Capitulo Cinco

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No dia seguinte, acordo cedo e me arrumo, Clarice ainda esta dormindo, então não faço muito barulho, vovô disse que a escola vai me dar o uniforme hoje, então visto uma blusa de manga preta e um casaco, mesmo não estando frio, calça jeans e tênis.
Quando desço, sinto cheiro de pão, café, Nescau, presunto e queijo, vou correndo para a cozinha, meu avô esta lá, ele esta sentando na mesa, me junto a ele e começo a comer, quando terminamos meu avô diz:
-Vou te levar ate lá, mas você vai ter que voltar sozinha, então preste atenção no caminho.
-Tudo bem, sou boa em decorar caminhos.
-Outra coisa, isso é pra você- Ele diz me estendendo um celular, não entendo nada disso, já tive alguns, mas esse eu não conheço, e bonito.
-Obrigada vô
-De nada, eu já coloquei a senha do Wi-Fi ai, assim você pode baixar as músicas que você quiser, temos 30 minutos, vou me arrumar.
Ele sai eu começo a baixar músicas, na maior parte são da cantora britânica Jessie J., também baixo algumas da Meghan Trainor, Taylor Swift, Katy Perry e Rihanna, Ed Sheeran, entre outros.
Quando vovô desce, já tenho uma playlist pronta, ele me chama
-Ester, vamos, a escola e perto, mas ainda temos que andar uns 20 min.
Coloco o celular no bolso e pego minha mochila, pego uma última fatia de presunto e vou ate meu avô.

