunca tive chance nenhuma de ser bem sucedido com a matéria que havia sido designada a mim naquela semana. Afinal, para escrevê-la eu precisaria de um mínimo de auto-confiança e, conforme acabei de lhes provar, a minha confiança já estava prejudicada no momento do meu registro no cartório.

Para início de conversa, para escrever tal matéria eu precisaria falar com pessoas. O que, na verdade, não costuma ser exatamente um problema para mim - vocês já devem ter notado que possuo um caso grave de verborragia -, porém, eu deveria falar com mulheres. E sim, eu sei que a maior parte das pessoas que estão agora lendo essas palavras é do sexo feminino, mas isso era diferente. Eu teria que falar com mulheres ao vivo.

Pessoalmente.

Cara a cara.

E não apenas falar. Eu deveria conquistá-las.

Confesso que já desconfiei possuir algum tipo de maldição. Algo provavelmente relacionado ao meu homônimo, o rei Henrique VIII. Apesar do significado pouco glamouroso do nosso nome, Henrique VIII casou seis vezes, mas possuía o péssimo costume de decapitar suas esposas. 

Eu deveria estar pagando alguma penitência cármica relacionada a isso. Fazia todo sentido.

- Eu... eu queria... - balbuciei para as duas garotas sentadas na mesa da lanchonete em nossa faculdade.

- O que? - a morena de cabelos ondulados perguntou de forma rude.

Sinceramente? Nem mesmo sei o que eu queria. Conseguir formar uma sentença completa já seria um bom começo.

100 Coisas Que Eu Odeio Em VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora