Capítulo- 18

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Desperto-me com o balançar calmo de ondas medianas que me carregam de uma extensão a outra, a tontura em minha cabeça dificulta minha visão danificada pela água salgada, faço o máximo de esforço possível e me posiciono ereto quando meus pés tocam em algo embaixo, areia. Me encontro em uma praia artificial do que posso chamá-la de ilha, e a última coisa que quero neste mundo seria ficar ilhado, sem ajuda, sem ninguém. Nado vagarosamente até a densa areia clara da praia que se estende em uma imensidão por todos os lados, a minha frente coqueiros cobrem a mata que me espera para pregar-me uma peça a qualquer instante, com dores extasiantes me ponho de pé, coloco as mão na cintura e solto um longo e desesperado suspiro. " O que farei agora?"

Caminho por cerca de cinco minutos pelo litoral coberto por algas do mar mortas colorindo a terra mórbida da pequena ilha, avisto algumas carcaças de barcos que obviamente foram arrastados assim como eu para este confim.

- Alguém aqui?- Grito com minha voz rouca e estrangulada, minhas roupas úmidas fazem com que meu corpo desnutrido pese mais alguns quilos, preciso me alimentar. Continuo caminhado pela imensidão de areia que se umedece ao fazer contato com respingos de ondas. Sinto uma substância líquida escorrer por meu pescoço, rapidamente passo a mão no local, sangue. Tenho medo que meus ouvidos permaneçam danificados para sempre.

- Brian! Sally!- Insisto em gritar mesmo com minha garganta estando em uma situação desprezível, mas ninguém me responde, a não ser pelo barulho das gaivotas que me cercam como vigilantes aéreos.

Após quase uma hora de caminhada me jogo ao chão exausto, o sol calorento me castigando com seus raios que ressecam a cada segundo a mais minha pele corada, uma lágrima queima minha bochecha conforme ela traça sua rota úmida. Estou sozinho.

Por mais clichê que seja andei até perto de um coqueiro baixo e arranquei algumas folhas incrivelmente verdes, tão verdes como... como os olhos de meu irmão, Brian. Meu peito se comprime ao pensar na possibilidade de ele está morto, meu irmãozinho morto. Carrego as pesadas folhas de coqueiro em minhas costas, tão pesadas quanto o sentimento de culpa que me rasga por dentro, volto para a areia e posiciono as folhas no chão desenhando um SOS na inútil tentativa de que alguém possa me encontrar, talvez uma ajuda divina. Após o ato sento-me á frente de minha arte e deixo que meus olhos caiam na imensidão azul do oceano sem fim que zomba de minha desgraça, mais lágrimas despencam de meus olhos, não consigo evitar o soluço e caio em uma depressão momentânea.

- Eu te odeio Jobson Gulverd!- Grito o mais alto que consigo para o causador de meu sofrimento, consigo escutar minha voz ecoando por todo o litoral fazendo com que uma boa quantidade de pássaros tropicais negros voem espantados de uma enorme árvore á esquerda. O crepúsculo já se aproximara escondendo o sol que fora tragado pelo horizonte azul vívido, conforme a escuridão me cerca me apresso em pegar alguns galhos grossos espalhados ao redor para acender uma pequena e improvisada fogueira, claro que dentro da selva logo depois dos coqueiros existem galhos melhores e com mais nutrientes frescos que possibilitariam a pratica do fogo, mas não me arriscaria em ir até lá, seu interior é como se fosse um labirinto aterrorizante, e estou a par de fazer e deixar de fazer qualquer coisa para preservar minha vida.

Com os galhos e muitas tentativas falhas consigo acender um chamusco de fogo, a pequena fumaça subindo a atmosfera me deixara tonto, desesperadamente assopro com cuidado a fonte da fumaça para que a chama se propague e felizmente consigo realizar o ato. Adiciono mais pedaços de galhos secos e em menos de um minuto a minha pequena fogueira está apropriada á me manter aquecido e vivo até o amanhecer.

Fico sentado ao lado de meu pedido de resgate e á frente de minha improvisável fogueira- se é que posso chamá-la assim-. A escuridão da noite domina o meu redor, e a sensação de está sozinho sem uma alma ao seu lado para compartilhar pensamentos me deixa angustiado, o calor tropical é insuportável o suficiente para me fazer tirar a camisa vagarosamente, a bala instalada em meu ombro já se formara parte de meu corpo, não consigo sentir tal região, também não sei como ainda permaneço vivo. Ponho minha camisa perto da fogueira calorosa para secá-la, não da água do mar, seca-lá de meu suor. Não me conformo em me despir somente de minha camisa, então retiro minha bermuda imunda e posiciono-a ao lado de seu par úmido. A lua brilhante me lembra os variados acampamentos de minha família, todos nós comendo mashmallows a beira de uma enorme fogueira.

Enquanto me pego pensando em tais memórias para me distrair de mim mesmo, pois quando se está sozinho ou ilhado, pensar em sua breve morte só irá piorar seu interior. Penso na situação dos Estados Unidos, Jobson nunca irá se conformar até que o último cidadão do país insira o seu microchip se tornando consequentemente um Chippers, ele matará todos os resistentes que negarem sua lei. Tento imaginar qual beneficiamento este mísero plano o trara para ele mesmo, temo qual seja realmente o verdadeiro motivo do microchip, ele nos engana com sua propagandas anunciando os benefícios que ele nos traz :" Todas suas documentações impostas em um só aparelho dentro de você, chega de papeis, de documentos, utilizaremos a tecnologia para simplificar e facilitar suas vidas. "

Mas os refugiados, alguns deles sabem qual o verdadeiro motivo por detrás desta marketing que nos cega, por isso eles lutam contra, decidi me juntar á eles assim que meus pais morreram. Por vingança á Jobson e seu governo que os matara em um de seus primeiros bombardeios, só os refugiados mais autênticos sabem a verdade sobre tal chip, eu sou apenas um de seus seguidores. Preciso achá-los, quero saber a verdade, também preciso achar meu irmão que possui o chip em sua nuca, preciso saber como retirá-lo dele.

Preciso saber realmente por qual motivo estou lutando.


Chippers- O começo do fimWhere stories live. Discover now