***

Meu avô me deixo aqui na escola já faz dez minutos e todos já me olham.
Olho de um lado para o outro.
"Cadê a supervisora"
Quando olho pra frente tem uma menina, cabelos castanho e um sorriso de orelha a orelha.
-Prazer, meu nome é Sônia, estou aqui para leva-la ate seu lugar.
Dou um sorriso e deixo Sônia me guiar, escuto uns risinhos, olha pra trás e vejo um grupo de adolescentes, bem arrumados, já sei de cara, o clube dos riquinhos, ignoro eles e olho pra Sônia.
Ela me leva ate uma porta e diz.
-Aqui é o seu lugar.
Olho pra porta esta escrito banheiro, os risos aumentam, Sônia me empurra um esfregam e ri.
Seguro o esfregam de metal, minha respiração fica acelerada, amasso o esfregam e jogo ele em Sônia, ele bate bem no meio da cara dela, ela vai pra trás, eu pulo em cima dela com um rosnado, me controlo para não me transformar, soco ela sem pena, quando paro a uma mulher, por volta dos 50 anos, com um terninho me olhando, ela ajeita o óculos, da um sorrisinho bem escondido e faz um gesto para que eu a siga.
"Que ótimo, suspensa no primeiro dia de aula"
Passo pelos amigos da Sônia e todos saem da minha frente, dois adultos passam por mim e vão ver como ela esta, do um sorriso ao constatar que ela esta inconsciente.
A mulher limpa a garganta, vejo que parei de andar, ela segue andando e eu vou atrás. Subimos duas rampas, ela me leva por um corredor, mentalmente, tento lembra o número do celular do vovô, ela para enfrente a uma porta, olha pra mim e a abre, entra e eu a sigo, a sala e repleta de fotos de lobos.
Ela diz:
-Sente-se senhorita Lupus.
Eu sento e pergunto:
-Como a senhora sabe o meu nome?
-Conheço o seu avô, ele me disse que você é um pouco esquentadinha, mas que tem muito alto controle, eu, particularmente, pensei que você ia se transformar.
Olho pra ela assustada, então ela ri
-Não se assuste Ester, conheci seu avô na Itália, isso já faz cinco anos.
Ela abre uma gaveta e tira um porta retratos, estende ele pra mim, a três lobos na foto, olhando pra lua cheia, meu avô, com seu pelo castanho minha avó, com seu pelo negro, brilhando azul e essa senhora, com pelo cinza.
Me emociono de ver a minha avó, sempre me disseram que eu era igual a ela, mas nunca vi uma foto dela tao linda na forma de loba.
Entrego a foto pra ela e pergunto:
-Qual é o seu nome senhora?
-Judith Teixeira, ou como me chamam aqui, sr.ª T, sou a diretora.
-Prazer em conhece-lá sr.ª T.
Ela ri:
-Ester, entenda, normalmente esse tipo de comportamento não passa em pune, mas como você é neta do meu melhor amigo e nova na escola, vou relevar, mas se alguém perguntar diga que vou conversar com seus pais.
-Tudo bem, mas se a senhora quiser pode me punir, sei que mereço.
-Nao Ester, conheço a Sônia, boa nas aulas, péssima com as pessoas.
-Nem me diga.
Ela ri:
-Agora Ester, me prometa não se envolver em encrencas de novo.
-Se eu não tiver que ver mais a cara daquela tal de Sônia.
-Infelizmente isso não sera possível, vocês duas estão no terceiro ano e nós só temos uma turma.
-Droga.
Já fico imaginando uma forma de me livrar dela, indo ate a casa dela e a matando.
-Me prometa não mata-la Ester
Ela diz, dando descarga nos meu pensamentos.
-Isso eu não posso prometer.
-Então apenas tente não matar ela não escola.
-Tudo bem, prometo tentar.
-Obrigada, agora seus horários e seu uniforme.
Ela me entrega uma folha com horários de aulas e duas mudas de roupas, uniformes.
-Obrigada.
Digo e me retiro.
Estudo os meus horários, agora tenho aula de educação física, na quadra, não trouxe roupa, mas vou falar com o professor.
Sigo o fluxo de alunos, todos vão em direção a quadra, o térreo, os amigo de Sônia estão me olhando e cochichando, olho pra eles e eles se encolhem.
Continuo andando, vejo a quadra é enorme, dois campos, um feminino e outro masculino, os alunos sentam na arquibancada, sento um pouco afastada, a professora chega, o silêncio reina, então ela diz:
-Qual de vocês é a filhinha de papai que chegou hoje?
Olho pra ela, não vou dar esse gostinho a ela, não respondo, alguns alunos olham pra mim, então a professora olha pra mim, sorri e diz:
-Qual de vocês é a aluna nova?
Então eu levanto a mão, a turma toda cochicha, a professora me chama, vou ate ela com cautela, paro enfrente a ela, ela diz:
-Qual o seu nome?
-Ester Lupus, senhora.
-Bom Ester, não sou a sua professora de educação física, sou a sua treinadora, você é boa em algum esporte?
-Sim.
-Quais?
Dou um sorrisinho ao responder:
-Todos.
Ela ri:
-Bom vamos ver, meu nome é Teresa Dinaro, ou sr.ª D. Agora todos para os vestiários, vamos joga futebol.
-Professora?
-O que foi Ester?
-Não trouxe roupa para a aula
-Bom, como é o seu primeiro dia não vou te castigar, então pegue uma roupa no meu armário, na segunda prateleira, estão limpas, não se preocupe.
Ela diz me estendendo uma molho de chaves.
-Obrigada Sr.ª D.
Eu sai, mas fico perdida no vestiário e imenso, então uma menina para ao meu lado e diz:
-A sala da sr.ª D é ali.
Ela ponta para uma sala no final do corredor.
-Obrigada.
E saio. Ela grita:
-Só pra você saber meu nome e Ana.
-Prazer Ana, a gente se vê depois.
Vou ate a porta, destranco e vejo uma sala repleta de troféus, acho que devem ser da escola, mas uma olhada em alguns, me mostra que todos são da sr.ªD., fico olhando, depois vou ate o armário e pego a roupa, que já esta separada por tamanho.
Vou até o vestiário feminino, as meninas ficam em silencio, apenas me observando, Ana me chama:
-Ei Ester, esse boxe esta vazio.
Vou ate lá, entro, mas não a trinco, abro a porta e digo:
-Segure a porta Ana.
-Pode deixar.
sério, se você abri, eu te mato.
Ela engole em seco, eu fecho a porta e me troco. Short vermelho acima dos joelhos e uma camiseta rosa.
Saio do boxe, Ana esta lá, ao lado da porta ela me olha.
-Obrigada Ana, vamos.
Ela concorda e saímos. Eu a observo enquanto andamos, acho que peguei pesado com ela, a única pessoa que foi legal comigo, então digo:
-Olha, desculpa pelo que eu disse lá dentro tá? É que eu estou um pouco estressada.
-Tudo bem, eu entendo.
-Você não esta chateada né?
Ela ri:
-Não, eu só estou preocupada
-Com o quê?
-Com a aula, não sou boa em nenhum esporte e as meninas tem quase o dobro do meu tamanho.
Realmente a Ana e baixinha em relação as outras alunas, quando vou disser que vai ficar tudo bem, ouço um apito, Ana diz:
-Vamos, vai começar.
Chegamos a quadra, a dois grupos, de meninas e de meninos, A professora grita:
-MUITO BEM SEUS FILHOS DE PAPAIS, VAMOS FAZER O SEGUINTE, QUERO DOIS TIMES DE MENINAS, DOIS TIMES DE MENINOS, ENTENDERAM.
todos respondem em uni som:
-SIM, SR.ª D.
-ÓTIMO, VOCÊS TEM 2 MINUTOS.
As meninas ate que são organizadas dividiram dois grupos rápido, mas rápido que os meninos, não preciso nem disser que elas já tinham as panelinhas, ou seja, num time tinha as mais fortes e as mais populares e no outro as mais fracas e eu. Nao adiantou nem reclamar, então a professora disse:
-Agora vai ser o seguinte, os grupos vão jogar, dois tempos de 20 minutos, depois os ganhadores jogam juntos, menina vs meninos, OK?
-OK
-Vamos la
O primeiro tempo foi um desastre total, as meninas do meu time ate tentam, mas não jogam nada, as do outro time ficam rindo, isso me irrita, ao final do primeiro tempo estamos perdendo de 7 a 2, a professora nos da 5 minutos de descanso, todos bebem água de garrafas, eu não trouxe garrafa e nem sei onde fica o bebedouro, quando vou perguntar a Ana, um menino para na minha frente e me estende uma garrafa de água, recuso:
-Não obrigada
-Toma, não estou cobrando nada e só pra você matar a sua sede.
-Não obrigada, já levei um trote hoje, não quero levar outro.
-Você acho que eu sou igual aqueles babacas, pós eu te juro que não sou, apenas sou um cavaleiro, que viu uma dama com sede e ofereceu sua garrafa de água.
Nesse momento Ana diz:
-Aceita Ester, Carlos é um cara legal, ele não e igual aqueles imbecis.
Analisando tudo, vejo que Carlos não parece ser esse tipo de pessoa, também reparo que ele é bonitinho, cabelos pretos, olhos azuis e um corpo definido, mas não exagerado.
Aceito a garrafa e Carlos senta ao meu lado.
-Você é de onde Ester?
-Sou do Rio de Janeiro mesmo, mas estava morando na Amazônia.
-Nossa Amazônia, sério?
-Sim, meu pai teve que ir pra lar trabalhar.
-Legal, e seu namorado, não ficou chateado de ficar longe de você?
-Err, eu não tenho namorado
-Impossível, como uma menina linda como você, não namora?
Dou uma risada sem graça e sei que devo estar vermelha, quando vou responder a professora soa o apito e grita:
-Vamos, segundo tempo.

***

As 18hs as minhas aulas encerraram, acho que esqueci de dizer que o colégio e quase interno, das 8hs as 18hs, mas enfim, as 18hs eu sai da escola e quando estava indo pra casa Carlos me chama:
-Ei Ester, Ester
Me viro:
-Que foi Carlos?
-Eu queria saber se posso te acompanhar? Sabe, até a sua casa.
Fico sem graça:
-Eu acho melhor não Carlos, acabei de te conhecer.
-Eu sei, mas sabe temos um trabalho de historia pra fazer, não acha que eu tenho que saber onde é a sua casa?
Olho pra ele, dou uma risada e digo:
-Tudo bem, mas tenho que avisar, meu pai não vai gostar muito.
Carlos me acompanha ate em casa, vamos o caminho todo conversando sobre a minha família, a dele, os nossos planos para o futuro, entre outros, quando chegamos no portão da minha casa, ele olha e assovia:
-Nossa, que casa
-hmm, obrigada é do meu avô.
Um silencio constrangedor se a longe entre nos ate que ele diz:
-Olha Ester eu sei que a gente acabou de se conhecer mais eu quero que você saiba que gosto de você, mas não quero força nada, então vou ocupar todo o meu tempo livre tentando te conquistar.
Fico em choque, não sei o que disser, as palavras dele foram lindas, a única coisa que digo é:
-Sim
Então ele me abraça, me da um beijo na bochecha e vai embora, fico ali parada, vendo ele, ate que ele some da minha vista.
Então meu pai grita:
-ESTER ENTRA AGORA.
Vou para o portão, paro dou uma última olhada pra ele e entro sorrindo.

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