Capítulo 3

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Eu estava assustada, com o coração acelerado. Eu não sabia o que realmente estava acontecendo. Será que era verdade ou apenas uma brincadeira de mau gosto? Eu não sabia, mas tinha certeza de que correria atrás. Não deixa nada escapar.

Meus pais só voltavam de noite do trabalho, por isso eu resolvi botar meu plano em ação: procurar a chave, achar o Mr. Bobinsk e voltar o mais rápido possível para a superfície.
Peguei tudo o que eu precisava no meu quarto: bolsa com coisas necessárias dentro, meu casaco e minha coragem. Durante esse tempo eu fiquei me perguntando onde estaria a chave. Foi aí que lembrei do local. O poço abandonado. Eu não sei como eu conseguiria pegá-la novamente, já que estava no fundo do poço.

Andei até o local do poço e ver se eu conseguiria fazer alguma coisa. Comecei a andar e fiquei com uma sensação de estar sendo observada... Mas eu não me importei e continuei seguindo em frente, quando vi o pequeno observador me seguindo. Era o gato, como sempre me acompanhando nas aventuras. Peguei ele no colo e o coloquei em uma das carroças de madeira que estavam cestas com frutas. Daí eu vi que a chave estava bem no meu rumo, na minha frente, ao lado do gato.

-Que estranho... Ela deveria estar no poço, eu acho. Passou tanto tempo assim?

Peguei a chave e comecei a procurar por uma passagem secreta. Ah, aquela porta pequenina da sala que dava para Otherland foi realmente murada. Eu já tentei de tudo pra fazê-la voltar ao normal, mas a vida tem seus limites. E com isso, estava procurando algo e me deparei com uma coisa estranha. Quando eu atravessava uma certa árvore que dava rumo ao poço, vi que havia algo diferente. Eu não sabia o que era, mas ela possuía um oco no tronco dela que cabia qualquer pessoa ou coisa. Olhei dentro dele e vi que a visão do poço na realidade era diferente da minha visão do poço dentro da árvore. Ele estava aberto e o gato não estava mais lá. Foi aí que resolvi tomar a decisão de entrar dentro da árvore. Pode parecer besteira mas foi a única maneira que encontrei. Além disso, sou curiosa e não deixo nada passar.

Entrei dentro e como num estalo eu estava em um local diferente, modificado não totalmente mas com modificações que são perfeccionistas. Resolvi andar pela região e encontrar a casa novamente. Durante a minha ida para a casa pela trilha, ouvi barulhos de galhos sendo quebrados. Me virei rapidamente para ver o motivo do barulho. Nada. Resolvi rondar a área do barulho e vi que alguém estava correndo para tentar fugir de mim

-Ei, volta aqui!

Ele não parou nem nada. Mas eu era mais rápida que ele e consegui alcançá-lo quando me joguei pra cima dele. Abri os olhos e vi que era Wybie. Fiquei confusa.

-Wybie? O que faz aqui? E como me encontrou?!
-Bem, eu estava indo te ver e vi que você não estava em casa e então resolvi te procurar pelas redondezas. Daí eu achei você dentro de uma árvore e fiquei confuso e resolvi entrar dentro dela também.
-E por que estava me seguindo dentro de uma árvore ainda por cima?
-Porque eu estava preocupado com você...

Me levantei imediatamente de cima dele e tirei a sujeita que a poeira tinha feito em mim. Depois da pequena conversa, disse para voltar para casa porque poderia ser perigoso. Mas como ele é teimoso, disse que aguentaria e que não tinha nada para fazer. Aceitei a péssima decisão dele e fomos juntos procurar a casa. Estávamos quase chegando perto quando me deparei na área dos jardins dos meus pais. As flores, a pequena ponte, tudo estava destruído e quebrado.

-Que estranho... Se ela me quisesse de volta isso estaria consertado novamente e muito melhor do que antes. Tem alguma coisa errada aqui.
-Seja o que for tem uma força brutesca. -completou Wybie.

Resolvi me adentrar na casa. Mas estava muito diferente. A casa estava feia e suja por fora, com um ar de desgaste e depressão. Eu estava mais confusa ainda do que eu estava no começo. A porta da entrada estava entreaberta e resolvi entrar. Chegando lá, comecei a tossir como se estivesse com tuberculose. Estava muito empoeirada e com várias teias de aranha nos cantos das paredes. As aranhas adoram um péssimo lar, como eu pude notar. Comecei a vasculhar pelos cômodos da casa e nada encontrei, até chegar na sala de estar. Havia um grande espaço em círculo que parecia ser uma área reservada.

-O que significa exatamente isso? -perguntou Wybie.
-Essa é uma pergunta que eu não sei te responder.

Olhamos ao redor e havia várias prateleiras com coisas medonhas dentro que pareciam estar sendo conservadas para algo. Aqui parecia ser minha sala de estar na minha verdadeira casa, mas eu não estava achando a porta que dava para o outro mundo. Será que é porque eu não havia entrado pela porta, e sim pela árvore? Não sabia o motivo, o porquê e nada. Estava muito mais confusa do que antes.

Estávamos pegando cada frasco e examinando um por um. Cada coisa medonha... Não era coisas como minhocas ou larvas e insetos. Eram coisas parecidas com órgãos. Órgãos de humanos ou animais é a pergunta que eu me faço. Seja o que for eu estava com um arrepio na espinha.

-Se você quiser, nós podemos ir embora Coraline. Eu sinto que você está meio confusa e pouco insegura com essa situação...
-Não Wybie. Obrigada mas eu trouxe você e eu para cá e é o meu dever nos tirar daqui e fazer o que eu vim fazer aqui.

De repente ouvimos um barulho de dentro da lareira. Resolvemos ver e verificamos que havia um botão que dava para alguma coisa. Apertamos e uma das paredes virou. Quando eu vi a imagem na minha mente, me arrepiei por inteira. Eu não estava acreditando naquilo. Mr. Bobinks estava acorrentado na parede inconsciente e parecia estar com manchas roxas pelo seu corpo. Resolvi correr e puxar o pulso de Wybie, mas eu não sabia onde estava a mão dele. E quando pensei nele, vi ele desmaiado no chão. Fui começar a gritar por ajuda ou começar a fugir, mas uma mão me pegou pela cintura e colocou um pano com um líquido dormente. Desmaiei na hora. Meu desespero foi para além da minha mente. A única coisa que consegui emitir foi o nome Wybie...

Coraline e a Volta ao Mundo SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora