Capitulo 36

172 13 2
                                    

A cabana era velha com madeira envernizada na cor azul celeste, tinha um ar histórico como se aquela cabana estivesse ali, no meio do nada, a muito tempo. Entrei nela e observei os homens ao meu redor, Dante era um deles. Ele estava sentado na cadeira do centro, rindo como o idiota que sempre foi mas quando me viu ajeitou a postura e se levantou.

- Olá Sophia, que bom que veio nos visitar. - Disse

Continuei calada, todos riram.

- Que gênio difícil hein. - Murmurou um homem que estava quase ao meu lado.

Novamente, continuei calada. Disposta a não dar um pio sobre os planos de meu pai, eu já não sabia mesmo.

- Queremos saber uma coisinha, querida prima e creio que você irá nos ajudar. - Disse Dante ao se aproximar de mim.

Ele passou os dedos nos meus ombros e eu quase desmontei por nojo.

- Que tipo de coisa você quer saber, querido primo. - Imitei sua voz.

E assim, novamente, todos riram. Logo, Dante sorriu.

- Você alguma vez lutou em uma batalha?

- Não. E não pretendo lutar em uma.

Ele riu.

- Hoje você irá. Veja bem, pra tudo tem uma primeira vez, não é.

Fiquei calada e ele retirou sua espada do bolso. Senti o frio do ferro enconstando na minha garganta quando ele me desafiou para um duelo, tirando sorrisos dos rostos das pessoas presentes. Me deram uma espada dourada, diferente da dele que era prata, e eu a posicionei em termo de defesa.

Eu vou gostar dessa brincadeira.

Ele se aproximou e lançou a sua espada no meu rosto, mas eu pude desviar e tentar lhe atacar na coluna, mas não consegui. É óbvio que ele era muito mais rápido e ágil do que eu e tinha uma bom porte e praticava aulas de verdade e não esgrima. Após alguns segundos eu já estava com alguns cortes e ele em perfeito estado, mas ele não queria me matar, apenas cansar-me para que eu morresse na guerra. Se ele quisesse me matar, já teria feito.

Algo aconteceu, os cavalos relincharam e quando me voltei para vê-los e saber o que estava acontecendo, levei uma rasteira que me fez bater a cabeça no chão duro. Gemi quando ele escontou novamente a espada em minha garganta.

- Nunca se distraía diante uma batalha, querida prima. - Disse.

Me levantei e olhei para o rosto de meu primo que exibia uma expressão divertida, misturada com surpresa, mas ele não estava olhando para mim e sim para algo atrás de mim. Seria algum tipo de bicho? Me virei para trás e vi um garoto de cabelos escuros se aproximando e meus olhos saltitaram ao encontrar aqueles olhos pretos intensos.

- Ora ora... - Disse Dante ao me puxar para trás e se posicionar na minha frente. - Você é um garoto corajoso Tommy. - Elogiou e depois disse com a voz seca: - O que você quer?

- Podemos conversar? - Perguntou Tommy.

Alguns homens se aproximaram e esticaram suas flechas, todas direcionadas a ele.

- Não vou tentar nada. - Falou e largou sua espada no chão, mas sem tirar seus olhos de mim.

- Oh, querida prima. Ele não veio para vê-la. - Murmurou com a voz finjida de tristeza. - Mas calma, você ainda tem o Malton.

Meu sangue ferveu e eu quase me joguei em cima dele para socar sua cara, mas os homens me seguraram e eu fiquei me debatendo enquanto Dante ria e Tommy finjia que não havia escutado aquilo.

A Herdeira PerdidaWhere stories live. Discover now