Conciliação

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RYAN


Me separei tão rápido de Chloë que seu ela caiu no chão; uma expressão nova - de vergonha e constrangimento, somados com uma leve irritação - invadiu seu rosto.

Gail socava a porta, com uma expressão aterrorizada, olhando para nós.

Corri para abrir a loja; assim que puxei a porta, usei a outra mão para trazer Gail para dentro, sem nenhuma cerimônia. Tranquei a porta outra vez, esperando ouvir os gritos dela agora que estava na zona de perigo.

Gail estava tão embasbacada que sua boca, apesar de se mexer, não emitia som algum.

Chloë pigarreou baixinho, o que só deixou Gail mais congelada ainda. Ela tremia e seus olhos olhavam horrorizados de mim para Chloë.

Quando ela conseguiu falar, sua voz era um simples fiapo de passarinho.

– O que... Ryan? É... um zumbi... vocês estavam...?

Pela primeira vez, Chloë revirou os olhos. Parecia tão irritada por Gail ter nos atrapalhado que eu quase ri, mas isso provavelmente não ajudaria-a a se recuperar do susto, então me segurei.

Sentei Gail na banqueta do balcão e lhe ofereci um copo de água. Ela esvaziou-o de uma vez.

– Gail.... por favor, por favor... tente se acalmar. Vou lhe explicar tudo se você prometer que vai ouvir de mente aberta.

Gail me encarou, ainda paralisada.

Chloë parecia quase com pena da minha pobre amiga.

– Ela está com medo... de mim, não é?

Gail se virou para Chloë, chocada. Assim como eu ao conhece-la, ela não esperava que uma zumbi assim se comunicasse.

– Ela fala... - Gail estava tão confusa que a pergunta virou uma afirmação.

– Gail... você acabou de vir da reunião, não foi? Lembra o que o Comitê disse sobre os zumbis humanos?

– Ela é uma, não é? - Gail parecia ter recuperado a coragem, e agora sacudia a mão em direção a Chloë - ah, Ryan... ela te enganou e agora você acha que ela é uma pessoa boa, não é? É uma zumbi! Como... mas como...

Apesar de sua acusação, Gail ainda parecia se perguntar o por que Chloë não me atacara durante o beijo. Usei aquela brecha para abrir um pouco a sua mente.

– Ela é diferente de tudo que a gente já viu, Gail... - olhei para Chloë, que parecia um tento encabulada por eu falar dela para Gail - é incrível... ela se comunica normalmente... mesmo os zumbis humanos que o Comitê descreveu não fazem isso...

– Ela não te atacou... - murmurou Gail, parecendo receosa mas quase cooperativa com meu raciocínio.

– Não, e não foi por falta de chances. Ela entrou aqui sozinha... eu estava dormindo...

Gail arregalou os olhos.

– E... - um fantasma de uma risadinha incrédula dançou em sua voz - ela te beijou?

– Não - eu fiquei definitivamente vermelho - fui eu.

Chloë botou as mãos no rosto, parecendo mais encabulada do que nunca. Gail assistiu, surpresa, mais aquela expressão humana vinda de uma zumbi.

Gail olhou para a porta da loja. Agarrei o pulso dela, impedindo-a de se levantar.

– Gail.... você não... - arfei, preocupado - não pode falar sobre ela... pra ninguém... você sabe que o Comitê nunca vai acreditar...

Voltando à ViverWhere stories live. Discover now