Capítulo vinte e um.

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POR DERICK.

Era um momento difícil para um pai. Esperei o Lorenzo sair do hospital, voltar para casa e contar a minha descoberta. Não seria hipócrita de dizer que não sentir raiva de ser enganado por Sofia, afinal, nenhum momento faltou amor entre nós, pelo menos pensava assim.

Nunca saberia o porquê da sua traição e por isso não a julgaria. Todos tinham o nossos defeitos. Ela errou só uma vez e desse 'erro' foi concedido o Lorenzo, uma benção que chegou a minha vida.

Era muito jovem, um adolescente apaixonado, que sonhava casar e ter filhos com sua namorada. Quando o baque da noticia caiu sobre minhas costas, tive medo por dois dias. Medo de não ser o suficiente para uma criança que ia nascer em um mundo louco. Foi então que mudei, e foi para melhor. Passei ser um homem de verdade, ter minhas responsabilidades de um futuro pai.

Ajudei bastante Sofia em sua gravidez, era doloroso saber que a pessoa que eu amava poderia parti, para assim um ser que eu também já amava nascesse. A vida era cruel, eu cheguei a pensar que Deus não olhava por mim, não via o que eu fazia por ter minha família por perto.

Mas quem iria falar algo sobre minha atitude? De julgar o meu próprio Deus? Era uma fase angustiante para um menino com medo.

Mas aqueles nove meses com a Sofia, valeu por todo o nosso namoro. Ficamos mais próximos, amadurecemos. Quando ela se partiu foi como se sua missão na terra tivesse acabado e o meu apenas começado.

Cuidar do Lorenzo bebê foi prazeroso, ele parecia muito com a mãe, tinha todos os três jeitos. Educar uma criança era um papel difícil, imagina só para um jovem feito eu?

Mas hoje me orgulhava de ter conseguido criar um homem bom, com atitudes adoráveis.

Lorenzo nunca se pareceu muito comigo fisicamente, mas sim em suas atitudes e caráter.

Não foi a toa que nos encantamos por a mesma garota. Ah, minha Alicia. Foi triste trair meu próprio filho, mas sentir aquilo que eu sentia por aquela mulher só aconteceu uma vez na minha vida, jamais pensei que fosse sentir novamente. Joguei sujo, a seduzir sem deixar nenhuma escapatória. No fundo, eu sabia que o Lorenzo só estava admirado por aquela jovem linda, pois os seus olhares mais verdadeiros sempre foram para Carol, sua amiga de infância.

Ser perdoado por ele foi como se tivesse tirado pesos de mil anos de cima das minhas costas. Foi à única vez que eu errei com o meu filho, e doeu. 

Olhar para ele agora, sabendo que ia dizer algo que poderia mudar nossa relação me devastava. Não queria esconder aquilo, mas também seria errado não conta-lo. Desde o meu envolvimento com Alicia, prometi a mim mesma não esconder mais nada dele.

- Fala pai, está todo sério me olhando por um tempo, o que o senhor queria conversar comigo mesmo? - Perguntou jogando um travesseiro na minha direção que estava na sua cama.

Sentei em sua cama e o fitei.

- Lorenzo, saiba que isso que eu vou dizer não vai mudar nada na nossa relação. Espero que você me prometa isso, ok? Você promete para o pai que nada vai mudar entre nós?

- Assim você me assusta coroa.

- Apenas prometa - implorei.

- Eu prometo pai.

- Quando você sofreu o acidente, eu fui para o hospital e doei meu sangue para ajudar na sua recuperação, mas entre os exames pediram um teste de DNA... - uma lagrima caiu dos meus olhos - Eu não sei como dizer isso, é doloroso proferir essas palavras Lorenzo...

- Conta logo pai - pediu com a voz embargada.

- O DNA mostrou que não somos compatíveis

- Como assim?

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