O meu simples eu

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Olá, este era eu, um garoto qualquer de treze anos, sabe aqueles garotos, os esquisitos, os quietos da sala, que ia bem nas matérias, mas não tinha amigos? Prazer, meu nome é Fernando. 

Desde então, minha vida tinha se tomado totalmente solitária, a não ser aos meus primos de convivência, porém, não era igual a uma amizade, eles tinham idades diferentes e a única coisa que nós aproximava era o fato de ser primos e vizinhos. Se não fosse por isso, eu seria aqueles garotos em que não tinha ninguém além dos pais, não que isso não tenha ocorrido durante um tempo, mas por enquanto não. 

Todo ano era a mesma coisa, passava janeiro com muita ansiedade para as aulas, quando começava eu queria que acabasse, pois novamente, não tinha amigos naquela sala, muitas vezes fazia uns colegas aqui e ali, porém, nada que conseguisse persistir as férias, parece que essa era uma época onde tudo acabava, nenhuma amizade nunca tinha conseguido permanecer após e nem durante as férias. Mas isso era só comigo, pois alguns já tinham se tornado amigos de infância, pois todo ano era a mesma coisa, retornavam e estudavam juntos, saiam passear nas férias, enquanto eu ali, passava as férias somente com minha família, normalmente assistindo televisão.

Mas não foi de total ruim essa parte de minha vida, também houve grandes alegrias, não que eu me lembre neste momento para aqui relatar, porém, deve ter algo, como por exemplo meu primeiro beijo, em que logo após levei um empurrão e naquele momento percebi que não sabia direito o que era a hora certa do beijo. Pois é, não é um grande exemplo de alegria, mas vamos entrar em consenso, foi uma das coisas mais positivas dessa época, foi a vergonha do mês, ainda me lembro das pessoas comentando sobre o caso. 

Tudo o que eu mais queria era uma amizade próxima para ter com quem conversar, trocar mensagens e ter que contar todas as novidades, realizar os dramas e enlouquecer com as paixões, alguém pra ir nas festas, que principalmente nessa idade, é o grande desafio.

Tinha que ter amigos para ser convidado para as festas, ou então conseguir ir nas festas públicas, pois quem iria sozinho?! Sim, eu, depois de um tempo acabei tirando todas essas ideias da minha cabeça e resolvi me divertir sozinho. Consegui? Na época sim, mas somente de me lembrar as coisas em que fiz já chega a corar me a face. Quantas festas acabei por ir sozinho, na esperança de encontrar alguém que eu conhecia e talvez conseguir me enturmar... 

Depois que acabei desistindo, acabava indo mais pela comida e foi quando fui chamado de gordinho pela primeira vez é que acabei percebendo o que estava havendo, depois de muitas vezes que esses apelidos carinhosos aconteceram, que para todos era uma forma inocente, porém, para mim aquilo feria a alma, a ponto de que somente comendo muito doce passava, mas logo após já me arrependia e acabava em por tudo pra fora novamente.

Era janeiro de 2008, lembro me de como os verões pareciam ser mais quentes, ao contrário do que a maioria dos cientistas apontam, de que está cada vez mais tendo altas temperaturas. Janeiro era o mês de ir a praia, como sempre com meus pais e alguns familiares, somente uns poucos dias e uma praia nem tanto bonita, somente para passar a impressão de que não passamos as férias inteira atoa em casa. Foram grandes verões, passava os dias pegando conchinhas que depois colecionava em casa.

Logo após, era tempo de ir nas cidades próximas para comprar o tão desejado material escolar, já que morava em uma cidade muito pequena e não tinha a opção de comprar logo ali, depois de todo trabalho, ainda restavam alguns dias para as aulas, então todo dia ficava tirando e vendo todas as coisas que comprei para aquele ano, na escola saiam as listas de cada classe, por mais que não tivesse grandes amigos, ia para ver quem iria estudar comigo e planejar as possíveis amizades deste ano, que se acabariam assim que as férias começassem. O que não foi diferente desta vez, algumas pessoas conhecidas e uns novos. Assim que as aulas começam, sempre tinha aquele momento de apreensão e ver onde vai sentar, normalmente se pretende estar o mais próximo possível daqueles em que deseja conversar e tem alguma afinidade. 

Almas que conversamWhere stories live. Discover now