Capítulo 1 - Os que foram e os que ficaram

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Pois vai aí o primeiro capítulo de "O preço da separação", esclarecendo essa é uma continuação direta de "O preço de um olhar", quem ainda não leu, leia o primeiro livro antes de continuar.

Muito obrigada a quem está acompanhando ate aqui, estou correndo atrás da publicação do primeiro livro acho que em breve terei notícias. E agradeço imensamente, pois sem vocês não teria chegado a tanto.

Por Laura

Eu acabara de botar os meus pés em Salvador. Pelo fato de a cidade ter sido a primeira capital do Brasil, posteriormente substituída pelo Rio ao perder parte da sua importância econômica com o declínio da cana de açúcar, a estada por lá poderia ser um prato cheio para eventuais passeios a uma pessoa que gostava de história tanto como eu. E seria uma viagem deliciosa para mim, se eu não me sentisse tão pouco disposta e tão triste.

Era estranho estar longe de casa, gostaria de estar mais animada, afinal eu poderia me encontrar com Marília, de quem eu sentia muita falta, e veria o meu tio Abelardo após quase 9 anos de separação, sendo que, pelo o que me lembrava, ele era muito bom comigo. Mas eu me sentia perdida, estava completamente incerta sobre a minha a vida. Meu coração doía tanto, e não podia mentir, eu sentia saudade das pessoas que deixara no Rio, e por "pessoas", refiro-me principalmente a Fernando. Enfim, na minha alma havia muito medo somado a uma ansiedade que não sabia ser positiva ou negativa.

A viagem de navio fora exaustiva e angustiante. O movimento do barco me fizera passar muito mal, além do mais, eu me sentia cansada, sozinha, entristecida e magoada depois de tudo que acontecera nos últimos tempos. As lembranças ruins perturbavam constantemente a minha mente.

Pelo menos, ao colocar os pés em terra firme, pude respirar fundo, eram novos ares, eu estava fisicamente distante daquele pesadelo, já que mentalmente ainda não conseguira afastar o sofrimento.

Fazia pouco tempo que eu tinha chegado quando um homem se aproximou. Ele era alto, devia ter em volta de1,80m, forte, jovem, mas não extremamente novo, aparentava ter entre 25 e 30 anos, não usava barba, possuía cabelos crespos bem cortados e uma pele escura que não chegava ser tão negra como a de algumas pessoas que eu conhecia e como a dos desconhecidos que estavam a minha volta naquele momento. Mesmo um pouco mais claro, ele era indiscutivelmente negro, tanto na tez como nos traços, ou mulato para ser mais exata. Ao observar o seu rosto, vi grandes olhos azuis brilhantes, o que trazia muito exotismo além de beleza a sua figura. Aquele homem sorria com sua boca grande, parecia extremamente empolgado como se me conhecesse:

- Xará! – ele disse contente com a sua voz forte.

Xará? Aquilo me trouxe lembranças muito antigas. A sua aparência não me era desconhecida, ainda mais com aqueles olhos exóticos e marcantes em seu rosto. Minha memória voltou uns dez anos no tempo, me fazendo lembrar do rapaz que nascera na São Bernardo, o meu amigo que me ensinara o caminho até a linda cachoeira da fazenda:

- Lauro? Não pode ser! Faz tanto tempo... – disse admirada ao reconhecê-lo.

- Nove anos, Laura. Nove anos. Você tá linda, tão mulher. Mas ainda tem o mesmo rosto da menininha esperta e levada daqueles dias – ele riu simpático.

- Meu Deus! – comentei levando a mão ao rosto, enquanto o meu coração se acelerava, aquela era uma surpresa muita boa.

- Me dá um abraço, xará. Faz tanto tempo, preciso abraçá-la – ele sorria encantado, não parecia haver nenhuma maldade em seu ser, e eu atendi ao seu pedido.

Trocamos um abraço apertado pelo reencontro de amigos que não se viam há quase uma década. Nós só nos separamos quando ouvimos outra voz masculina, só que essa, era mais doce que a de Lauro:

O preço da separação (degustação )Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