Capítulo 11. A Fogueira Parte 2

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~Na mídia, o vestido especial vermelho da Lídia, mais ou menos.~

~Killian~

Ela estava ao lado da avó, conversando com a sacerdotisa que presidiria o ritual. A sacerdotisa chorava e Lídia a abraçava e ria, assim como vovó, que usava um vestido branco, que significava que ela não participaria do ritual e uma coroa de folhas verdes. Lídia usava seu vestido especial vermelho, como ela chamava mangas compridas e bufantes, presas nos pulsos, cintura marcada com uma faixa de um tecido mais grosso que o do resto do vestido, saia plissada num tecido quase transparente, indo até o chão.

O vestido que usou na noite em que tivemos nossa primeira noite juntos, depois de uma das celebrações da lua cheia. Já éramos apaixonados um pelo outro, mas aquela fora a noite em que decidimos que queríamos passar o resto de nossas vidas juntos. Ela olhou para mim e sorriu e vi que ela havia passado maquiagem, seus olhos estavam contornados com maquiagem prateada e seus lábios estavam pintados de vermelho. A tinta prateada também estava em seu queixo, pescoço, mãos, formando flores, folhas e espirais que giravam em todas as direções e ela usava uma coroa de flores brancas e vermelhas.

Simon correu para ela imediatamente, exibindo seu poncho e sua coroa de folhas. O sorriso dela não podia ser descrito como nada além de um sorriso materno. Ela parecia uma deusa e o fogo do amor e desejo que eu sentia por ela pareceu intensificar-se.

~Lídia~

Quando vi Killian vindo em nossa direção com Adrian e os outros logo atrás eu sorri, tanto pela nostalgia quanto pelo olhar crítico e cristão que Adrian dava a tudo, ele estava tenso, prestes a explodir. Eu devia falar com ele. Admito que exagerei mais cedo, mas eu provavelmente não diria isso em voz alta.

Como imaginei, ele me puxou para um canto mais isolado, perto da cerca dos cavalos, parecia estressado e incomodado, como na noite de nosso noivado e me preparei para o pior.

-Você está, hum... Muito bonita. -Ele disse e agradeci polidamente. -Não acha esse vestido muito... Extravagante? -Lá vem!

-Não. -Respondi simplesmente.

-Me sinto ridículo com esses trajes.

-Não parece ridículo. -Eu disse e ele bufou.

-Eles te ensinaram a mentir ou você aprendeu sozinha? -Respirei fundo e fechei os olhos, puxei minhas costas até deixa-las com a postura ereta e abri os olhos.

-Se começar os insultos, está convidado a se retirar. -Ameacei. -Pode até me insultar, mas não admitirei que insulte minha fé. Gostaria que eu dissesse o que realmente penso do catolicismo? Acho que não.

-Certo, perdão, não quis ofender é só que... Isso é tudo muito estranho.

-Eu sei. -Respondi relaxando um pouco a postura. -Porque se pintou de verde, não prefere só assistir ao ritual?

-Não, eu aceitei ver se era o... Como era?

-Nosso terceiro.

-Isso! Aceitei testar se era mesmo o terceiro de vocês, vou até o fim.

-Quero que saiba que ainda poderá desistir, mas depois que o circulo for lançado, não terá mais volta.

-Círculo?

-Viu a mulher com quem nós conversávamos? Ela será a sacerdotisa do ritual, é parecido com um padre, quando ela abrir o círculo, chamará pelos elementos, água, fogo, terra e ar e chamará nossos deuses. Depois disso, você não pode desistir, terá de ir até o fim.

-Entendi. -Ele disse. -Você está mesmo muito bonita. -Sorri.

-Obrigada.

Mais tarde, quando o sol já se punha, a música começou e pessoas se revezavam para tocar e cantar enquanto as outras participavam das atividades Havia uma área com oito pessoas sentadas diante de toalhas de piqueniques, com todo tipo de artesanato sobre as toalhas. Em outro canto, barracas de comida com doces, frutas, assados e cozidos. No centro estava o mastro de Beltane com suas quilométricas fitas brancas e vermelhas e foi para lá que eu, Adrian e Killian seguimos, dançando e correndo, cada um segurando uma fita, ao ritmo do vento e da música e do crepitar da fogueira sendo acesa.

Arruinada ( #1 Duologia Arruinada)Onde histórias criam vida. Descubra agora