Capítulo 17

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ARIZONA - PDV

A revolta de algo maior é despeja através daquelas nuvens no dia tão sombrio. As lágrimas que faltam em meus olhos caem grosseiramente em forma de chuva sobre os caixões no meio do tempo. O silêncio apenas me deixa perdida nas lembranças felizes, vendo em cada canto os olhos da minha mãe, o cabelo grisalho do meu pai e a bondade do meu avô. A maneira como tudo aconteceu de repente, como o meu coração abordou todas aquelas informações me deixou destruída, mas ao ver a minha irmã mantendo-se tão forte trás daquela roupa preta e aquele óculos escuros, segurando fortemente na mão do pequeno Ethan, amenizou um pouco tal frustração e ter que seguir em frente sem eles.

Não poder se despedir, não poder olhar para eles e ver apenas a madeira emoldurada com os seus nomes é crucial. Os guarda-chuvas são abertos, mas eu não me incomodo com a chuva, pois aquilo é o de menos em relação ao holocausto que pulsa em minhas veias.

A vibração em um dos bolsos da minha calça me assusta, retiro o aparelho de imediato vendo em sua tela já úmida o número da Srta. Torres. Não consigo atender, não consegui nem ao menos sequer avisá-la que não poderia trabalhar naquele dia. Mas com certeza, ela já deveria estar sabendo, pois as notícias correm rápido em cidades pequenas. Guardo o aparelho novamente, deixando-o no silencioso para que ele pare de tocar.

O padre começa a fazer o seu discurso fúnebre, lendo atentamente a bíblia sobre o balcão de granito. A cada palavra que sai da boca do homem mais velho é como pedras atingindo o meu coração. Não consigo conter o peso do meu corpo, caindo de joelhos naquela grama molhada e as lágrimas me tomam, invadindo-me com toda a sua dor.

Levanto-me, após descontar inúmeros socos sobre o solo lamacento. Ava me encara, olhando profundamente em meus olhos.

- Ari, está tudo bem? - ela sussurra, colocando o guarda-chuva em minha cabeça.

- Não, não está nada bem. - rejeito-a, me afastando. - Eu... - meus olhos voltam para os caixões sendo levemente colocados em suas covas. - Eu não quero ver isso!

Antes que Ava pudesse me impedir ou responder, saio correndo, sentindo a chuva forte encharcar ainda mais o meu corpo. Não sei ao certo para onde estava indo, mas não poderia ver aquela cena, não conseguiria suportar em ter a certeza que realmente era o fim da vida deles.

Recosto-me em uma das árvores, completamente distante de nossos familiares. Coloco as mãos sobre os olhos, soluçando em conjunto ao choro abafado. Suspiro, recobrando a calma e desacelerando os batimentos do meu coração quando sinto uma mão pousar sobre o meu ombro. Olho para trás e assusto-me ao ver aquele rosto familiar.

- Lau... Lauren, o que você está fazendo aqui? - enxugo os olhos, retirando a sua mão do meu corpo.

- Eu fiz parte da sua família durante cinco anos... Eu precisava vir. - responde ela, caçando algo em sua bolsa.

- Não precisava estar aqui. - respondo, encarando o lenço que ela retirou e me ofereceu.

- Pegue... - seu olhar implora.

- Isso não vai fazer com que eu me sinta melhor. - pego o lenço, enxugando as lágrimas que teimam em cair. - Pode ir embora, nada irá ajudar. - tento me afastar, mas ela segura o meu braço, impedindo-me.

- Arizona, vem aqui... - a mulher magra me puxa para um abraço, segurando o meu corpo contra o seu. - Me desculpe por não estar presente quando recebeu a notícia, desculpe-me por ignorar você... Por tudo. Eu sei que aquilo que você fez foi um erro, aliás, não foi nada... Eu vou cuidar de você!

- Lauren... Eu não quero falar sobre isso. Eu estou exausta, os meus pais... Eles acabaram de... - não consigo concluir a frase, pois o meu corpo reluta em forma de um choro exacerbado em meus olhos.

Alive for MeWhere stories live. Discover now