Capítulo Oito

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As últimas semanas tem sido estranhas, ando pela casa me sentindo sozinha. Sai com o Gustavo algumas vezes para ir naquela sorveteria, mas ficava triste todas as vezes que olhava para aquele maldito sorvete de Pistache e Leite condensado e passeava por onde andei aquele dia na Praia, ajudei a Gabi nessas últimas duas semanas no Quiosque para ela sair mais cedo e ficar comigo.

Meus pais já viajaram duas vezes para reuniões e nessa última eles voltaram com uma mini van, para nossa ida ao colégio. Eu não sei o que pensar sobre isso, sei que meus irmãos vão estar lá, Miranda, Arthur, Gabi e um tal de Gabriel, mas nada sobre os quartos, eles são muito sigilosos sobre isso, não postam nada nas redes oficiais da escola.

Todo dia entro lá e vejo quem segue a página ou alguma coisa que pode ser algum conhecido naquela coisa que chamam de escola.

Dylan me ligou mais duas vezes depois daquele dia e disse que seus pais estão tentando uma reconciliação, pelo que eu entendi seus pais são donos de uma imobiliária e as coisas não andavam boas por lá, enfim. Agora estão melhores e eles resolveram tentar, na última ligação ele estava estranho.. Não parecia mais o mesmo, então pedi para que se ele não quisesse, não precisava me ligar mais.

O Gustavo tentou me beijar a última vez que saímos e foi o beijo mais esquisito que já tive, nós dois não gostamos e decidimos que isso não tem nada a ver e somos totalmente sem química, vamos ser amigos que talvez seja o melhor para os dois. Já que vamos ter que conviver todos os dias daqui a pouco. Esse pensamento me perturba um pouco, porque ele é uma pessoa tão gentil comigo, sempre tenta me animar e me trazer mais para perto, mas acredito que com ele eu não consiga ter mais nada além do que uma amizade sincera.

(....)

Acordo com as cortinas se abrindo com o vento e deixando a luz de fora entrar dentro do ambiente escuro. Abro os olhos e demoro a me sentar, É Hoje.
Ouço passos pelo corredor e pessoas falando, não são meus pais, oque está acontecendo?.

Me levanto e vou ao banheiro, me visto com uma roupa leve e rasteiras. Saio do quarto e vejo duas mulheres, uma delas a Leile ( a funcionária que nos ajuda em casa) levando malas de mão até as escadas.

- Safira, cadê você? Vai se atrasar filha. - Minha mãe grita de lá da sala.Me atrasar ? Que horas são?. Olho no celular e já são 11:00hs é dessa vez dormi mais que o normal, mas ontem fizemos uma mini despedida com meus pais, foi até gostoso. Fomos comer em uma churrascaria famosa da cidade.

Desço as escadas e vejo que meu pai está colocando as malas na van, minha mãe está enchendo uma caixa com alimentos e Caio esta no telefone enquanto Sara ajuda minha mãe.

- Oi gente perdi alguma coisa?. - falo. - Não tínhamos mais dois dias até ir?.

- Ah, Filha sinto muito eu e seu pai teremos que fazer uma viagem de emergência. Parece que tem um negócio bom vindo aí, não podemos perder essa oportunidade.. vocês vão ir mais cedo para não perdermos a entrada.

Olho para Sara que parece triste, ninguém ir para aquele lugar, odeio ficar longe daqui, queria que meus pais entendessem.

- Eu não vou. - Disparo ríspida. - Não quero ir, vou ficar aqui na casa do Rio. Se você não me quer aqui vou para São Paulo.

- Como assim Safira?. É claro que você vai já pagamos tudo, não fala dessa forma. - Minha mãe me olha e arqueia suas sobrancelhas.

- Vocês mal tem tempo de ficar com a gente, ainda colocam culpa em ensino. Vocês não tem vergonha?. - A olho incrédula, será que ela não vê ? Que isso tá na cara?, mal ficamos todos juntos.

Meu pai entra na sala e olha para mim me corrigindo.

- Mal temos tempo para vocês, pois estamos trabalhando e só trabalhando que conseguimos dar essa vida para vocês. Acho bom você não dizer mais a respeito, já estamos de saída. Vá pegar suas coisas. - Ele da dois tapinhas na minha mão e beija minha testa. - Nós amamos vocês.

Sara abraça ele e sobe para seu quarto para pegar suas outras coisas, uma sensação de tristeza me invade. Que isso que estou sentindo, parece que nunca me mudei antes?. Ou talvez seja trauma mesmo depois que tiver que ir para São Paulo, me senti tão abandonada. Não quero voltar a ter essa sensação, só de pensar que vou ter que abrir a boca para falar com uma pessoa que vai dormir no mesmo quarto que eu. Cansa.

-Filha você vai gostar, tem uma biblioteca de dois andares e eles pegam pedidos de livro você sabia?.- Minha mãe sorri.

- Nossa, que legal. - sorrio amarelo, não queria que ela soubesse que gostei da ideia de uma biblioteca ENORME.

- Vem filha, vamos pegar as suas malas. - Meu pai acena da van.

Subo para meu quarto e pego as últimas malas de dentro do closet, vou sentir falta do meu quarto. Só dois meses que cheguei aqui, mas já vou ficar com saudades.

Quando contei para San a notícia ela ficou doida, disse que o sonho dela era ir para um colégio desses não sei oque bla blá blá. Aí se tivesse como trocar de lugar, não pensaria duas vezes.

(....)

Estamos na pista a três horas e sinto minha garganta ficar seca com frequência, me estico para pegar uma água no cooler em baixo do banco e olho a minha volta. Estamos entrando em uma estrada fechada aonde não tem tantas casas, olho uma placa enorme acima de nós.

Colégio Gransam a Direita 1km

Bufo e cutuco a Sara.

- Já chegamos no fim de mundo?. - Ela resmunga.

- Bota fim de mundo nisso. - Suspiro. - Mãe, esse colégio é antigo?.

- Sim, inicialmente ele foi criado para ser um colégio de freiras, mas o comprador mudou o planejamento.- Minha mãe aponta para uma igrejinha que mais parece de um filme de terror, cheio de mato em volta. Meu Deus.

- Ah que ótimo, vou estudar num colégio de freiras, que horror!.- Falo observando a igreja assustadora.

- Essa ideia foi a mais de 15 anos, agora o colégio está em boas mãos filha. Totalmente moderno, você vai se surpreender. - Minha mãe sorri e olha para mim.

- Chegamos crianças. - Meu pai anuncia e o barulho do GPS apita.

Olho a minha volta e só vejo quatro prédios enormes, três mais altos e um no meio um pouco menor, entramos em uma fila de carros e de longe consigo ver pessoas descarregando malas.

Os prédios parecem estar reformados, o lugar parece ser moderno. Cheio de árvores e um jardim bem grande, parece um campus.

Meu pai estaciona em uma vaga próxima a uma entrada.
- Vamos pessoal, chegou a hora. - Ele desliga o carro e abre o porta malas.

Suspiro e dou uma última olhada nas janelas dos prédios, parece ser enorme por dentro, só de imaginar a noite aqui no meio desse mato me assusta um pouco.  Será que lobisomens existem?.

(....)







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